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Fecho dos mercados: Acções, dívida e libra afundam. Brexit não perdoou
O Brexit apanhou os investidores de surpresa. A confiança no Bremain era grande, pelo que a vitória do "Leave" ditou a fuga de todos os activos de risco, num dia em que a libra tocou mínimos de mais de 30 anos. As bolsas afundaram 7%, com Lisboa em níveis de 1996, já os juros da dívida dispararam. Excepto os da Alemanha.
Os mercados em números
PSI-20 afundou 6,99% para 4.362,11 pontos
Stoxx 600 cedeu 7,03% para 321,98 pontos
S&P 500 desvaloriza 2,51% para 2.059,92 pontos
"Yield" a 10 anos de Portugal subiu 26,7 pontos base para 3,357%
Euro recua 2,23% para 1,1131 dólares
Petróleo desce 4,34% para 48,71 dólares por barril
Bolsas europeias afundam. Lisboa cai quase 7%
Foi uma sexta-feira negra nos mercados accionistas a nível mundial, com os investidores a reagirem à vitória do "Leave" no referendo à manutenção, ou não, do Reino Unido na União Europeia. O Stoxx 600 perdeu 7,03%, com a banca a ser fustigada. O índice que segue o sector europeu perdeu 14,46%, com os bancos britânicos a perderem, num só dia, o equivalente a quase 50 mil milhões de euros.
Foram, contudo, os bancos da periferia os mais fustigados em bolsa. Eurobank, Banca Popolare e o Intesa Sanpaolo registaram das maiores descidas, fazendo com que os índices da periferia se destacassem nas quedas. O MIBTEL, de Itália, caiu 12,48%, já o IBEX-35, de Espanha, perdeu 12,35%. Em Lisboa, o PSI-20 recuou 6,99% para tocar mínimos de 20 anos. A EDP pesou no índice nacional ao ceder 10,68% para 2,635 euros – perdeu mais de mil milhões de euros só numa sessão. A queda mais expressiva coube, no entanto, ao BCP: 12,20% para 1,8 cêntimos, já a Pharol subiu 2,11% à boleia da Oi.
Juros da dívida da periferia disparam
Nos mercados de dívida, os países periféricos da Zona Euro sofreram mais do que os restantes com a fuga dos investidores ao risco. Os títulos a dez anos de Portugal chegaram a avançar 47,0 pontos base para 3,559%, a maior subida desde Julho de 2013. Em Espanha e Itália, a taxa das obrigações a dez anos registaram subidas de 16,5 e 15,7 pontos base, respectivamente, chegando a 1,632% e 1,557%.
A forte subida foi travada pela disponibilidade dos bancos centrais mundiais em aliviarem as tensões nos mercados com mais liquidez, especialmente o BCE. Ainda assim, a taxa portuguesa subiu 26,7 pontos para 3,357%, com o prémio de risco face à Alemanha a disparar para 340,7 pontos. É que se os investidores saíram da dívida da periferia, procuraram refúgio na alemã. As "bunds" chegaram a "terreno" negativo no prazo a 15 anos: 0,107%.
Euribor fixa novo mínimo histórico
As Euribor também viveram uma sessão de fortes quedas, fixando novos mínimos históricos em valores cada vez mais negativos. A taxa a um mês desceu de -0,358% para -0,364%, mas as atenções viraram-se para a taxa a três meses, pela relevância que tem nos empréstimos para a casa contraídos pelos portugueses. A taxa a três meses, que serve de indexante em mais de 40% dos créditos à habitação em Portugal, caiu para os -0,281% face aos -0,269% fixados na sessão anterior. Esta foi a maior queda diária da Euribor deste prazo desde 7 de Janeiro.
Libra toca mínimo de mais de 30 anos
A libra chegou a afundar um máximo de 11,08% contra o dólar, tocando nos 1,3229 dólares, o valor mais baixo desde 1985. Ou seja, é preciso recuar 31 anos para ver a moeda britânica nestes níveis contra a divisa dos EUA. Mesmo face ao euro, que foi também fortemente castigado, a libra caiu 6,33% para 1,2245 euros. A descida só aliviou –8,44% para 1,3622 dólares – com o compromisso dos bancos centrais em injectarem a liquidez que for necessária neste momento de alta volatilidade.
