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Sánchez cumprirá Orçamento de Rajoy se moção de censura passar

No primeiro de dois dias de debate e votação da moção de censura apresentada pelo PSOE contra o governo espanhol, o secretário-geral socialista compromete-se a cumprir o Orçamento aprovado pelo executivo popular. Futuro de Rajoy na mão de partidos nacionalistas da Catalunha e País Basco.

31 de Maio de 2018 às 11:35
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O futuro de Mariano Rajoy como primeiro-ministro já está a ser discutido no Congresso espanhol (equivalente a parlamento) e a decisão final à moção de censura apresentada pelo PSOE contra o governo do PP vai depender da posição de dois partidos regionais nacionalistas, o PNV do País Basco e o PDeCAT da Catalunha.

 

Esta quinta-feira é o primeiro de dois dias em que a moção de censura vai ser discutida e votada e o debate já decorre no Congresso. "Demita-se, o seu tempo acabou", atirou o secretário-geral socialista Pedro Sánchez dirigindo-se ao primeiro-ministro Rajoy.

"Demita-se e esta moção de censura termina aqui e agora", acrescentou Sánchez explicando que assim Mariano Rajoy "poderá sair da presidência do governo por decisão própria". Apesar de não ser deputado, Sánchez está no Congresso a assistir ao debate da moção cuja apresentação ficou a cargo do socialista José Luis Ábalos.

Se a moção de Pedro Sánchez receber o mínimos de 176 votos necessários à aprovação, o líder do PSOE comprometeu-se perante os deputados a respeitar e cumprir o Orçamento do Estado recentemente aprovado pelo executivo popular com o apoio do Cidadãos.

Em resposta ao secretário-geral socialista, o presidente do PP, que pode pedir a palavra sempre que quiser ao longo da discussão apresentada na passada sexta-feira, acusou Sánchez de privilegiar uma agenda pessoal de poder e não o interessa da Espanha.

Uma vez que a moção não contempla a demissão do governo e posterior marcação de eleições antecipadas, prevendo apenas a primeira, se for aprovada a censura a Rajoy então Sánchez torna-se primeiro-ministro. Sendo que Sánchez já se comprometeu a rapidamente agendar eleições uma vez destituído o actual chefe do governo.

Mariano Rajoy criticou o facto de o PSOE não ter qualquer programa político alternativo ao do governo do PP e, sobre a garantia de Sánchez de que cumprirá o Orçamento, o primeiro-ministro apontou as contradições:  "votaram contra [o Orçamento] e votaram com entusiasmo" com um enfático "não é não". Rajoy acusou ainda Sánchez de ceder ao Podemos ao avançar com esta moção.

 

Rajoy nas mãos dos nacionalistas

Não deixa de ser irónico que o futuro de Mariano Rajoy como primeiro-ministro dependa da decisão de dois partidos nacionalistas, o PNV e o PDeCAT, o segundo a força a que pertence o presidente destituído da Catalunha, Carles Puigdemont.

Depois da polémica em torno do caso Cifuentes e após a sentença de quinta-feira passada no caso Gürtel (dois casos de corrupção que envolvem membros do PP), o PSOE apresentou uma moção com vários significados. Colocar em causa a continuidade de Rajoy e também pôr em xeque o Cidadãos de Albert Rivera que surge na dianteira das sondagens.

Foi o Cidadãos a viabilizar o governo e o Orçamento e Sánchez obriga Rivera a escolher apoiar Rajoy e correr o risco de ser associado à protecção de um partido muito manchado pelo fenómeno da corrupção, ou apoiar a moção e viabilizar um governo provisório do PSOE.

Apesar das negociações dos últimos dias, PSOE e Cidadãos não chegaram a um entendimento, porque Rivera queria que os socialistas retirassem a actual moção de forma a que outra censura, que previsse a convocação de eleições antecipadas, fosse apresentada. Sánchez não aceitou retirar esta moção e não houve acordo, o que permite antecipar que o Cidadãos não vote a favor do expediente dos socialistas.  

Sánchez conta com os deputados do PSOE, Podemos, o Compromís da comunidade valenciana, Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e ainda um deputado da coligação canária, o que perfaz 165 votos. Como tal, para a moção ser aprovada o PSOE precisa garantir o apoio dos deputados do Partido Nacionalista Basco (PNV) e do PDeCAT da Catalunha.

Mas se assegurar os votos do PDeCAT parece uma tarefa menos complexa, não só devido ao imobilismo mas também porque Sánchez promete "restabelecer as pontes" entre Madrid e Barcelona, obter o apoio do PNV será mais difícil, até porque recentemente os bascos foram decisivos ao aprovar os últimos orçamentos do PP (2017 e 2018).

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