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Cameron e Miliband iniciam campanha formal empatados nas sondagens
Conservadores e trabalhistas dão esta segunda-feira o tiro de partida na campanha oficial tendo em vista as legislativas de 7 de Maio. As últimas sondagens mostram que a corrida entre Cameron e Miliband será renhida e que nenhum partido deverá alcançar uma maioria. O que reforça a perspectiva de nova coligação pós-eleitoral.
Serão um pouco mais de cinco semanas de campanha eleitoral desde esta segunda-feira, 30 de Março, até às eleições gerais agendadas para 7 de Maio. E, ao que tudo indica, a luta será renhida entre os conservadores liderados pelo primeiro-ministro David Cameron e os trabalhistas do líder da oposição Ed Miliband.
As duas últimas sondagens atribuem, separadamente, a vitória aos dois principais contendores. Depois de a última sondagem conhecida na semana passada atribuir a vitória ao Partido Conservador com dois pontos percentuais de vantagem sobre os trabalhistas, agora um estudo de sábado, do YouGov para o Sunday Times, dá 36% das intenções de voto ao Partido Trabalhista com uma vantagem de quatro pontos sobre os conservadores (32%).
No entanto, a sondagem deste domingo do ComRes para o Daily Mail e para a ITV News inverte os resultados ao atribuir 36% das intenções de voto a Cameron, com os mesmos quatro pontos à frente de Miliband que alcança 32%.
Nestas sondagens, o eurocéptico Ukip obtém 13% e 12%, respectivamente, o que deixa o partido de Nigel Farage com a terceira posição em perigo relativamente ao que vinham mostrando os estudos de opinião nas últimas semanas. Isto porque, os também respectivamente 8% e 9% obtidos pelos Liberais Democratas do vice-primeiro-ministro Nick Clegg, parecem ameaçar a suposta consolidação do Ukip como terceiro maior partido britânico.
Permanência do Reino Unido na UE assume papel de destaque no início da campanha
No primeiro dia da campanha volta a ser um tema já antigo a marcar a agenda. Especialmente devido ao facto de ser cada vez mais provável que, depois de contados os votos, seja necessária uma nova coligação governamental. O editorial desta segunda-feira do britânico The Guardian sublinha o facto de apesar de incomum no Reino Unido, a formação de uma coligação governamental em que os dois partidos trabalhem em conjunto pode "assegurar um governo forte", tal como demonstrado pelo Executivo formado pelos conservadores e pelos Liberais Democratas nos últimos cinco anos.
Depois de prometer, no início de 2013, levar a cabo um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, após a vitória do eurocéptico Ukip nas eleições europeias de 25 de Maio do ano passado, o ainda primeiro-ministro inglês prometeu realizar a dita consulta popular já em 2016, isto caso vença as legislativas de Maio. Entretanto, Cameron garantiu que não será candidato a um eventual terceiro mandato.
Ed Miliband aposta precisamente na incerteza para as empresas britânicas que a saída da UE representaria para tentar captar votos. O líder trabalhista realça que o agendamento de um referendo levaria os conservadores a distraírem-se com uma questão que, per si, já iria criar um clima de incerteza para a economia do Reino Unido. Um estudo do think-tank Open Europe prevê que a saída britânica da União implicaria uma queda do PIB de 2,2% até 2030.
Em entrevista ao Financial Times, o trabalhista Chuka Umunna lembra que "se olharem para as empresas do Footsie 100, vemos que aquilo em que elas estão interessadas é em fazer negócios, e o que interessa para as empresas é a nossa continuidade enquanto membro da UE".
Nick Clegg deverá representar um papel determinante na medida em que, apesar de ser líder de um partido doutrinariamente pró-europeu, garante não excluir a realização de um referendo e assegura que isso não coloca em causa uma eventual reedição da actual coligação de governo com os conservadores. Clegg diz que os Liberais Democratas apoiam a realização de uma consulta popular sobre a permanência na UE desde que "de acordo com determinadas circunstâncias". Mas não adianta quais.
Todavia, duas importantes figuras dos Liberais Democratas como Vince Cable e Ed Davey, antecipam que a concretização do referendo vai criar um clima de incerteza prejudicial à actividade empresarial, algo que consideram difícil de conciliar no seio do partido.
O actual primeiro-ministro britânico já reiterou que se vencer as eleições, o referendo irá mesmo para a frente. Nesse sentido, Clegg pretende assegurar que mantém todas as opções em aberto para o seu partido. Mas terá de conseguir assegurar o apoio de um partido que para além de pró-europeu, poderá mesmo colocar em causa a liderança de Clegg. Já o Ukip só aceita participar numa coligação - ainda assim improvável - com os conservadores se o referendo for realizado já este ano.