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Economia portuguesa já "deu a volta" mas não cortou o suficiente no Estado nem na dívida privada
A Comissão Europeia actualizou as suas previsões macroeconómicas para os países europeus, mas não mexeu nos números de Portugal - só o fará durante a 11º avaliação da troika, em curso. A expectativa é que, nessa altura, preveja mais crescimento e eventualmente menos desemprego e défice para este ano.
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A economia portuguesa "terá dado a volta em meados de 2013", ano em que caiu 1,6%, menos do que o recuo de 1,8% previsto, e, depois de três anos de recessão, regressará ao crescimento neste ano (0,8%) devendo o Produto Interno Bruto (PIB) acelerar no próximo (1,5%), puxado pelas exportações e pelo retorno do consumo e do investimento a terreno positivo, depois de terem sofrido fortíssimas contracções desde 2011. O desemprego ainda deve subir em 2014, para 16,8%, para cair só em 2015.
Estes são os números que a Comissão Europeia inscreve nas suas Previsões de Inverno, divulgadas nesta terça-feira em Bruxelas, mas que, em relação a Portugal, não trazem rigorosamente nenhuma novidade. De forma expressa, a Comissão Europeia esclarece que optou por manter as previsões que reactualizou em meados de Dezembro no quadro da 10ª avaliação da troika ao programa de
ajustamento, avisando que estas serão revistas ao longo da 11º avaliação, actualmente em curso.
A expectativa é que, nas próximas semanas, Bruxelas (no quadro da troika) reveja os seus números e antecipe mais crescimento e eventualmente menos desemprego e défice para este ano. A título de exemplo, a Moody’s prevê que o PIB português cresça 1% em 2014, valor semelhante ao antecipado pelo BPI e ligeiramente inferior aos 1,2% previstos pelos economistas do Montepio.
O texto da Bruxelas sobre Portugal enquadrado nestas Previsões de Inverno acaba, assim, por valer sobretudo pela avaliação qualitativa que faz dos últimos desenvolvimentos.
"A economia parece ter dado a volta no segundo semestre de 2013, apresentando taxas de crescimento positivas para o PIB real e para o emprego. Estas tendências positivas deverão prosseguir em 2014 e 2015, a par com o reequilíbrio externo." O "forte desempenho das exportações", que deverão continuar a crescer na casa de 5%, "deve continuar a apoiar o ajustamento externo", acrescenta a Comissão.
Grande parte do emprego deveu-se a contratos permanentes
Sobre o emprego, Bruxelas refere que também aqui há sinais de viragem: cresceu 0,2% entre o terceiro e o quarto trimestres de 2013, sublinhando a Comissão que "grande parte deste aumento foi em contratos de trabalho permanentes" o que sugere que o crescimento do emprego "não foi um fenómeno essencialmente sazonal".
Contudo, a balança global dos riscos continua a pender mais para o lado negativo. Isto devido ao elevado endividamento do sector privado e à possibilidade de derrapagens orçamentais, decorrentes da provável dificuldade de fazer a reforma do Estado que reduza de forma permanente a despesa e de mais chumbos do Constitucional.
Neste quadro, Bruxelas parece sugerir alguma preferência por uma saída do programa da troika com uma linha de crédito cautelar, ao escrever que Portugal “continua a estar também vulnerável a uma deterioração significativa no sentimento dos mercados financeiros”, quer por razões domésticas, associadas “às incertezas quanto à capacidade de implementação das políticas pelas autoridades portuguesas”, quer devido ao risco “de um ambiente externo mais fraco do que o esperado".
(notícia actualizada às 13h00)