Petróleo afunda mais de 4% e volta a negociar abaixo dos 50 dólares
Os preços do petróleo seguiram o desempenho negativo registado pela generalidade das matérias-primas. O referendo britânico determinou a saída do Reino Unido da União Europeia. Um desfecho que aumentou a aversão ao risco dos investidores. Esta postura acabou por ditar uma nova sessão de perdas aos preços da matéria-prima. O ouro negro voltou mesmo a negociar abaixo dos 50 dólares por barril, em ambos os mercados de referência. Em Nova Iorque, o West Texas Intermediate (WTI) cede 4,19% para os 48,01 dólares por barril, depois de ter chegado a afundar quase 7%, enquanto o Brent, em Londres, deprecia 4,34% para os 48,71 dólares por barril.
Procura por segurança dá melhor sessão desde 2008 ao ouro
O metal precioso contrariou a sessão negativa vivida pela generalidade das matérias-primas, numa sessão marcada pelo referendo britânico. Com os investidores a temerem as consequências que a saída do Reino Unido poderá ter para a economia, acabaram por procurar activos percepcionados como mais seguros. Foi o caso do ouro. O metal chegou a subir mais de 8%, a maior subida desde o pico da crise financeira de 2008, para os 1.358,54 dólares, o valor mais elevado desde Março de 2014.
O Société Générale tinha já publicado uma estimativa de que o metal poderia chegar aos 1.400 dólares por onça em caso de Brexit. O ouro seguia a ganhar 4,93% para os 1.318,86 dólares por onça, elevando para 22,56% a subida em 2016.
Destaques do dia
É oficial. Britânicos votaram para sair da União Europeia - Os resultados já são finais. O Brexit ganhou e o Reino Unido escolheu mesmo sair da União Europeia.
Jean-Claude Juncker: "Isto não é o princípio do fim da União Europeia" - O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, rejeitou que a saída do Reino Unido represente o princípio do fim da União Europeia. O luxemburguês não quer que a incerteza se prolongue e quer "acelerar" as negociações com os britânicos.
Centeno: Portugal tem financiamento assegurado até meados de 2017 - O ministro das Finanças garante que Portugal tem as necessidades de financiamento cobertas até meados do próximo ano, estando preparado para as perturbações de mercado. Em Abril, a Comissão Europeia sublinhou a redução da almofada financeira, para um valor considerado arriscado.
FMI diz estar preparado para apoiar os países - Em comunicado, Christine Lagarde afirma que o FMI está a acompanhar de perto os desenvolvimentos e preparado para apoiar os países membros, se for necessário. Lagarde aplaude as iniciativas do BCE e do Banco de Inglaterra.
Bolsa de Espanha e Itália sofrem as maiores ondas de choque com quedas acima de 10% - As acções espanholas e italianas perdem mais de 10% esta sexta-feira, prejudicadas pelas maiores dúvidas sobre a unidade europeia. Banca está no centro do furacão.
Tudo o que os especialistas financeiros dizem sobre o Brexit - Os britânicos votaram, o Brexit venceu e o impacto nos mercados foi imediato e significativo. Agora, os especialistas dos bancos de investimento e das gestoras de activos avaliam as consequências para o Reino Unido e a União Europeia.
Bancos centrais reagem ao Brexit. Estão preparados para dar liquidez - O Reino Unido vai sair da União Europeia. O resultado foi de 51,9% para o "Leave", posição que está a levar os bancos centrais de todo o mundo a agirem. Saiba o que estão preparados para fazer.
Recessão global? O risco está agora acima de 50% - A T. Rowe Price Group, uma gestora de activos, alerta que o resultado do referendo britânico vai ter um forte impacto na economia. E faz disparar o risco de uma recessão a nível mundial.
Poupança das famílias cai para nível mais baixo dos últimos 17 anos - Nos primeiros três meses do ano, as famílias preferiram consumir do que poupar. O aumento do rendimento disponível ajudou. Este é o nível de poupança mais baixo desde que há registos do INE.
Avaliação bancária das casas sobe pelo segundo mês consecutivo - A avaliação que é considerada pelas instituições financeiras no momento da concessão de crédito para a compra de casa aumentou pelo segundo mês consecutivo.
O que vai acontecer na segunda-feira
Fórum do BCE – Na ressaca do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, os líderes dos principais bancos centrais mundiais, desde Mario Draghi (BCE), a Janet Yellen (Fed), até Mark Carney, do Banco de Inglaterra, vão estar em Sintra, em Portugal. Vão todos participar no Fórum do BCE.
PMI nos EUA – É revelado o índice de gestores de compras (PMI) no sector dos serviços, nos EUA. O dado é de Junho, sendo que os economistas consultados pela Bloomberg antecipam que tenha havido uma melhoria para 51,9 pontos, dos anteriores 51,3 pontos.
Contas da saúde – O Instituto Nacional de Estatística vai revelar a conta satélite da saúde. O dado é referente ao ano 2015