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Hollande: "A França está em choque com este atentado terrorista"
O presidente francês anunciou a activação do plano de alerta máximo na região de Paris, depois de um ataque armado que qualificou de "terrorista". O alvo foi a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, há já longos anos sob ameaça por satirizar, entre outros, líderes muçulmanos. 12 mortos e três feridos muito graves é o actual balanço de vítimas. Os autores do atentado estão em fuga.
"A França está em choque com este atentado terrorista", afirmou esta manhã o presidente François Hollande, depois de ter revelado que outros atentados foram recentemente abortados pelas autoridades francesas. Falando junto à sede do jornal satírico Charlie Hebdo, Hollande prometeu que os prováveis três autores do ataque armado, que provocou pelo menos 12 mortos, serão perseguidos e julgados. "Accionámos o plano [de segurança nacional] Vigipirate. A França está em choque. Trata-se de um atentado terrorista, não há a menor dúvida", disse.
Segundo o Le Monde, entre as vítimas mortais estão dois polícias que guardavam as instalações do jornal e os quatro principais cartoonistas do jornal: Charb (também director da publicação), Cabu, Wolinski e Tignous.
As redacções em Paris dos demais jornais franceses já reforçaram a sua segurança. Escolas, transportes e outros lugares públicos na região da capital (Île-de-France) estão também com vigilância redobrada. Dois atiradores, refere ainda o Le Monde, entraram nas instalações do Charlie munidos de armas automáticas, evocando "o profeta" e gritando "Allaou Akbar" (Deus é grande).
"Temos de reagir com firmeza, mas também com a preocupação de mantermos a unidade nacional", sublinhou o presidente, num recado provavelmente dirigido à vasta comunidade muçulmana que vive em França. "Estamos a atravessar um momento difícil, vários atentados foram evitados, sabíamos que estávamos sob ameaça porque somos um país de liberdade". "Ninguém pode ousar pensar que pode agir em França em violação dos princípios da nossa República", asseverou o presidente Hollande, que convocou uma reunião de emergência com os seus ministros para as 14h locais (13h em Lisboa).
O Charlie Hebdo há já longos anos que está sob ameaça. A redacção do jornal satírico, publicado semanalmente às quartas-feiras, tinha sido atacada em Novembro de 2011, quando um incêndio de origem criminosa destruiu as suas instalações. Esse incidente, lembra a Lusa, ocorreu depois de o jornal publicar um número especial sobre as primeiras eleições na Tunísia após a destituição do Presidente Zine el Abidine Ben Ali, vencidas pelo partido islamita Ennahda, no qual o profeta Maomé era o "redactor principal".
Desde os anos 60, vários jornais franceses foram vítimas de atentados mas sem vítimas mortais. O caso mais recente datava de Novembro de 2013 e tinha visado o Libération.
(notícia actualizada às 13h00)