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Fillon sugere interferência de Hollande na acusação judicial
O candidato da direita alega ser vítima de "manipulação" no escândalo financeiro de que é acusado, ameaçando o ainda presidente socialista com um inquérito parlamentar na próxima legislatura.
Se for eleito presidente, François Fillon vai ordenar uma comissão parlamentar de inquérito às alegações publicadas em livro por dois jornalistas do semanário satírico Le Canard Enchainé, que sugerem que François Hollande interferiu no processo judicial que contaminou a campanha eleitoral e puxou o candidato apontado como favorito para a terceira posição.
O candidato do partido Os Republicanos, que entre 2007 e 2012 foi primeiro-ministro com Nicolas Sarkozy na presidência, começou por ser acusado formalmente de ter criado empregos fictícios para a mulher e para os dois filhos, como assistentes parlamentares, com dinheiro do Estado. O inquérito foi entretanto alargado a suspeitas de fraude agravada, falsificação e uso de documentos falsos.
Numa entrevista à estação BFM TV, emitida esta segunda-feira, 3 de Abril, François Fillon garantiu que está a ser "vítima de uma manipulação (…) que vem do poder" e, citado pela Reuters, insinuou que o caso que o envolve foi "seguido com a maior atenção pelas mais altas autoridades" do país. Mesmo admitindo não ter provas concretas sobre a participação do actual presidente socialista, referiu que os procuradores deviam abrir de imediato um inquérito às informações publicadas no livro.
"Si j'avais le moindre doute sur ma culpabilité, je ne serais pas candidat à la présidentielle", assure @FrancoisFillon #BourdinDirect pic.twitter.com/lYhxRlYMK9
— RMC (@RMCinfo) April 3, 2017
A menos de três semanas da ida às urnas, o candidato recusa desistir da corrida ao Eliseu, mas as sondagens mostram que não consegue aproximar-se do independente e centrista Emmanuel Macron (26%) e da líder da extrema-direita, Marine Le Pen (25%). No estudo da Odaxa, publicado na sexta-feira pela revista Le Point, fica-se pelos 17%, apenas um ponto à frente de Jean-Luc Mélenchon, o candidato da extrema-esquerda que ameaça baralhar o cenário eleitoral em França.