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Estado da União 2023: Bruxelas vai investigar subsídios a carros elétricos vindos da China
Ursula von der Leyen deixou ainda a nota de que é "igualmente vital manter linhas abertas de comunicação e diálogo com a China". A líder da Comissão Europeia anunciou também o reforço do apoio à Ucrânia, mas sem deixar clara o caminho para a adesão do país à UE.
Ursula von der Leyen anunciou que a Bruxelas irá lançar uma investigação aos subsídios para carros elétricos vindos da China. "A Europa está aberta à competição, mas não para uma corrida para o fundo. Temos que nos defender contra as práticas injustas. Mas igualmente é vital manter linhas abertas de comunicação e diálogo com a China porque há também assuntos em que podemos e temos que cooperar", afirmou a líder da Comissão Europeia no discurso do Estado da União.
"Os mercados globais estão agora inundados com carros elétricos chineses mais baratos. E o seu preço é mantido artificialmente baixo por enormes subsídios estatais. Isto está a distorcer o nosso mercado", afirmou.
Von der Leyen lembrou também que se irá realizar uma cimeira UE-China até ao final do ano e defendeu que estamos a assistir ao "nascimento de uma união geopolítica" através do apoio à Ucrânia perante a invasão russa e também com a resposta a uma "China assertiva".
Antes de fazer aquele que foi o seu último discurso deste mandato, von der Leyen foi recebida pelos cumprimentos de vários eurodeputados presentes na sessão em Estrasburgo. Dez minutos depois da hora agendada, subiu ao púlpito e começou por lembrar as eleições europeias que se avizinham. "Será o momento de decidir que tipo de futuro e que tipo de Europa pretendem", defendeu.
Lembrou também aqueles que votarão pela primeira vez, os jovens que, "quando estiverem na cabina de voto, vão pensar no que é importante para eles". "Vão pensar na guerra que grassa nas nossas fronteiras ou no impacto das destrutivas alterações climáticas. Sobre a forma como a inteligência artificial irá influenciar as suas vidas. Ou nas suas hipóteses de conseguir uma casa ou um emprego nos próximos anos", enumerou.
Inflação e pedido a Mário Draghi
A líder da Comissão Europeia lembrou a inflação caracterizando-a como um dos principais desafios económicos da UE e sublinhou a "persistência" do BCE nos esforços que estão a ser feitos para responder à subida dos preços.
Ainda em relação à vantagem competitiva da União, von der Leyen escolheu destacar a velocidade da transição digital nos Estados-membros por força dos fundos europeus, mas lembrou os riscos desta mudança.
"Os Estados-membros utilizaram esses investimentos para digitalizar os seus cuidados de saúde, os seus sistemas de justiça e as suas redes transpostas. Ao mesmo tempo, a Europa tem estado na vanguarda da gestão de riscos do mundo digital", sublinhou.
Apoio aos ucranianos será alargado
A líder da Comissão Europeia persiste na condenação da invasão do território ucraniano e aproveitou para anunciar um alargamento da proteção aos refugiados vindos da Ucrânia. Von der Leyen diz que será proposto um reforço do financiamento em 50 mil milhões de euros durante os próximos quatro anos. "O nosso apoio à Ucrânia vai perdurar o tempo necessário", defendeu.
Em relação ao alargamento da União à Ucrânia, von der Leyen pôs em cima da mesa a possibilidade de alterar os tratados de modo a permitir mudanças no seio da organização, apesar de considerar que o grupo não devia "esperar a alteração do tratado para avançar com o alargamento". "A boa notícia é que com cada alargamento demonstrámos a quem dizia que seriamos menos eficientes que estavam errados", defendeu.
Von der Leyen quis também lembrar a "obrigatoriedade" de demonstrar "a mesma unidade sobre África que a UE demonstrou sobre a Ucrânia". "A Rússia está a influenciar e a beneficiar do caos e a região está a tornar-se um terreno fértil para o aumento do terrorismo" no continente, insistiu.
Concluiu o seu discurso referindo que o "futuro da Europa está dependente das escolhas que forem feitas hoje" reiterando que os europeus procuram uma "União que os defenda numa época de competição entre as grandes potências".