Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Holanda: Derrota histórica dos socialistas abre porta à saída do presidente do Eurogrupo

Jeroen Dijsselbloem estará prestes a perder os seus dois empregos, em Haia e em Bruxelas, mas ainda há margem para negociação.

Reuters
16 de Março de 2017 às 13:03
  • 22
  • ...
O PvdA, partido socialista e parceiro júnior da ainda coligação governamental liderada pelo VVD, partido de centro-direita que se manteve como o mais votado na Holanda, foi o maior derrotado nas eleições desta quarta-feira.

A circunstância de o PvdA estar desde 2012 à frente do Ministério das Finanças, de onde saiu o essencial das medidas de austeridade aplicadas nos últimos anos, poderá ajudar a explicar o desaire eleitoral.

Os resultados já apurados apontam para que os socialistas passem a ter apenas nove deputados no novo parlamento, quando eram até agora a segunda maior força, com 38 assentos.

Para passar no crivo parlamentar, o novo executivo precisa de contar com o apoio de, pelo menos, 76 deputados num total de 150. Com os votos praticamente contados, uma coligação entre VVD do primeiro-ministro Mark Rutte (33), os liberais do D66 (19) e os cristãos-democratas da CDA (19) fica ainda coxa, ao totalizar 71 assentos. Os nove deputados do PvdA seriam suficientes para quadrar as contas, mas é provável que fiquem de fora do xadrez.

O líder do partido, Lodewijk Asscher, disse ontem ser tempo de "lamber as feridas", o que sugere que vai abandonar o cargo e que, após ter sido igualmente "pasokizado", o PvdA deverá ficar de fora das negociações da futura coligação governamental.

Isso significa que Jeroen Dijsselbloem está de saída do Ministério das Finanças e pode perder também o emprego de presidente do Eurogrupo, cargo para o qual foi eleito em 2013 e reeleito em Julho de 2015. O seu segundo mandato de dois anos e meio termina, assim, no início de 2018.

Embora o posto tenha sido inicialmente pensado para um ministro das finanças do euro em exercício não é claro que essa circunstância seja determinante para forçar uma saída prematura, até porque já há algum tempo que se fala da vantagem de nomear de um presidente a tempo inteiro para o Eurogrupo.

O próprio Dijsselbloem tem dado sinais de que estará disposto a permanecer. "É desejo de Dijsselbloem manter os dois cargos, o de ministro das Finanças e o de presidente do Eurogrupo", disse recentemente o porta-voz do Eurogrupo, Michel Reijns, ao Politico. "O primeiro depende dos resultados das eleições holandesas. Quanto ao segundo, o mandato termina em Janeiro de 2018 e ele gostaria de ficar até ao fim". O assunto deverá ser informalmente debatido na segunda-feira, na próxima reunião dos ministros das Finanças do euro.

Citado pela Lusa, um responsável do Eurogrupo explicou esta tarde que, juridicamente, Dijsselbloem poderá concluir o seu mandato, mesmo não sendo já ministro das Finanças do seu país, já que "o que as regras actuais dizem é que um candidato [à presidência do Eurogrupo] tem que ser ministro das Finanças", o que sucedia quando o holandês concorreu, em meados de 2015, ao segundo mandato, batendo o ministro espanhol Luis de Guindos.

Na semana passada, por ocasião da reeleição do presidente do Conselho Europeu durante uma cimeira em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu uma mudança "rápida" na liderança do Eurogrupo. A escolha do presidente do conselho de ministros das Finanças do euro faz-se por maioria simples. À espreita do cargo tem estado o espanhol Luis de Guindos e o francês Michel Sapin.

(notícia actualizada às 17h00 com declaração de responsável do Eurogrupo)
Ver comentários
Saber mais Eurogrupo eleições PvdA Holanda Jeroen Dijsselbloem Luis de Guindos Ministério das Finanças
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio