O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, acentuou hoje o seu discurso de que a autoridade monetária está preparada para subir as taxas de juro para suster a inflação na Zona Euro. Os economistas acreditam agora que uma subida de juros já em Dezembro é mais provável.

«Depois de dois anos e meio de manutenção das taxas de juro em níveis historicamente baixos, considero que o conselho de governadores está preparado para tomar a decisão de mexer nas taxas de juro do nível actual» tendo em consideração o nível de risco da inflação, afirmou o responsável, à margem de uma conferência de imprensa sobre banca, de acordo com a Bloomberg.

«Isto vai retirar alguma acomodação» à actual política monetária, disse Trichet, que já tem vindo a preparar os mercados para um aumento dos juros, mas hoje fê-lo de forma mais acentuada.

A última vez que o BCE aumentou a taxa de juro de referência para a Zona Euro foi em Outubro de 2000, e desde Junho de 2003 que não mexe no preço do dinheiro, que se encontra actualmente nos 2%.

Esta é a primeira vez que o Trichet diz explicitamente que o BCE está preparado para subir os juros e sugere, de acordo com a Bloomberg, que a alteração dos juros poderá já ser realizada na próxima reunião do conselho, agendada para dia 1 de Dezembro.

«Eles [BCE] decidiram» afirmou à Bloomberg um economista do BNP Paribas, Luigi Speranza, que acrescentou que «a alteração surgiu quando viram que o choque do preço do petróleo não estava a prejudicar tanto o crescimento como se esperava. Essa foi [a altura] de reviravolta».

Em reacção o euro interrompeu as perdas registadas esta manhã e subia 0,01% para os 1,1750 dólares, mas após o discurdo do responsável chegou a subir quase 0,5%.

Jean-Claude Trichet disse ainda que é «importante continuar a ancorar as expectativas de inflação solidamente» em relação à Zona Euro.

Desde a última reunião do BCE e do discurso do presidente do banco em que ele disse que a instituição estava preparada para subir os juros a «qualquer altura» que vários responsáveis políticos se insurgiram à medida, alegando que essa decisão poderá afectar o crescimento económico da região.

Responsáveis de governos europeus e representantes da indústria apelaram para que o BCE não suba as taxas de juro, indicando receios de que esta medida vá aumentar os custos dos créditos e dificultar a recuperação económica da Zona Euro.

«As taxas de juros não devem ser aumentadas porque seria negativo para o crescimento económico e a pressão sobre os preços está relacionado apenas com o petróleo e nada mais», afirmou no início do mês Ernest-Antoine Seilliere, responsável de uma federação de mais de 20 milhões de empresários de 33 países da Europa.