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Salão Automóvel vem aí mas a "emergência financeira" continua a ser uma nuvem sobre Detroit

As novidades do sector automóvel vão ser desvendadas na cidade de Detroit a partir desta segunda-feira. Em Julho, iniciou-se o processo da maior falência de sempre de um município.

13 de Janeiro de 2014 às 11:00
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Está aí o Salão de Detroit. Realiza-se há mais de um século. 1907 foi o primeiro ano. Tantos anos depois, 2014 traz uma novidade. É a primeira vez que o salão automóvel vai ocorrer desde que a cidade pediu insolvência.

 

O “berço da indústria automóvel americana” continua a receber o salão que a celebrizou. Este ano, praticamente todas as grandes fabricantes automóveis, entre Ford e Chrysler, vão trazer novidades, segundo adianta o jornal americano "USA Today". Mas, fora do salão, tudo continua numa frágil situação (agravada pelos fortes nevões destas semanas).  

 

Os carros que circulam nas ruas deparam-se com semáforos desligados. Mais de metade de Detroit não tem iluminação pública. Onde antes eram fabricados os automóveis que deram vida e fama à cidade, hoje inundam os “graffiti”. “A cidade permanece em emergência financeira”, escreve Kevyn Orr, o gestor de emergência de Detroit, no site do município.

 

Detroit, no Estado de Michigan, é um exemplo de decadência. E de insolvência. Detroit iniciou o maior processo de falência municipal, tendo solicitado, em Julho do ano passado, a protecção contra credores. Enquanto as empresas norte-americanas recorrem ao capítulo 11 do código de falências, Detroit pediu protecção ao abrigo do capítulo 9. Apresenta uma dívida de longo prazo avaliada em 18 mil milhões de dólares (13,2 mil milhões de euros). A autorização para a falência chegou em Dezembro.

 

De acordo com a agência Bloomberg, o serviço da dívida da cidade consome 42,5% das receitas obtidas. Receitas essas em queda, já que há cada vez menos cidadãos para pagar impostos. São 700.000 habitantes numa cidade que já teve mais de 1,85 milhões de residentes.

 

Detroit tem um administrador de insolvência: Orr. Nomeado em Março do ano passado pelo governador de Michigan, Rick Snyder, para corrigir os desequilíbrios das finanças de Detroit, Orr pretende implementar o plano de insolvência até Setembro, altura em que termina o seu mandato. Primeiro, precisa de chegar a acordo com os credores que seja autorizado pelo tribunal que aceitou o pedido de protecção contra esses credores.

 

Neste momento, há reuniões entre a cidade e aqueles a quem Detroit deve para que seja possível encontrar um entendimento. Entre os principais credores estão pensionistas ou fundos de pensões. Os acordos não estão fáceis. Os reformados processaram o município por querer reduzir os subsídios pagos para cuidados de saúde.

 

“A decisão da cidade de se afastar dos seus aposentados, todos eles tendo dedicado grande parte dos anos a trabalhar em seu nome, é injusta”, comentam os representantes dos aposentados no documento judicial, citado pela agência Bloomberg. “Dado que muitos reformados dependem destes benefícios para a manutenção de cuidados de saúde vitais, a possibilidade de ocorrência de mortes ou de ferimentos é elevada”.

 

Este não é único entendimento a que Detroit tem de chegar. São vários os credores com quem é preciso um acordo. Um outro é com os fundos de pensões. “A cidade estima que ambos os fundos de pensões possam apresentar um subfinanciamento de 3,5 mil milhões de dólares e não tem meios para cobrir tal buraco. O subfinanciamento é um dos grandes problemas que conduziu à insolvência da cidade. Detroit tem aproximadamente 22.000 reformados que recebem pensões mas apenas 9.000 funcionários activos suportam tais fundos”, defende a câmara.

 

O processo de insolvência, depois de definidos os acordos e aceites em tribunal, poderá ficar resolvido em Setembro. Até lá, os serviços básicos poderão permanecer a meio-gás. Quando a cidade pediu protecção contra credores, esse facto serviu como um argumento: apenas um terço das ambulâncias circula pelas ruas; há 38 mil edifícios em risco de ruir numa cidade em que 78 mil prédios estão vazios.

 

Para o declínio de Detroit contribuiu, também, o sector automóvel, precisamente aquele que ainda dá alguma vida à cidade-sede da General Motors. Apesar de se realizar aí o salão automóvel, as fabricantes preferiram abandonar aquela cidade em busca de locais de produção mais atractivos. Foram cortados centenas de postos de trabalho. Com isso, aumentou a emigração. Diminuíram as receitas com impostos. E lá foi aumentando a dívida. 

 

 

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