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Trump lança novas tarifas sobre importações chinesas de 200 mil milhões

Cinco dias depois da entrada em vigor das tarifas aduaneiras dos EUA sobre produtos chineses, às quais Pequim respondeu na mesma medida, Trump volta à carga e cumpre a ameaça: já lançou uma lista de produtos oriundos da China no valor equivalente a mais 200 mil milhões de dólares, sobre os quais pretende impor tarifas.

Reuters
11 de Julho de 2018 às 00:36
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Na passada sexta-feira, 6 de Julho, arrancaram as novas tarifas aplicadas a produtos chineses e americanos, no valor de 34 mil milhões de dólares de cada um dos lados. O valor total definido era de 50 mil milhões, mas Washington começou por lançar tarifas apenas sobre parte desse valor, sendo acompanhado na mesma proporção por Pequim.

 

O presidente norte-americano tinha advertido que se a China retaliasse, poderia impor tarifas sobre o equivalente a mais 200 mil milhões de dólares em produtos chineses entrados nos EUA. E foi o que aconteceu. Pequim não se deixou ficar e Trump não gostou.

 

A Casa Branca está assim a preparar-se para mais uma "ronda de tarifas" sobre produtos chineses e o número dos 200 mil milhões de dólares é mesmo o que está em cima da mesa. A lista provisória de produtos a taxar neste valor já foi lançada por Trump.  A acontecer, virá juntar-se aos 50 mil milhões já definidos.

Mas a guerra está longe de ficar por aqui. A China reagiu à nova lista prometendo nova retaliação, cumprindo a promessa de que irá sempre responder na mesma proporção - o que levou Donald Trump a chegar a referir um patamar de 500 mil milhões de dólares. Tudo para "punir" a China pelo roubo de propriedade intelectual norte-americana, diz.

O representante norte-americano para o Comércio, Robert Lighthizer, divulgou esta terça-feira uma lista de produtos adicionais que poderão ser alvo de tarifas de 10%. Entre eles inclui-se marisco, fruta e vegetais, fio de algodão, lã, casacos impermeáveis e luvas de basebol, refere a CNN.

Lighthizer declarou, citado pelo Financial Times, que esta nova medida pelo facto de a China estar a retaliar na mesma medida. "Está a fazê-lo sem qualquer justificação ou base legal internacional", acusou.

Nas actas da reunião de 12 e 13 de Junho da Fed, divulgadas na semana passada, a autoridade monetária dos EUA alertava para os "riscos associados à política comercial" da maior economia mundial. É que, neste "dá e leva", muitos bens norte-americanos ficam também numa posição desfavorável, como é o caso da soja - maior produto de exportação dos Estados Unidos para a China -, que foi alvo das tarifas chinesas. O mesmo acontece a muitas empresas norte-americanas cujas receitas dependem grandemente da China, como é o caso das companhias de semicondutores.

Bolsas e dólar em baixa

Na Ásia, o anúncio desta terça-feira pela Administração Trump está a reflectir-se negativamente na abertura das bolsas. Nos EUA, os principais índices de Wall Street, que encerraram a sessão regular em alta, seguem agora no "after-hours" a negociar no vermelho. 

No mercado das divisas, o dólar já está a ceder terreno face ao iene, depois de ter atingido máximos de sete semanas no câmbio com a moeda japonesa.

 

O braço-de-ferro entre os EUA e a China

 

Foi a 15 de Junho que a Casa Branca anunciou que iria avançar com as prometidas tarifas aduaneiras sobre a entrada de produtos chineses nos EUA, num valor ascendendo a 50 mil milhões de dólares.

 

Nessa altura, a Administração Trump referiu que, depois do "feedback" positivo obtido junto da população no documento que colocou sob escrutínio, avançaria a partir de 6 de Julho com as tarifas sobre o equivalente a 34 mil milhões de dólares (818 produtos chineses).

 

As tarifas sobre os 284 produtos que perfazem o restante valor de 16 mil milhões de dólares [para atingir os 50 mil milhões] só entrarariam em vigor quando houvesse mais comentários da opinião pública sobre este tema, esclareceram.

 

Mas as coisas não se ficaram por aqui. Pequim reagiu no próprio dia e disse que também iria impor tarifas adicionais de 25% sobre 659 produtos norte-americanos avaliados em 50 mil milhões de dólares.

 

A China explicou que as tarifas sobre o equivalente a 34 mil milhões de dólares de produtos americanos (545 itens] entrariam em vigor também a 6 de Julho, adiantando que as tarifas sobre os restantes produtos, até que o valor atingisse os 50 mil milhões de dólares, seriam anunciadas mais tarde.

 

O presidente norte-americano declarou no próprio dia que decretaria medidas adicionais se Pequim retaliasse. E assim foi. A 19 de Junho, Donald Trump ameaçou impor uma tarifa de 10% sobre o equivalente a mais 200 mil milhões de dólares em importações de produtos chineses. A China advertiu que iria reagir em conformidade (qualitativa e quantitativamente).

 

Agora, com a retaliação de Pequim na sexta-feira passada, Trump avançou para concretizar a sua ameaça.

 
O aço e o alumínio 

Recorde-se que as tensões comerciais Washington-Pequim começaram a subir de tom quando Trump anunciou tarifas aduaneiras da Casa Branca sobre o aço e alumínio chinês – além de impor também essas medidas proteccionistas a outros grandes parceiros comerciais, como a União Europeia e os seus parceiros do NAFTA (México e Canadá).

 

No que toca ao México e Canadá, bem como à UE, muita água tem corrido, com Trump a disparar para todos os lados.

 

Ainda no terreno do jogo EUA-China, Washington tem dito ainda que quer travar a compra de empresas norte-americanas por parte de empresas com pelo menos 25% de capital chinês, o que veio aumentar a crispação entre os dois países.


(notícia actualizada às 07:31 com nova informação sobre o lançamento da lista de tarifas)

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