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Cidadãos faz ultimato a Rajoy: ou marca eleições ou governo espanhol cai

O partido liderado por Albert Rivera instou o primeiro-ministro Rajoy a pedir eleições antecipadas, caso contrário o Cidadãos votará a favor da moção de censura ao governo do PP que foi apresentada esta sexta-feira pelo PSOE.

Reuters
25 de Maio de 2018 às 12:12
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O Cidadãos sentiu-se obrigado a tomar posição face aos diversos casos de corrupção em torno do PP e dos governos de Mariano Rajoy, com o partido liderado por Albert Rivera a fazer um ultimato ao primeiro-ministro espanhol: se Rajoy não aceitar convocar eleições antecipadas, o Cidadãos vai votar a favor da moção de censura apresentada esta sexta-feira, 25 de Maio, pelo PSOE de Pedro Sánchez, o que implicaria o derrube do executivo do PP. 

Após vários anos em que se foram somando os casos de corrupção envolvendo figuras do PP, a sentença do caso Gürtel e a condenação de Bárcenas a 33 anos de prisão por branqueamento de capitais estão a provocar (mais) um terramoto político em Espanha.

Primeiro foi o secretário-geral do PSOE a registar, esta manhã no Congresso espanhol (equivalente ao parlamento), uma moção de censura contra o executivo chefiado por Rajoy.

A moção apresentada pelo PSOE propõe Sánchez como candidato a primeiro-ministro e além do apoio dos deputados socialistas conta também com os parlamentares da aliança Unidos Podemos bem como dos deputados do Compromís e de outras pequenas forças nacionalistas.

Se esta moção não teria possibilidade de sucesso sem o apoio o apoio dos 32 deputados do Cidadãos, partido que ajudou a viabilizar de demorada investidura de Rajoy e que recentemente foi decisivo para garantir a aprovação do Orçamento do Estado, um eventual apoio de Rivera à moção derrubaria o governo popular e poderia abrir a porta a que Sánchez fosse investido primeiro-ministro, embora esteja ainda longe de poder ser dado como adquirido que o líder espanhol teria os apoios necessários.


A moção do PSOE tem como objectivo "garantir a governabilidade de Espanha" e "constituir um governo do PSOE". O La Vanguardia escreve que Sánchez recusou a ideia do Cidadãos de se limitar a apresentar uma moção instrumental que obrigasse Rajoy a tomar alguma posição. Pelo contrário, o líder do PSOE está disposto a ir até às últimas consequências. Sánchez promete ainda que depois de assumir a chefia de um governo transitório irá convocar eleições antecipadas de forma a "recuperar a normalidade política e institucional", mas não diz quando o faria. O socialista considera que nesta altura é essencial recuperar a dignidade na política espanhola e promover a "regeneração da democracia".

O secretário-geral do Cidadãos, José Manuel Villegas, justificou a posição do partido por este considerar que "a corrupção do PP liquidou esta legislatura". "Espanha não pode permitir-se ter um governo débil", acrescentou Villegas.


Mas como tem sido habitual em Espanha, não há leituras simples e imediatas. É que se por um lado ameaça apoiar a moção para derrubar Rajoy se este não sair pelo próprio pé, o Cidadãos rejeita votar a favor uma censura em que estejam também forçar "nacionalistas e populistas". Tendo em conta que Unidos Podemos e outros partidos minoritários de pender nacionalista tenderão a apoiar a moção do PSOE, Rivera poderá acabar por não ajudar a tirar o tapete a Rajoy. Além de que Sánchez assumiu estar disponível para ser investido com o apoio de partidos nacionalistas estabelecendo como objectivo principal o de convocar eleições gerais "o quanto antes". 


Numa altura em que o Cidadãos surge nas sondagens como a maior força política espanhola, isto depois de nas eleições catalãs se ter torando no maior partido não independentista na região, um dos objectivos da moção de Sánchez passa precisamente por obrigar Rivera a mostrar as cartas. Na sequência do caso Cifuentes, o Cidadãos manteve o apoio ao PP. Agora Sánchez quer que Rivera apoie o derrube de Rajoy e a formação de um "governo de mudança".  

O Cidadãos apresentou outra condições para dar suporte à moção de censura: garantir que antes do derrube de Rajoy o Orçamento de 2018 fica definitivamente aprovado no Congresso; e um encontro entre PP, PSOE e Cidadãos para decidir se o artigo 155 (que suspendeu a autonomia da Catalunha) permanece em vigor. 

A Mesa do Congresso deverá admitir a trâmite a moção nos próximos dias para nos dias seguintes agendar a respectiva apresentação e eventual apresentação de moções alternativas pelos outros grupos parlamentares (desde que tenham o apoio mínimo de 35 deputados).

Se fracassar a moção, o PSOE não poderá apresentar outra durante a presente legislatura. Por outro lado, se Sánchez tiver sucesso nesta iniciativa política (para aprovar a moção é necessário o apoio da maioria absoluta dos 350 deputados), a Constituição obriga o chefe do Governo a apresentar-se perante o rei para pedir a demissão em bloco do governo. Nesse caso, caberá depois a Felipe VI designar um novo líder do governo. 

(Notícia actualizada às 13:00)
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