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Conte ameaça vetar acordo sobre migração. Merkel diz que está em causa destino da UE
No arranque para um Conselho Europeu repleto de temas sensíveis, o primeiro-ministro italiano avisou que Roma pode vetar um acordo sobre migração se não houver demonstração de solidariedade. Já a chanceler alemã alerta que "a migração pode determinar o futuro da Europa".
Muitos e quentes são os dossiês que vão ser tratados pelos líderes europeus que se reúnem esta quinta e sexta-feira em Bruxelas. E as declarações feitas à chegada ao Conselho Europeu confirmam as divisões entre as capitais europeias, nomeadamente na questão da política migratória e da reforma da Zona Euro.
Numa carta enviada ainda ontem pelo presidente do Conselho Europeu aos líderes europeus, Donald Tusk notava que "o debate sobre migrações tem-se tornado cada vez mais quente". E esta manhã, à chegada à cimeira, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, avisou que é real a possibilidade de Roma vetar eventuais conclusões que venham a ser alcançadas se as mesmas não mostraram um compromisso solidário no acolhimento de requerentes de asilo. Conte exige "acções concretas".
O presidente francês, Emmanuel Macron, que logo após chegar a Bruxelas se reuniu à margem do Conselho com os líderes dos quatro países do grupo de Visegrado (Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia), preferiu lembrar que há dois caminhos possíveis: "ou queremos soluções nacionais ou acreditamos em soluções europeias e na cooperação".
Macron notou que por ele vingará uma via multilateral que permita reforçar a cooperação no âmbito dos acordos já existentes que, por sua vez, precisam ser melhorados.
Por sua vez, a chanceler alemã Angela Merkel, que antes de partir para a capital belga falou no Bundestag, defendeu esta manhã que "a Europa tem muitos desafios mas a migração pode acabar por determinar o destino da Europa". Para Merkel nesta cimeira "ou vai ou racha", ou seja, a chanceler considera que esta é última hipótese de a União Europeia alcançar um acordo sobre a questão relacionada com a política migratória e as regras europeias de asilo.
E quanto às propostas da Comissão Europeia com vista ao estabelecimento de centros de desembarque fora da UE, Merkel lembra que tais opções não podem nem devem ser tomadas à revelia e sem a participação desses países terceiros, designadamente no norte de África.
Defendendo esta via, Donald Tusk reiterou esta manhã que a diminuição de 96% desde 2015 do fluxo migratório para a UE foi conseguido "unicamente porque decidimos cooperar com países terceiros", uma alusão ao acordo estabelecido com a Turquia.