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A “dama de ferro” que admira o trabalho de Merkel e que quer pôr a Lituânia no euro

Apesar da crise do euro, a presidente da Lituânia afirma nunca ter tido dúvidas de que a melhor opção é integrar a moeda única. Em entrevista ao “Spiegel Online”, Dalia Grybauskaite defende que o problema de alguns países do euro está relacionado com a “incapacidade dos políticos responderem aos desafios”. E lança elogios a Merkel, capaz de fazer "qualquer trabalho".

26 de Abril de 2013 às 17:59
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Os jornalistas europeus chamam-na de “dama de ferro”. A política lituana que herdou o cognome da britânica Margaret Tatcher quer colocar a Lituânia no euro. Nem o sentimento anti-União Europeia nem a crise a demovem dessa ideia.

 

“Não”, é a palavra que Dalia Grybauskaite utiliza para responder à pergunta do “Spiegel Online” sobre se a actual crise a fez pensar em abandonar a ideia de integrar a Lituânia na união monetária.


“Para uma pequena economia aberta que comercializa predominantemente com a Zona Euro, faz todo o sentido que faça parte da união monetária. A nossa moeda está indexada ao euro desde 2002. Não temos uma política monetária independente. Somos regulados pelo Banco Central Europeu, em Frankfurt, mas não temos capacidade para colher todos os frutos”, indica Grybauskaite na entrevista hoje publicada.


A Lituânia quer integrar o euro em Janeiro de 2015, depois de a sua vizinha Letónia já ter assinado o pedido oficial para ser o 18º membro da união no próximo ano. A Estónia já o é. “As nossas empresas querem poupar nos custos de transacção”, justifica a presidente lituana, cinto negro em karaté, de acordo com a revista "Time" - uma das razões que lhe deu a alcunha.

 

Para a lituana com estudos universitários em Economia, a crise actual justifica-se muito pelos próprios Estados, que estão a passar dificuldades devido às “políticas económicas e orçamentais irresponsáveis”.

 

Essa era uma questão que a política, de 57 anos, já tinha frisado anteriormente, nomeadamente numa entrevista à televisão alemã Deutsche Welle, quando disse que não se pode culpar o euro “se um país não for capaz de tomar decisões políticas responsáveis”. Há, na sua opinião, uma “incapacidade de os políticos responderem aos desafios”. Dalia Grybauskaite não tem medo da austeridade.

 

Alemanha é que paga resgates

 

“Nos Estados bálticos, depois de 2009, tivemos de implementar medidas de austeridade muito radicais. Na Lituânia, consolidámos 12% do produto interno bruto (PIB) em dois anos. Cortámos 20% dos salários e 10% das pensões. O nosso ajustamento foi bastante mais profundo do que aquele que se vê no Sul da Europa. E agora vemos um crescimento dois anos depois”, disse à edição online do “Spiegel”.

 

Sobre as palavras de Durão Barroso, que alertou para o perigo de se estar a atingir o “limite” em relação à austeridade, Dalia Grybauskaite mostrou-se bastante compreensiva com a política implementada pela Alemanha. “Temos de compreender a situação do povo alemão. São responsáveis por pagar, em grande medida, estes resgates. Não posso imaginar um chefe de Governo de um país nessas condições não pedir certas condições. É legítimo que Berlim siga esse caminho”, concluiu.

 

“Em quatro anos no Conselho [Europeu], nunca senti que [Angela Merkel] ignorava os interesses dos Estados mais pequenos”, disse aquela que é a presidente da Lituânia desde 2009. É à publicação germânica que a “dama de ferro” lituana diz que Angela Merkel se “interessa por tudo e se sente responsável por tudo”. “Ela sabe exactamente quanto custa cada medida na Alemanha”.

 

Neste aspecto, a chefe de Estado da Lituânia considera que não há um sentimento anti-alemão mas sim anti-União Europeia. "A Alemanha está a representar a UE porque paga os resgates e define as condições. Antes, os alvos eram as instituições de Bruxelas. Agora é Merkel". “Mas uma coisa é preciso relembrar: se nao fosse a Alemanha, estes países estariam na bancarrota”, diz.

 

Os elogios à postura política da chanceler alemã prolongam-se até ao fim da entrevista ao jornal germânico. “Angela Merkel daria uma boa presidente da União Europeia?” “Ela seria boa em qualquer lado”.

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