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FMI apoia Irlanda no reembolso antecipado de parte do empréstimo

O objectivo de Dublin é poupar 375 milhões de euros em juros por ano. Apesar de contar com o apoio do FMI, a intenção pode esbarrar no acordo assinado com a troika. A proposta vai ser apresentada em Setembro aos parceiros europeus.

20 de Agosto de 2014 às 17:19
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A Irlanda quer começar a pagar o seu empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) antes da data prevista.

 

O governo irlandês está a elaborar um plano com vista a devolver antecipadamente 15 mil milhões de euros ao Fundo. O FMI emprestou um total de 22,5 mil milhões de euros à Irlanda, sendo que 18 mil milhões pagam um juro mais elevado, 4,99%. E é a maior parte destes 18 mil milhões que a Irlanda quer reembolsar antecipadamente.

 

O objectivo de Dublin é claro: poupar 375 milhões de euros em juros por ano. Este valor equivale ao pagamento de IRS por parte de 40 mil trabalhadores, nas contas do jornal Irish Independent.

 

"Se refinanciarmos os empréstimos do FMI e fizermos poupanças, então aumentamos a nossa capacidade para repagar a dívida a todos os outros credores", afirmou o ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan, no final do mês de Julho, citado pela Bloomberg.

 

Segundo o plano celta, o país iria pagar 5 mil milhões de euros ao FMI até final deste ano, mais 5 mil milhões no primeiro semestre de 2015 e os cinco mil milhões finais em 2016.

 

Além do Fundo, a Irlanda também contraiu empréstimos junto da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE), à semelhança de Portugal. No entanto, os juros do FMI são mais elevados e é por isso que Dublin quer proceder a este pagamento.

 

O FMI liderado por Christine Lagarde já deu luz verde ao plano do executivo de Enda Kenny. O chefe da missão para a Irlanda, Craig Beaumont, disse recentemente que o Fundo não vai cobrar taxas ou comissões pelo pagamento antecipado, à semelhança do que aconteceu noutros países como a Letónia, Hungria ou Islândia.

 

Mas o plano celta conta com um obstáculo. O acordo com a troika proíbe os pagamentos antecipados a um só dos credores internacionais. Isto é, se a Irlanda pagar a um membro da troika, vai ter de pagar também aos outros.

 

Ora, a acontecer isto, Dublin só teria a perder. Primeiro, o empréstimo do FMI (22,5 mil milhões) é muito menor do que o dos credores europeus  (45 mil milhões). Em segundo, o empréstimo europeu paga um juro mais baixo, um valor abaixo dos 3%.

 

"Dadas as actuais condições benignas de financiamento, os 20 mil milhões de euros detidos pelo NTMA [agência de gestão da dívida irlandesa] e o facto de estarmos a pagar quase 5% sobre os empréstimos do FMI, faz todo o sentido em o governo insistir neste assunto", sinalizou recentemente Michael McGrath, porta-voz do ministério das Finanças irlandês.

 

Mas donde é que virá o dinheiro para pagar estes empréstimos? Por um lado, o país pode ir financiar-se aos mercados para pagar ao FMI. Assim, iria pagar juros mais baixos.

 

A taxa de juro da dívida irlandesa a 10 anos está ao nível mais baixo desde 1999: 1,921% de juro, valor muito afastado do máximo de 11,211% alcançado em 2011.

 

Mas há mais boas notícias para a Irlanda. A agência de notação financeira Fitch subiu recentemente o rating da Irlanda para "A-" com perspectiva estável.

 

Por outro lado, pode usar a almofada financeira de 20 mil milhões de euros que está guardada nos cofres da NTMA. 

 

Recorde-se que para preparar a sua saída limpa do programa de resgate internacional, a Irlanda colocou dinheiro de parte de forma a ter uma almofada financeira que permitisse não recorrer aos mercados em 2014 e 2015, exemplo seguido depois por Portugal. Contudo, o país está a pagar juros para ter este dinheiro estacionado e sairia mais barato aos cofres públicos irlandeses usar este dinheiro.

 

A proposta vai agora ser apresentada aos líderes europeus em Setembro. O Governo de Enda Kenny disse que a maioria dos seus parceiros estão a favor deste pagamento antecipado. A medida também conta com o apoio de Klaus Regling, director do fundo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).

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