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Hollande: "A França está em guerra"

O presidente francês promete que a França utilizará "toda a força no combate a estes terroristas". Hollande proclamou que "a França está em guerra" e lembrou que "a democracia francesa já venceu adversários mais difíceis".

Reuters
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O presidente francês promete que a França utilizará "toda a força no combate a estes terroristas". Num discurso previsivelmente marcado pela consternação, Hollande elogiou os valores da República francesa, um "país de liberdade", e prometeu uma resposta aos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico lembrando que "a democracia francesa já venceu adversários mais difíceis". Para Hollande a situação é grave e o diagnóstico imediato: "A França está em guerra". 

E reiterando que "o que aconteceu na sexta-feira é um acto de guerra e uma agressão contra o nosso país e os nossos valores", Hollande prometeu recorrer "a toda a força no combate a estes terroristas".


O Presidente francês discursou esta segunda-feira, 16 de Novembro, perante o Congrès des Parliamentaires, que une as duas câmaras do parlamento, o Senado e a Assembleia Nacional, no Palácio de Versalhes. Esta é uma ocasião extremamente rara: antes de Hollande, apenas Nicolas Sarkozy, em 2009, e Charles-Louis Napoléon Bonaparte, em 1848, convocaram as duas câmaras do parlamento.  

"Hoje, o nosso país está de luto", afirmou Hollande. "Recordamos os inocentes que morreram. Pensamos nas centenas de jovens, rapazes e raparigas, traumatizados pelos ataques. Muitos continuam a lutar pelas suas vidas."

Após os ataques de sexta-feira, 13 de Novembro, em Paris, a França "está em guerra", afirmou o Chefe de Estado que deixou um aviso àqueles que "pensam que os povos que vivem em liberdade se impressionam com o horror. Mas isso não é verdade", afiançou o presidente gaulês até porque "a França é e será sempre uma luz para a humanidade".

Depois do reforço dos ataques aéreos contra as posições do EI na Síria, concretamente na cidade de Raqqa, já visto na noite do passado domingo, Hollande revelou ainda que o porta-aviões Charles de Gaulle vai partir para o Mar Mediterrâneo já na próxima quinta-feira, o que "triplicará a capacidade de acção" da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, que há mais de um ano bombardeia posições jihadistas na Síria. 

"Os patrocinadores dos ataques de Paris precisam de saber que os seus crimes reforçam a determinação da França de os combater e destruir", avisa Hollande que promete "uma resposta imediata" e afiança que "nada fará vacilar a determinação francesa".

Os patrocinadores dos ataques de Paris precisam de saber que os seus crimes reforçam a determinação da França de os combater e destruir
Hollande


A França vai reforçar a sua actividade na Síria e "procurar encontrar uma solução política para o país", sendo que Hollande avisa que o presidente sírio Bashar al-Assad não fará parte dessa solução. Para isso, Hollande espera contar com o apoio de [Barack] Obama e [Vladimir] Putin, com quem se vai reunir nos próximos dias. Os responsáveis pelas diplomacias de Estados Unidos, John Kerry, e Rússia, Sergey Lavrov, reconheceram esta segunda-feira a necessidade de uma "acção conjunta" contra o EI. Hollande realçou precisamente que "a necessidade de combater o EI é uma obrigação de toda a comunidade internacional".

Hollande pediu também uma rápida implementação de "controlos sistemáticos e coordenados" nas fronteiras internas e externas da União Europeia (UE). "Se a Europa não controlar as suas fronteiras externas, então temos de regressar às fronteiras nacionais. Isso representaria o desmantelamento da União Europeia".  

Hollande quer reforço da segurança e mudar a Constituição para responder à ameaça terrorista

As medidas de seguranças vão aumentar os gastos públicos, mas a segurança é mais importante do que as regras orçamentais da União Europeia
Hollande



O líder gaulês vai tentar prolongar o estado de emergência no país durante três meses e anunciou um reforço do investimento na área da segurança. Uma intenção em linha com o aviso hoje deixado pelo primeiro-ministro, Manuel Valls, que alertou para a previsibilidade de novos ataques terroristas em solo europeu. As forças armadas e de segurança devem ter mais meios à sua disposição, sublinhou o presidente. Não haverá, assim, cortes de postos de trabalho na área militar até 2019 e cinco mil novos lugares serão abertos na polícia. Por outro lado, Hollande promete o reforço de meio humanos e financeiros para as forças de segurança de combate ao terrorismo. 

"As medidas de seguranças vão aumentar os gastos públicos, mas a segurança é mais importante do que as regras orçamentais da União Europeia", afirmou. François Hollande falou ainda na premência de "aprovar legalmente a capacidade para as autoridades de reforçarem o controlo e vigilância" dos suspeitos de práticas terroristas e ainda a "possibilidade de retirar a nacionalidade francesa a pessoas comprovadamente terroristas ou relacionados com actos de terrorismo". Endurecimento das penas relativas a actos terroristas foi outra das intenções já anunciada.

"Não vamos ceder ao terrorismo"

Já perto do final da sua declaração, Hollande redireccionou novamente o seu discurso para os terroristas por detrás dos acontecimentos da última sexta-feira. "Não vamos ceder ao terrorismo" e os "ataques jamais mudarão o que é a França nem a alma francesa porque nada nos vai impedir de viver segundo os nossos valores", foram avisos deixados por François Hollande que revelou as acções perpetradas na véspera do fim-de-semana "foram planeadas e organizadas a partir da Bélgica. Também por isso, Hollande sublinhou tratar-se de um ataque "contra a Europa e o ocidente".

"O terrorismo não vai destruir a República [francesa] porque será a República a destruir o terrorismo", proclamou ainda Hollande que fez questão de sublinhar que esta não será uma guerra de povos ou civilizações porque o EI "não representa ninguém".

Hollande também se referiu ao facto de o ataque, que atingiu maioritariamente pessoas que "não tinham sequer 30 anos", querer dizer que "pretendem atacar a França jovem". O presidente gaulês destacou ainda o facto de os terroristas que levaram a cabo os ataques na noite de sexta-feira serem franceses e,ou europeus, facto que o levou a recordar a importância de não confundir os migrantes e refugiados que todos os dias tentam chegar a solo europeu com o terrorismo ligado ao autoproclamado EI. Hollande quis deixar bem vincada a ideia de que os refugiados provenientes de países como a Síria e o Iraque estão a fugir das acções jihadistas.

(Notícia actualizada às 16:30)

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