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Mélenchon pode colocar esquerda radical na segunda volta das presidenciais francesas

Depois de ultrapassar os socialistas no poder, o candidato do movimento França Insubmissa cola-se ao concorrente da direita e ameaça os favoritos Le Pen e Macron a menos de duas semanas das eleições.

10 de Abril de 2017 às 12:05
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Jean-Luc Mélenchon prossegue a escalada das últimas semanas nas intenções de voto, com as sondagens publicadas no fim-de-semana a colocarem já o candidato da extrema-esquerda, apoiado pelos comunistas, na terceira posição. Faltam menos de duas semanas para a primeira volta das Presidenciais francesas, agendada para 23 de Abril.

 

A sondagem da BVA Salesforce, citada pelo jornal Le Figaro, regista uma subida de quatro pontos em apenas uma semana, que coloca o líder do movimento "França Insubmissa" com 19%. Os mesmos do candidato da direita (Os Republicanos), François Fillon, que partiu como favorito, mas que perdeu terreno com o escândalo e a acusação formal de ter criado empregos fictícios para a mulher e para os dois filhos, como assistentes parlamentares, com dinheiro do Estado.

 

Já o inquérito da KANTAR Sofres-Onepoint atribui mesmo a Mélenchon o terceiro posto, com mais um ponto (18% vs. 17%) do que o homem que entre 2007 e 2012, durante a presidência de Nicolas Sarkozy, ocupou o cargo de primeiro-ministro. A troca de posições, favorecendo o candidato da formação de esquerda radical, resulta de uma subida de seis pontos face ao último estudo, realizado em meados de Março.

 

 

Em ambas as sondagens, na frente surgem empatados a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, e o independente e centrista Emmanuel Macron, com uma votação entre 23% e 24%. Mas com duas semanas de campanha eleitoral pela frente, a revista L’Obs, conotada com a esquerda, escreve que "a emergência súbita de Jean-Luc Mélenchon entre os quatro candidatos destruiu todas as previsões, [e] está a semear a dúvida entre os favoritos".

 

Face a este cenário, a KANTAR Sofres-Onepoint incluiu também nas simulações para a segunda volta, a disputar a 7 de Maio, este veterano da política, 65 anos, que em 2008 abandonou a militância de três décadas no Partido Socialista e que concorre com um discurso hostil às instituições europeias, contra a participação na NATO e anti-globalização. Num duelo a dois com Marine Le Pen, derrotaria a candidata da extrema-direita (57% vs. 43%); no confronto directo com Macron obteria 47% dos votos, contra 53% do candidato do movimento "En Marche!".

 

Após obter 11% há quatro anos, Mélenchon quer agora chegar ao Palácio do Eliseu com promessas de aumentar o salário mínimo em 15%, recuar a idade da reforma para os 60 anos sem penalizações, reduzir para 32 horas a semana laboral ou um pacote de estímulo à economia de 100 mil milhões de euros. Este domingo, 9 de Abril, perante dezenas de milhares de apoiantes em Marselha, segundo a agência France Press, assinalou que os eleitores têm escolha entre a extrema-direita que "condena ao ódio" a população multicultural do país e os seguidores do mercado livre que "transformam o sofrimento, a miséria e o abandono em ouro e dinheiro".

 

No final do debate televisivo da semana passada, um inquérito da Elabe, citado pela Bloomberg, concluiu que o candidato, que já tinha deixado para trás o socialista Benoît Hamon, foi mesmo o "mais convincente" em palco. As matérias económicas, a criação de emprego, a segurança dos franceses e o modelo social do país foram os temas que aqueceram o primeiro debate entre os 11 candidatos à Presidência francesa.

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