A Grécia deverá apresentar esta quarta-feira, 29 de Abril, às instituições credoras um projecto com as medidas que pretende implementar, segundo uma fonte do Governo de Atenas, citada pela Reuters. Estas propostas vão ser debatidas hoje em conselho de ministros, deverão ser aprovadas e enviadas aos credores. Com este acto, Atenas pretende mostrar que está de facto empenhada em assegurar um acordo que liberte ajuda financeira – a última tranche é no valor de 7,2 mil  milhões de euros.

O documento que vai chegar hoje às mãos dos credores não deverá ter grandes diferenças face àquilo que foi já discutido com as instituições credoras, de acordo com a fonte da Reuters. Porém, deve incluir propostas de medidas concretas para travar a corrupção e a evasão fiscal no país. Para travar a corrupção e a evasão fiscal, o Governo de Alexis Tsipras propõe reformas na administração pública e fiscal, impostos sobre os direitos de transmissão televisivos e sobre a publicidade na televisão. Além disso, está em cima da mesa uma proposta que pretende que seja exigido aos turistas que paguem despesas ou compras acima de 70 euros com cartão de crédito de forma a evitar a evasão fiscal.

As questões que têm levantado mais desacordo entre Atenas e as instituições estão relacionadas com pensões e as reformas no mercado de trabalho. Uma fonte da Reuters avançou que o Governo helénico pode recuar em matéria de aumento do salário mínimo - uma das grandes bandeiras eleitorais do Syriza.

Atenas tem de reembolsar cerca de mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em Maio. Por isso, Atenas tenta alcançar um acordo antes de ficar sem dinheiro para honrar os seus compromissos.

Entretanto, o "Grupo de Bruxelas", que incluí as equipas mais técnicas da Grécia e das instituições credoras, vão reunir-se esta quinta-feira, 30 de Abril, durante a manhã para debater os progressos das negociações, de acordo com fonte do Governo grego, citada pela Bloomberg. Estes elementos do Governo helénico assumiram ainda que a convocatória para o encontro de amanhã vai ser feita às 13h30, hora de Lisboa, e que Atenas está optimista que um acordo vá ser alcançado em breve.

O optimismo de Atenas tem vindo já a público nos últimos dias. Ainda no início da semana, numa entrevista, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras defendeu que Atenas e os parceiros estão "próximos" de fechar um acordo. Esta terça-feira, 28 de Abril, o primeiro-ministro grego, garantiu que promoverá a realização de um referendo se um eventual acordo com os credores for atingido e se este ultrapassar o mandato atribuído pelos eleitores gregos ao Syriza nas eleições de 25 de Janeiro último.

"Se no final tiver um acordo que me coloca nos limites, não vou ter outra solução. O povo vai decidir, obviamente sem eleições, quero tornar isso claro", afirmou Tsipras numa entrevista concedida ao canal televisivo Star TV. Portanto, Tsipras promete referendar um eventual acordo que venha a ser alcançado com os credores.

Também esta terça-feira, o líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, garantiu que a remodelação da equipa negocial responsável pelas conversações com os credores não é suficiente para resolver o actual problema, ainda que admita que possa ser positiva. Disselbloem assegura que "a Grécia não vai superar a crise sem novos empréstimos, é esta a realidade".

(Notícia actualizada às 13h19 com a informação que o Grupo de Bruxelas reúne-se amanhã)