A Irlanda antecipou o pagamento de 9 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e deverá reembolsar nova tranche do mesmo montante no início de 2015. O anúncio, feito na última sexta-feira, poderá abrir a porta a Portugal para uma eventual antecipação do pagamento de parte do empréstimo concedido ao nosso país pelo FMI, no âmbito do programa de ajustamento.

A entrega de 9 mil milhões de euros que o Tesouro irlandês efectuou vai permitir uma poupança de 150 milhões de euros em juros em 2015 e de 750 milhões de euros ao longo da maturidade do empréstimo de 22,5 mil milhões de euros, que a Irlanda recebeu em 2010.

Portugal obteve um empréstimo do FMI de 26,4 mil milhões de euros, com uma maturidade de 7,25 anos, sendo que os reembolsos só estão previstos para o próximo ano. Tal como a Irlanda, Portugal também já manifestou interesse em antecipar os pagamentos ao fundo monetário.

Em Setembro deste ano, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, admitiu a possibilidade de Portugal antecipar o pagamento ao FMI, mas desde que se conjugassem algumas condições: "Teríamos de ir abaixo dos 3% [da taxa de juro] e teria de ser uma altura em que não tivéssemos de ir buscar muito dinheiro ao mercado para fazer outro reembolso".

No âmbito dos programas de assistência financeira assinados com a troika – FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu – pela Irlanda e por Portugal, as soluções adoptadas por Dublin têm sido seguidas no nosso país. A chamada "saída limpa" é último dos exemplos.

Islândia também antecipa

A Islândia efectuou também sexta-feira um pagamento antecipado de 400 milhões de dólares (cerca de 325 mil euros) ao FMI, elevando para 83% a parcela do empréstimo  já reembolsada. Em comunicado,  o fundo revelou que o  reembolso antecipado representa 20% do empréstimo total que Islândia recebeu da instituição liderada por Christine Lagarde, no montante de 2,1 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros). O país nórdico fica agora a dever 345,1 milhões de dólares ao fundo monetário.

Foi em 2008 que a Islândia necessitou de recorrer ao FMI para obter financiamento, sendo dos primeiros países a ser alvo de um resgate na sequência da crise que teve início com a falência do Lehman Brothers.