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CEO da Engie alerta contra saída de França do mercado europeu da energia. Há "risco de blackout"

Catherine MacGregor defende os benefícios do mercado energético do bloco europeu, sublinhando que permitiu que França acedesse à oferta de outros países quando, nos últimos anos, a sua própria produção diminuiu.

Reuters
23 de Junho de 2024 às 17:13
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França correria o risco de se confrontar com um aumento dos preços da eletricidade, e até mesmo com "blackouts" (apagões), se saísse do mercado europeu da energia da União Europeia. É este o alerta de Catherine MacGregor, a presidente executiva da energética francesa Engie (com presença em Portugal há 40 anos), num artigo de opinião publicado neste sábado, 22 de junho, no La Tribune.

 

A CEO da Engie defende os benefícios do mercado energético do bloco europeu, sublinhando que permitiu que França acedesse à oferta de outros países quando, nos últimos anos, a sua própria produção diminuiu. "Sem um mercado europeu de eletricidade, estaríamos expostos a preços ainda mais voláteis e até mesmo ao risco de ‘blackouts’", escreveu. Por isso, considera, "reintroduzir barreiras energéticas dentro da Europa aumentaria o risco de problemas de aprovisionamento e de preços mais elevados".

 

Catherine MacGregor reagiu assim a Jordan Bardella, eurodeputado francês e líder do partido de extrema-direita UNião Nacional (RN – na sigla em francês, ex-Frente Nacional, que teve Marine Le Pen como sua líder histórica), que pretende iniciar "imediatamente" negociações com Bruxelas para renegociar as regras europeias de fixação dos preços da eletricidade.

 

Esta semana, em declarações ao Le Parisien, Bardella disse que quer avançar sem demora com essas negociações para derrogar as normas europeias de tarifação da eletricidade, o que, na sua opinião, "fará baixar em 30% as faturas". Com efeito, a União Nacional imputa ao mercado europeu preços da energia demasiado elevados para o consumidor final.

 

Mas a CEO da Engie discorda. No seu entender, o mercado europeu da energia é uma "oportunidade" que "demonstrou a sua eficácia aquando da crise energética de 2022 e 2023". O atual sistema europeu "assenta numa rede de infraestruturas interconectadas" e "permite que os países europeus tirem partido da complementaridade dos sistemas de produção dos diferentes países: energia solar a sul, energia eólica a norte, hidráulica, gasífera e nuclear para os países que fizeram essa escolha", salienta.

 

No mesmo artigo de opinião, Catherine MacGregor defende igualmente as energias renováveis. "Representam já mais de 150.000 empregos em França. O seu desenvolvimento permitiu evitar nos últimos 20 anos a importação de 910 milhões de barris de petróleo e reduzir em 40 mil milhões de euros a fatura energética francesa", escreveu.

 

O mercado da energia na União Europeia está, assim, de novo em foco pelo facto de a União Nacional pretender reintroduzir a fixação de preços em França e a saída do país do sistema de indexação dos preços no mercado europeu do gás se vencer as eleições legislativas. Recorde-se que o mecanismo europeu de regulação foi renegociado e que entrará em vigor um novo sistema em 2025. Mas o partido de Marine Le Pen quer apostar no nuclear e renunciar aos objetivos da transição energética fixados na UE.

 

A derrota do partido de Emmanuel Macron nas eleições europeias de inícios deste mês levou o Presidente francês a dissolver a Assembleia Nacional e a convocar eleições legislativas para 30 de junho, com segunda volta a 7 de julho – uma jogada arriscada, já que a extrema-direita poderá chegar ao poder.

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