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França garante que orçamento da Zona Euro é "não negociável"

Em entrevista ao Financial Times, o ministro francês das Finanças afirma que para a França a criação de um orçamento comum na Zona Euro é uma questão "não negociável". Bruno Le Maire lamenta a oposição feita por um grupo de 12 países da UE e acusa-os de "má-fé".

Reuters
26 de Junho de 2018 às 11:34
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Continuam a mover-se as peças no xadrez europeu antes da cimeira europeia desta semana em que será discutida a reforma da Zona Euro. Perante a oposição de um conjunto de 12 países à criação de um orçamento comum no bloco do euro como proposto pelo eixo franco-alemão, o ministro francês das Finanças afiança que essa intenção é "não negociável" para França.

 

Numa entrevista concedida ao Financial Times publicada esta terça-feira, 26 de Junho, Bruno Le Maire defende que a declaração conjunta de Berlim e Paris, que foi formulada na semana passada, é indispensável para que a Zona Euro possa estar melhor preparada para enfrentar novas crises financeiras. Le Maire sustentou ainda que as medidas propostas são necessárias para combater o populismo.

 

Nesse sentido, o governante gaulês insta os Estados-membros a não se oporem ao aprofundamento da união económica e monetária enquanto moeda de troca na disputa em curso sobre a alteração à lei migratória e às regras de asilo na União, um tema que estará também em discussão no Conselho Europeu dos próximos dias 28 e 29.

 

Na sequência do anúncio do roteiro franco-alemão para a reforma da UE e reforço da integração da Zona Euro, um grupo de 12 Estados-membros, liderado pela Holanda, veio a terreiro opor-se às pretensões dos governos liderados por Angela Merkel e Emmanuel Macron.

 

Para Le Maire, as críticas formuladas numa carta assinada pelo ministro holandês das Finanças mostram a "má-fé" destes países relativamente às propostas de aprofundamento do bloco do euro.

 

"O status-quo é impossível. Um orçamento comum é algo que não é negociável para França", disse Bruno Le Maire ao FT considerando que as reformas propostas são prementes devido a razões políticas e financeiras, sendo indispensável garantir que a Zona Euro prepara para enfrentar novos choques financeiros. "Defender o status-quo é alimentar o populismo", critica.

 

O grupo de países, genericamente do norte europeu, que além da Holanda inclui ainda a Irlanda, a Áustria, a Finlândia ou o Luxemburgo não se mostra convencido da bondade nem da necessidade de avançar com as medidas inscritas na declaração conjunta feita há uma semana pela chanceler alemã e pelo presidente francês.

 

Porém, no entender de Bruno Le Maire são muito distintas as críticas feitas por aqueles países, que diz não ser um grupo unido. O ministro francês nota que enquanto a Holanda rejeita na substância a ideia de dotar a área da moeda única de capacidade orçamental, países como a Irlanda ou o Luxemburgo não se opõem a esta pretensão, antes pelo contrário, apresentam é reservas quanto às medidas de convergência orçamental.

Numa carta enviada ao Eurogrupo, o ministro holandês das Finanças, Wopke Hoekstra, defende que em vez de criarem um orçamento os países do euro deviam apostar em políticas de consolidação orçamental. Le Maire rejeita esta ideia e lembra que Irlanda e Espanha foram atingidos pela crise das dívidas soberanas apesar de na altura não enfrentarem problemas graves de desequilíbrio das contas públicas. Seja como for e face ao aproximar de uma cimeira europeia que se espera decisiva, o ministro de Macron insta os países críticos a apresentarem "melhores propostas".


A confirmar a divisão sobre este assunto, o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, dirigiu ontem uma missiva a Donald Tusk, presidente do Eurogrupo, sinalizando que
"persistem diferentes pontos de vista sobre a necessidade e eventuais características de um orçamento da zona euro para a competitividade, convergência e estabilização na união económica e monetária".


A correr em paralelo, mas a influenciar esta discussão sobre o reforço da integração no seio do euro, a discussão em torno da política migratória europeia e acerca das regras de asilo está novamente a marcar a agenda europeia, um reacender promovido pelo novo governo italiano e pelo populista ministro do Interior, Matteo Salvini, e também pelas divisões no executivo germânico com o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, a exigir que a chanceler Merkel consiga alcançar uma "solução europeia" para o problema.

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