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Economia portuguesa já "deu a volta" mas não cortou o suficiente no Estado nem na dívida privada

A Comissão Europeia actualizou as suas previsões macroeconómicas para os países europeus, mas não mexeu nos números de Portugal - só o fará durante a 11º avaliação da troika, em curso. A expectativa é que, nessa altura, preveja mais crescimento e eventualmente menos desemprego e défice para este ano.

Bloomberg
25 de Fevereiro de 2014 às 12:45
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A economia portuguesa "terá dado a volta em meados de 2013", ano em que caiu 1,6%, menos do que o recuo de 1,8% previsto, e, depois de três anos de recessão, regressará ao crescimento neste ano (0,8%) devendo o Produto Interno Bruto (PIB) acelerar no próximo (1,5%), puxado pelas exportações e pelo retorno do consumo e do investimento a terreno positivo, depois de terem sofrido fortíssimas contracções desde 2011. O desemprego ainda deve subir em 2014, para 16,8%, para cair só em 2015.

 

Estes são os números que a Comissão Europeia inscreve nas suas Previsões de Inverno, divulgadas nesta terça-feira em Bruxelas, mas que, em relação a Portugal, não trazem rigorosamente nenhuma novidade. De forma expressa, a Comissão Europeia esclarece que optou por manter as previsões que reactualizou em meados de Dezembro no quadro da 10ª avaliação da troika ao programa de

A economia parece ter dado a volta no segundo semestre de 2013, apresentando taxas de crescimento positivas para o PIB real e para o emprego.
 
Previsões de Inverno
da Comissão Europeia

ajustamento, avisando que estas serão revistas ao longo da 11º avaliação, actualmente em curso.

 

A expectativa é que, nas próximas semanas, Bruxelas (no quadro da troika) reveja os seus números e antecipe mais crescimento e eventualmente menos desemprego e défice para este ano. A título de exemplo, a Moody’s prevê que o PIB português cresça 1% em 2014, valor semelhante ao antecipado pelo BPI e ligeiramente inferior aos 1,2% previstos pelos economistas do Montepio.

 

O texto da Bruxelas sobre Portugal enquadrado nestas Previsões de Inverno acaba, assim, por valer sobretudo pela avaliação qualitativa que faz dos últimos desenvolvimentos.

 

"A economia parece ter dado a volta no segundo semestre de 2013, apresentando taxas de crescimento positivas para o PIB real e para o emprego. Estas tendências positivas deverão prosseguir em 2014 e 2015, a par com o reequilíbrio externo." O "forte desempenho das exportações", que deverão continuar a crescer na casa de 5%, "deve continuar a apoiar o ajustamento externo", acrescenta a Comissão.

 

Grande parte do emprego deveu-se a contratos permanentes

 

Sobre o emprego, Bruxelas refere que também aqui há sinais de viragem: cresceu 0,2% entre o terceiro e o quarto trimestres de 2013, sublinhando a Comissão que "grande parte deste aumento foi em contratos de trabalho permanentes" o que sugere que o crescimento do emprego "não foi um fenómeno essencialmente sazonal". 

O crescimento do emprego não foi um fenómeno essencialmente sazonal 
Previsões de Inverno
da Comissão Europeia

 

Contudo, a balança global dos riscos continua a pender mais para o lado negativo. Isto devido ao elevado endividamento do sector privado e à possibilidade de derrapagens orçamentais, decorrentes da provável dificuldade de fazer a reforma do Estado que reduza de forma permanente a despesa e de mais chumbos do Constitucional.  

 

Neste quadro, Bruxelas parece sugerir alguma preferência por uma saída do programa da troika com uma linha de crédito cautelar, ao escrever que Portugal “continua a estar também vulnerável a uma deterioração significativa no sentimento dos mercados financeiros”, quer por razões domésticas, associadas “às incertezas quanto à capacidade de implementação das políticas pelas autoridades portuguesas”, quer  devido ao risco “de um ambiente externo mais fraco do que o esperado".

 

(notícia actualizada às 13h00)

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