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Mark Rutte: Holanda disse ‘basta’ ao lado errado do populismo
Com 95% dos votos contados confirmam-se as projecções divulgadas após o fecho das urnas: o partido de centro-direita do primeiro-ministro Mark Rutte venceu as eleições, relegando a extrema-direita de Geert Wilders para a segunda posição.
"Parece ser a terceira vez consecutiva que o VVD é o maior partido da Holanda", disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, assim que começaram a ser divulgadas as primeiras contagens de votos das eleições legislativas realizadas na quarta-feira e que colocaram o seu partido na "pole position".
"Já recebi imensos telefonemas dos meus colegas europeus. Esta é a noite em que a Holanda, depois do Brexit e de Trump, disse ‘basta de estarmos do lado errado do populismo", acrescentou o governante, citado pelo The Guardian.
Nota ainda para a confirmação dos ecologistas de Jesse Klaver (GL) como o partido que mais sobe, passando de quatro para 14 mandatos. Por fim, nota ainda para a confirmação da "pasokização" dos trabalhistas (PvdA, partido minoritário da coligação de Governo), que deixam de ser a segunda maior força do país ao eleger apenas nove deputados.
É indicado por este partido da actual coligação que Jeroen Dijsselbloem ocupa o cargo de ministro das Finanças da Holanda e, por essa via, a presidência do Eurogrupo. Uma posição entre os titulares da Finanças do euro que fica ameaçada a partir de agora, com a redução de peso político do PvdA nas eleições.
O resultado segue, assim, dentro do estimado. Todas as projecções à boca das urnas, divulgadas logo após o fecho das assembleias de voto (20:00 em Lisboa) coincidiram na atribuição da vitória ao VVD, o partido de centro-direita do primeiro-ministro Mark Rutte.Netherlands (95% counted):
— Europe Elects (@EuropeElects) 16 de março de 2017
VVD-ALDE: 21.4%
PVV-ENF 13.1%
CDA-EPP 12.5%
D66-ALDE 12%
SP-LEFT 9.7%
GL-G/EFA 9%#DutchElections #TK17 pic.twitter.com/J5gtrl1G5I
O actual partido maioritário da coligação que governa a Holanda terá, segundo a projecção da estação estatal NOS, alcançado 31 assentos no Parlamento, ainda assim uma importante quebra face às legislativas de 2012 em que elegeu 41 deputados.
Ao contrário do que chegou a ser temido em várias capitais europeias, a força de extrema-direita e anti-islão liderada por Geert Wilders (PVV) não só não venceu, como não terá ido além dos 19 deputados. Também com 19 deputados terão ficado democratas-cristãos (CDA) e liberais (D66).
Do lado dos vencedores há ainda que realçar os 16 assentos conquistados pelos Verdes (GL) do carismático líder Jesse Klaver, que há cinco anos se tinha ficado por somente cinco deputados.
Porém, o grande derrotado foi mesmo o PvdA (trabalhistas e até aqui o partido mais representativo do centro-esquerda). Esta força júnior da coligação governativa terá eleito apenas nove deputados, perdendo 29 em relação a 2012. Por outro lado, destaque ainda para a forte participação eleitoral, que segundo a projecção do Ipsos (divulgada por volta das 21:00 em Lisboa) terá ascendido a 82%, a maior afluência às urnas em 31 anos.
Tendo em conta as projecções e o facto de nenhuma força se aproximar sequer dos 76 assentos necessários para alcançar a maioria, haverá agora negociações entre os 13 partidos com assento parlamentar (mais dois do que até aqui). Mas nesta altura é ainda difícil antecipar o resultado final das conversações que terão lugar a partir do momento em que os resultados forem finais.
À partida já se sabe que VVD e PvdA não conseguem reeditar a actual coligação, necessitando de acordos adicionais para chegar aos 76 deputados. Sendo que há também a possibilidade de o VVD de Rutte tentar negociar uma coligação de direita, tal como a que governava antes das eleições antecipadas de 2012, provocadas depois de Wilders ter saído dessa solução de Governo. Contudo, mesmo o bloco tradicional da direita - VVD, PVV e CDA - apesar de manterem a soma de deputados de 2012 (69 assentos), não basta para alcançar uma maioria estável.
Difícil ou mesmo impossível é um cenário de governo das esquerdas, já que o bloco da esquerda deverá - PvdA, Verdes (GL) e SP (ex-comunistas) - somar só 39 deputados, perdendo 18 assentos relativamente às legislativas de há cinco anos.
(notícia actualizada pela última vez às 10:25 de quinta-feira, 16 de Março, com 95% dos votos contados)