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Hollande submete-se a voto de confiança crucial

O mais liberal dos governos do Presidente francês vai a votos no parlamento. Há socialistas que ameaçam votar contra.

15 de Setembro de 2014 às 18:54
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Socialistas desaguisados, popularidade em mínimos históricos, economia estagnada, défice e desemprego que teimam em não regredir: o Presidente François Hollande e o seu primeiro-ministro Manuel Valls submetem nesta terça-feira o novo Governo francês a um voto de confiança crucial do parlamento, no meio de uma tempestade perfeita que poderão conseguir suavizar, mas dificilmente evitar.

 

Não obstante a ameaça de voto de protesto vinda das próprias fileiras do PS – alguns deputados acusam Hollande e Valls de terem "dobrado a espinha dorsal do socialismo" –  o novo Executivo deverá conseguir obter a renovação do apoio parlamentar, ainda que por uma margem escassa.

 

Se a moção fosse chumbada, "muitos deputados da esquerda perderiam o cargo de um dia para o outro. Que eu saiba, os perus não votam a favor do Natal, pelo que os deputados farão de tudo para que o voto de confiança seja aprovado - no limite, mas aprovado", antecipa o analista político Thomas Guénolé, citado pelo RFI.

 

Remodelado em Agosto para afastar as vozes mais críticas da viragem política operada em Paris, o novo Governo tem três novos ministros mas o rosto da mudança está na pasta da Economia: no lugar de Arnaud Montebourg, cujas críticas à orientação das políticas precipitaram em Agosto a demissão de um Governo com apenas seis meses de vida, está agora Emmanuel Macron.

 

O até agora conselheiro económico de Hollande é um genuíno adepto de um rumo mais liberal para a segunda maior economia do euro. "Cuba sem sol" foi como qualificou a França após Hollande ter avançado com a taxa marginal de imposto de 75% sobre as maiores fortunas, entretanto chumbada pelos juízes do Supremo Tribunal. Pouco antes de tomar posse, Macron defendeu ainda a possibilidade de as empresas negociarem com os seus trabalhadores uma semana de trabalho superior ao limite legal de 35 horas – uma das últimas conquistas socialistas, implementada no virar do século.

 

Manuel Valls não estava obrigado a pedir um voto de confiança para legitimar a sua nova equipa, mas decidiu fazê-lo porque, logo a seguir, terá de apresentar a proposta de Orçamento do Estado para 2015 e ainda antes, em 28 de Setembro, há eleições para renovar parte do Senado. "É melhor que as coisas sejam clarificadas", argumentou o porta-voz do governo, Stéphane Le Foll.

 

O voto de confiança surge numa altura em que a popularidade de Hollande e de Valls continua em queda livre, embalada pela degradação do mercado de trabalho (o número de desempregados aumentou em Julho pelo nono mês consecutivo) e pela estagnação da economia, que levaram o Governo a anunciar que, uma vez mais, não conseguirá cumprir a meta de 3% para o défice prometida a Bruxelas para 2015 – só em 2017. Numa sondagem recente encomendada pelo jornal Le Figaro, o presidente aparece com uma taxa de aprovação de apenas 13%, um recorde absoluto de impopularidade para um inquilino do Eliseu. Valls, por seu turno, merece agora a aprovação de 30% dos franceses, quando tinha 46% ainda em Abril quando assumiu a chefia do Governo.

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