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Brexit: Start-ups portuguesas em choque, já olham para Lisboa

Com a decisão inesperada de sair da União Europeia, o Reino Unido apanhou todos os sectores económicos de surpresa. Mas se os mercados caíram, os empreendedores portugueses vêem uma oportunidade para Lisboa.

Reuters
25 de Junho de 2016 às 11:00
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O Reino Unido vai sair da União Europeia. Facto. A surpresa desta decisão foi transversal. Os mercados afundaram, a libra atingiu mínimos de mais de três décadas, milhões e milhões "fugiram" da capitalização bolsista das empresas um pouco por todo o globo. E o Verão ainda agora começou. Mas deverá ser quente. Quando e como vai decorrer esta saída é uma incógnita.

A surpresa entre os empreendedores portugueses que estão presente em Londres é grande após a decisão de Brexit. Apesar de preparados para esta eventualidade, a realidade chegou com algum estrondo. "Fiquei surpreendido e penso que a maior parte das pessoas em Londres mais ligadas às start-ups ficaram" com a escolha dos britânicos, conta ao Negócios, Carlos Silva, co-fundador da Seedrs.


"O que mais me chocou foi a distribuição de votos pelas faixas de idade: até aos 34 anos as pessoas querem maioritariamente ficar na UE e só a partir dessa faixa é que querem sair", diz Nuno Sebastião, CEO da Feedzai.

"Está tudo em estado de choque, pelo menos aqui em Londres. Duas das reuniões que tinha hoje [sexta-feira] foram adiadas porque as empresas estão a discutir internamente o impacto que este resultado vai ter no seu dia-a-dia. A gestão desta crise passou a ser a prioridade", atira João Afonso, co-fundador e CEO da Exclusiph. Para o líder desta start-up "muita gente foi apanhada de surpresa, inclusivamente os que votaram para sair". "Já assistimos a pessoas que votaram para sair dizerem que se sentem completamente perdidas. Utilizaram o voto como forma de protesto e nunca esperaram este desfecho", revela.

cotacao Duas das reuniões que tinha hoje foram adiadas porque as empresas estão a discutir internamente o impacto que este resultado vai ter no seu dia-a-dia.
João Afonso
CEO da Exclusiph

Pedro Oliveira, co-fundador da Landing.jobs, relata que em Londres o ambiente nesta sexta-feira é de alguma revolta por parte das pessoas mais jovens, partidários essencialmente da manutenção no bloco europeu. Mas há um outro lado da moeda. O lado daqueles que podem ter alguns benefícios com esta saída do bloco europeu. "Na Landing.jobs, vamos aproveitar a agitação que esta decisão provoca no mercado de trabalho, atraindo talento qualificado em tecnologias de informação do Reino Unido para Portugal, assim como empresas do Reino Unido que queiram montar equipas em território português", confessa o empreendedor.


Ideia semelhante tem Carlos Silva. "Do ponto de vista das start-ups e do ecossistema empreendedor, [a saída] complica um bocadinho porque as grandes vantagens das start-ups por exemplo nos EUA é terem um mercado tão grande para arrancar. E aqui na Europa, com estas divisões a fragmentar mais o mercado, implica desafios adicionais para as empresas. Por outro lado, e falando em Lisboa especificamente, pode haver um lado positivo", diz. Várias start-ups presentes na capital inglesa podem precisar de abrir um escritório fora e Lisboa é uma das cidades que está bem cotada entre os empreendedores, apontou. "No geral, é muito difícil prever a longo prazo o que vai acontecer".

Olhando especificamente para o caso da Seedrs, Carlos Silva antecipa que a curto prazo não vai mudar nada. A longo prazo este Brexit poderá vir ser mais um desafio que a plataforma de "equity crowdfunding" terá de superar. 

Oportunidade é também uma das palavras usada por Miguel Pina Martins, CEO da Science4you. "Acho que é melhor preparamo-nos para a oportunidade. Há várias oportunidades. Entre as quais uma série de instituições que vão sair do Reino Unido. Acho que Portugal pode ser um sítio extraordinário para as receber", conta. Em relação aos efeitos imediatos para a empresa, que está presente em Inglaterra, da saída britânica da União Europeia, o CEO da Science4you aponta que será sobretudo a desvalorização da libra, que encolhe as receitas da empresa.


Antes de serem conhecidos os resultados do referendo, Nuno Sebastião tinha afiançado que a empresa tinha um plano de contingência para o caso de uma saída. Que planos? "O processo de saída do Reino Unido vai demorar algum tempo (até 2 anos) pelo que vamos manter por enquanto os investimentos que temos. O que não vamos fazer é novos investimentos em expansão, nomeadamente em contratação de pessoas. E já há algum tempo que temos vindo a procurar outros locais na Europa, como por exemplo Berlim", salienta.

 

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