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Arménio Carlos: acordo sobre salários “está a andar para trás a toda a velocidade”
À entrada da reunião de concertação social, o secretário-geral da CGTP sublinha que o novo documento admite que as empresas e os setores possam decidir aumentos abaixo do referencial que venha a ser estabelecido em concertação social.
Arménio Carlos, que este fim-de-semana abandona a liderança da CGTP, considera que em cada reunião sobre o acordo sobre rendimentos e competitividade o Governo se aproxima mais das posições das associações patronais.
À entrada da reunião de concertação social onde o assunto vai ser discutido, com base numa proposta que aponta várias caminhos sem quantificar propostas, deixando grande parte das medidas dependentes do que se venha a decidir em negociação coletiva, o secretário-geral da CGTP considerou que o último documento "é desequilibrado", e que "não só mantém a cartelização dos salários por um nível máximo como prevê expressamente que os aumentos salariais possam ficar abaixo do referencial.
"Desde o anúncio da apresentação da proposta de acordo de rendimentos que o primeiro-ministro fez no dia da tomada de posse cada reunião que se faz é sempre para retroceder no que diz respeito aos trabalhadores", disse aos jornalistas.
"Eu recordo: o primeiro-ministro anunciou política de rendimentos na tomada de posse. A primeira proposta que nos foi apresentada na concertação social foi uma proposta de acordo para a competitividade e rendimentos. Depois, na terceira reunião o referencial que era apresentado para aumentar salários desapareceu, ficámos com generalidades, e agora vão mais longe, já dizem que pode-se discutir um referencial mas que os patrões, no âmbito da negociação coletiva, até podem dispor de valores salariais inferiores ao referencial", descreveu.
"Isto em vez de andar para a frente, está a andar para trás a toda a velocidade", concluiu, convidando o PS a "refletir" sobre as propostas que o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, está a apresentar.
A CGTP insiste: a dinamização da contratação coletiva não se consegue sem a revogação da caducidade dos acordos, que está na lei desde 2003.
"Não há dinamização da contratação coletiva se se mantiver a norma da caducidade. Se analisarem os dados da DGERT relativos a 2019 o que constatam é que o nível de trabalhadores abrangidos pela contratação coletiva foi inferior ao número de 2018", não chegando a 900 mil trabalhadores.
Referindo que nos últimos vinte anos a produtividade subiu 17% e os salários reais cresceram 5%, o líder da intersindical sustenta que é preciso ter em conta a evolução histórica na definição de políticas sobre o que se fará daqui para a frente.
Propostas sobre salários levam a aumento da contestação
"Então diga-me lá: se os trabalhadores da administração pública estão a ser confrontados com propostas de aumentos de seis ou sete euros por mês, o que é que estão à espera que façam? Se os trabalhadores do privado estão a ser confrontados com propostas que não identificam nada e mantêm tudo como está, de que é que estão à espera? Claro que vamos lutar", disse.
Arménio Carlos deixa este fim-de-semana a liderança da CGTP, passando o testemunho a Isabel Camarinha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Escritórios (CESP).
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