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Projecções: 5 Estrelas vence eleições em Itália e ninguém consegue maioria

Fechadas as urnas em Itália, as primeiras projecções confirmam o que já apontavam as sondagens: o Movimento 5 Estrelas é o partido mais votado nas legislativas em Itália, com uma votação em redor dos 30%. A aliança de direita terá obtido mais lugares, mas fica longe da maioria.

Di Maio, de 31 anos, é o candidato a primeiro-ministro do 5 Estrelas Reuters
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O Movimento 5 Estrelas, de Luigi di Maio, foi o partido mais votado nas eleições legislativas em Itália, apontam as projecções à boca das urnas que indicam ainda que nenhuma coligação (centro-esquerda e centro-direita) terá conseguido os votos suficientes para formar um governo com apoio da maioria do parlamento.  

 
As projecções da RAI apontam para uma votação entre 29% a 32,5% para o partido fundado pelo comediante Beppe Grilo, que ainda assim fica longe da maioria que os peritos pode ser alcançada a partir de cerca de 40%. Esta é a primeira eleição com a nova lei eleitoral (Rosatellum), que mistura os sistemas proporcional e uninominal. 

O Partido Democratico (PD) de Matteo Renzi terá ficado com 20,5% a 23,5%, uma enorme queda face aos cerca de 30% alcançados em 2013. Tendo em conta as projecções, Renzi surge como o principal derrotado da noite eleitoral. O Político escreve que o resultado foi "humilhante", ficando atrás do 5 Estrelas e da aliança de direita. 


A coligação de centro-esquerda, liderada por Renzi e que conta com outras forças de centro e centro-esquerda como o +Europa de Emma Bonino, fica muito distante dos 316 assentos na Câmara dos Deputados (câmara baixa) que garantem a maioria absoluta, elegendo entre 115 e 155 parlamentares.

Já o Forza Itália (FI), partido de Silvio Berlusconi, terá obtido entre 12,5% a 15,5%, uma votação idêntica (ou ligeiramente inferior) à registada pelo Liga Norte de Matteo Salvini. A aliança de centro-direita (entre 225 e 265 assentos) - inclui o partido do antigo primeiro-ministro, a Liga de Salvini (extrema-direita) e outros partidos de direita entre os quais o Irmão de Itália de Girgia Meloni, também falha a maioria, pois as projecções da RAI apontam para uma votação conjunta entre 33% a 36%. Ou seja, ainda longe dos 40% que poderiam dar a maioria à direita.

Com estes resultados não existe uma solução imediata à vista para a formação de um Governo com o apoio maioritário nas duas câmaras (as projecções mostram que no Senado as votações são proporcionalmente semelhantes). Um desfecho que já se adivinhava tendo em conta as sondagens, a elevada dispersão de votos e uma lei eleitoral que agrava a já histórica dificuldade do sistema italiano em produzir maiorias.

 

Os votos dos italianos mostram também o que muitos temiam: um forte apoio aos partidos anti-sistema (como sugere a vitória do 5 Estrelas) e de extrema-direita (a Liga Norte arrisca ter mais votos que o partido de Berlusconi e o partido de Meloni também garante uma boa votação).

 

Estes números são apenas projecções e os resultados finais só serão conhecidos amanhã e podem diferir das projecções realizadas à boca das urnas. Além disso, o novo sistema eleitoral pode baralhar ainda mais as contas. Os números finais poderão ser conhecidos ao início da noite desta segunda-feira.

"Seremos um pilar da legislatura", afirmou um sorridente Alfonso Bonafede, aliado de Di Maio, que é o candidato do 5 Estrelas ao cargo de primeiro-ministro. "Se este resultado estiver certo, para nós é uma derrota e iremos para a oposição", afirmou Ettore Rosato, do Partido Democrático.

 


As alianças possíveis

 

Não havendo maioria absoluta de nenhum dos partidos, terão de ser formadas coligações. E aqui os cenários são múltiplos, podendo até ocorrer alianças cruzadas, pois os partidos que estão em coligações pré-eleitorais podem agora agora juntar-se a outros.

O 5 Estrelas pode aliar-se ao PD ou mesmo à Liga de Salvini. Uma aliança com o partido de Renzi tenderia a moderar o partido de Di Maio, enquanto um acordo com a Liga representaria algo completamente imprevisível. 

As projecções parecem apontar para que uma aliança entre o partido fundado por Grilo e a Liga Norte e o Irmão de Itália teria a maioria no Parlamento. São todos partidos anti-Europa, embora o 5 Estrelas tenha deixado cair a ideia de retirar Itália da Zona Euro.


O PD poderia aliar-se ao FI, reeditando o Pacto de Nazareno forjado em 2014 por Renzi e Berlusconi com o objectivo de proceder a reformas importantes. Esse acordo não permitiu avançar com as medidas acordadas após Berlusconi ter "roído a corda", deixando o governo de Renzi fragilizado no parlamento. Este seria um governo bem-visto em Bruxelas mas que os analistas consideram precário no que concerne à estabilidade e durabilidade.  

 

O presidente da República Sergio Mattarella será o responsável por indicar um candidato a primeiro-ministro. Se não houver nenhum acordo entre os partidos, Mattarella poderá pedir a Gentiloni que continue a chefiar um governo de transição e de perfil tecnocrático, no que seria uma solução a prazo até prováveis novas eleições antecipadas.

O novo parlamento vai reunir pela primeira vez a 23 de Março e as negociações formais para a formação de um governo não devem começar antes de Abril.


(notícia actualizada pela úlitma vez às 23:48)

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