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Ofertas no mercado de trabalho português não estão ajustadas à procura

Um estudo desenvolvido por uma empresa de recrutamento especializado aponta fragilidades ao mercado laboral português. Entre elas, destaque para o desajuste das qualificações de quem procura trabalho face às ofertas do mercado.

26 de Outubro de 2015 às 19:48
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Portugal está na lista dos cinco países com maior desequilíbrio entre oferta e procura de profissionais. Os dados são revelados no relatório Global Skills Index 2015 produzido pela Hays e Oxford Economics, esta segunda-feira, 26 de Outubro. Numa análise ao mercado de trabalho, o relatório produzido mostra que o mercado global tem dificuldade em encontrar profissionais com as qualificações que pretende, registando-se um elevado desajuste entre a oferta e procura laboral.

O estudo baseia-se numa classificação de 0 a 10, sendo a classificação máxima - de 10 valores - sinónimo de maior nível de dificuldade e restrições no mercado de mão-de-obra qualificada de cada país. Para Portugal, a pontuação global de 2015 estabeleceu-se nos 5,9 valores, a mesma pontuação de 2014, o que "sugere que o mercado de trabalho em Portugal permanece frágil, apesar de algumas notícias positivas sobre a economia", pode ler-se no relatório. Neste ranking global, Portugal situa-se assim na 11ª posição.

Entre os indicadores que permitem estabelecer o balanço global, analisam-se a flexibilidade do sistema de ensino, a participação e flexibilidade no mercado de trabalho, o desajuste de talento, a pressão salarial global, a pressão salarial em sectores altamente qualificados e em funções actualmente qualificadas.


O desempenho de Portugal destaca-se pela positiva na flexibilidade do sistema educativo e na pressão salarial global, ambas com 4,7 valores na sua pontuação.

Já os alertas vão para a pressão salarial em sectores altamente qualificados e para o desajuste de talento, que são considerados os dois mais graves problemas do mercado laboral português, ambos com uma classificação de 10 valores. Esta classificação coloca Portugal entre os cinco países com maior desequilíbrio entre oferta e procura de profissionais. A acompanhar Portugal nesta lista dos países com pior desempenho neste segmento estão também o Japão, Estados Unidos da América, Irlanda e Espanha.


As alterações registadas no mercado laboral derivam, principalmente, da crise financeira global, com o aumento do desemprego de longo prazo e os altos níveis de desemprego jovem a afectarem os países com economias mais frágeis. Apesar das elevadas taxas de desemprego, as empresas ainda consideram que é difícil preencher as vagas de trabalho, o que, segundo o estudo da Hays, empresa de recrutamento especializado de profissionais qualificados, permite concluir que existe falta de comunicação entre as qualificações procuradas pelas empresas e aquelas possuídas por quem procura emprego.

Paula Baptista, directora da Hays em Portugal, destaca que "há ainda muito por fazer", mas acrescenta acreditar que o debate sobre o desajuste de competências "começa a ter lugar na sociedade portuguesa". "Trata-se de uma oportunidade única para universidades, empregadores e autoridades nacionais chegarem a acordo sobre a melhor forma de criar e desenvolver a base para um mercado de trabalho mais forte e mais resiliente, que crie competências para o futuro", sublinha a directora.

 O debate sobre o desajuste de competências
começa a ter lugar na sociedade portuguesa

Paula Baptista


O mesmo relatório destaca que Portugal "enfrentou um período muito difícil nos últimos oito anos, devido à crise da Zona Euro". "A economia continua cerca de 6% mais pequena do que estava antes da crise financeira. Além disso, o desemprego continua a rondar os 13%, tendo sido registado um pico de 16% em 2013 – o dobro da taxa de desemprego típica antes do período pré-crise. No entanto, existem sinais de que essa curva possa ter sido ultrapassada", pode ler-se no estudo.


"A economia cresceu o ano passado, pela primeira vez desde 2010, e é expectável que cresça durante este ano e no próximo, projectando-se também uma descida da taxa de desemprego. Apesar de se esperar uma recuperação modesta, há uma clara melhoria face ao passado recente", acrescenta o relatório.


A nível global, nos últimos 12 meses registou-se uma evolução positiva de 0,09 valores, com destaque para a América do Norte que registou a melhor evolução com uma subida de 0,16 valores de 2014 para 2015. Também a Europa registou crescimento semelhante, com um aumento de 0,15, e a Ásia 0,06 valores. Já a América Latina e os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), registaram um abalo no mercado laboral, com uma queda de 0,26 e 0,06, respectivamente. Este retrocesso pode encontrar explicação na entrada da economia brasileira em recessão bem como nos sinais de abrandamento das economias do Chile e da Colômbia, ambas assentes em exportações, explica o relatório.

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