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Boris Johnson, o homem que quer suceder a David Cameron

Já foram grandes amigos, depois desentenderam-se e acabaram um a defender o Brexit e outro o Bremain. Boris é polémico e controverso, mas é também um dos políticos mais populares do seu país. E quer chegar ao nº 10 de Downing Street.

Reuters
25 de Junho de 2016 às 11:03
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Controverso, frequentemente notícia por situações insólitas e polémicas, cabelo louro (quase) sempre desgrenhado, peso pesado na campanha que acabaria por culminar na decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia. Eis Boris Johnson, o homem de quem se fala numa altura em os olhos estão postos no Reino Unido e David Cameron, incapaz de convencer os ingleses a ficar, apresentou a sua demissão do cargo de primeiro-ministro.

Boris e David conheceram-se em Eton, a mais prestigiada escola para rapazes do Reino Unido, e prosseguiram juntos para Oxford e depois também para a política, no Partido Conservador. Grandes amigos, apoiantes um do outro, ambos com ambição de chegar a primeiro ministro. Cameron conseguiu, Johnson foi deputado e candidatou-se em 2008 à presidência da câmara de Londres onde ficaria por dois mandatos.  Saiu em Maio deste ano, mas antes, a 21 de Fevereiro,  tratou de garantir que se manteria em primeiro plano na vida política do país. Contra o seu amigo de sempre, anunciou que ira fazer campanha pelo Brexit no referendo convocado por Cameron, mas em que este defendia precisamente o oposto, ou seja, a permanência do Reino Unido na União Europeia.

Não faltou logo quem dissesse que Johnson agiu movido pela ambição pessoal de suceder a Cameron e que, por isso mesmo, não hesitava em lhe tirar o tapete. E a verdade é que o conseguiu. Cameron, como é sabido, apresentou a sua demissão mal foram conhecidos os resultados do referendo. Boris, assim o conhecem os ingleses, pelo primeiro nome, prossegue de vento em popa.

 

O homem das gaffes e das polémicas

Boris Johnson, 51 anos, nasceu nos Estados Unidos numa família de ingleses com algumas posses que o mandou estudar para Inglaterra. Aí se licenciou em estudos clássicos em Oxford e mais tarde entraria para o jornalismo. Começou a carreira no The Times e foi depois correspondente do The Daily Telegraph em Bruxelas. São desse tempo artigos em que contribuía para alimentar o já crescente euro-cepticismo entre a ala mais à direita dos conservadores. Chegou a ser director da The Spectator até se deixar do jornalismo para se dedicar inteiramente à política.

Excêntrico, Boris é frequentemente notícia pelas gaffes que comete e pelas polémicas que alimenta. Ainda recentemente, já em plena campanha pelo Brexit, comparou as intenções de Bruxelas às de Adolf Hitler ou do imperador francês Napoleão Bonaparte. Num artigo para o jornal Sunday Telegraph, declarou que desde a queda do Império Romano a Europa se esforça por "redescobrir uma era dourada de paz e prosperidade". Foi o que tentaram "Napoleão, Hitler e várias outras personagens", mas "os seus esforços acabaram sempre em tragédia", escreveu, para concluir que "a União Europeia tenta a mesma coisa, recorrendo a métodos diferentes".

Polémicas à parte, para o bem ou para o mal, uma coisa é certa: Boris Johnson conseguiu tornar-se um dos políticos mais populares do Reino Unido e, a prová-lo, está o resultado conseguido no referendo, no qual se tornaria um verdadeiro cabeça de cartaz em defesa do Brexit. De resto, no próprio dia em que anunciou a sua decisão, a libra caiu por aí abaixo face ao euro, com os mercados a anteciparem já o que aconteceria esta sexta-feira, 23 de Junho quando o "Leave" se concretizou.

Na altura, explicou-se: A Europa está a "infiltrar-se em quase todas as áreas de políticas públicas" e a conseguir "supremacia em qualquer campo que toque". Armou-se contra essa supremacia e ganhou.

 

Donad Trump? Uma "grande preocupação"

É quase impossível, ao olharmos para Boris Johnson, não invocarmos imediatamente Donald Trump, o outro loiro apenas um pouco menos desgrenhado, que do lado de lá do Atlântico se prepara para ser o candidato republicano às presidenciais de Novembro para a Casa Branca.

Depois de uma recente viagem aos Estados Unidos, o político inglês disse-se "muito preocupado que ele [Trump] se torne presidente". Citado pelo Telegraph, aproveitou para contar que, quando estava em Nova Iorque, houve quem tentasse tirar-lhe uma fotografia a achar que se tratava do candidato norte-americano. "Foi um dos piores momentos", afirmou.

Compreende-se, mas a verdade é que, tal como Trump, Boris Johnson não se preocupa muito com as palavras que usa nem com as polémicas que possa desencadear. Como quando escreveu que "o Islão é o problema", a propósito da guerra no Iraque, ou, mais recente, que os jiadistas são obcecados por pornografia porque têm dificuldades em se relacionar com mulheres e que em geral não passam de jovens com problemas de auto-estima. Ou, ainda, em resposta a Trump, que em Dezembro passado defendeu que os muçulmanos fossem banidos do país para evitar que existam, como em Londres, zonas dominadas por radicais. Boris respondeu-lhe à letra: "A única razão pela qual eu não vou a certas zonas de Nova Iorque é pelo perigo de encontrar Donald Trump".

 

E não são só as palavras. Numa viagem ao Japão, no final do ano passado, derrubou um miúdo num jogo de rugby em que se entusiasmou demasiado e o vídeo correu mundo. Noutra vez, durante os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, ficou pendurado durante um bom bocado, de fato, com uma bandeira do Reino Unido em cada mão, uma imagem que fez as delícias das redes sociais e rapidamente se tornou viral. O então "mayor" de Londres não perdeu a compostura e manteve o humor, mesmo quendo teve de ser rebocado para conseguir descer. 

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