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PR diz que presença de Draghi no Conselho de Estado foi "um sucesso"

O Presidente da República classificou a presença do presidente do Banco Central Europeu no Conselho de Estado como "um sucesso" e "muito enriquecedora".

Miguel Baltazar
10 de Abril de 2016 às 20:12
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No final das comemorações dos 140 anos da Caixa Geral de Depósitos, que decorreram em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre a presença de Mario Draghi no primeiro Conselho de Estado do mandato, que teve lugar na quinta-feira, e foi peremptório: "Estou muito feliz com poder dizer que, da óptica do Presidente da República, foi um sucesso a vinda do presidente do Banco Central Europeu".

Para Marcelo Rebelo de Sousa "foi uma ocasião única e muito enriquecedora e é assim que se deve ler globalmente a mensagem" deixada por Draghi.

Questionado sobre as críticas de ingerência dos assuntos internos que foram feitas à esquerda do espectro político, o chefe de Estado afirmou que "as instituições europeias fazem parte da nossa vida porque isso é resultado da partilha de soberania".

"Nós temos que ter a noção de que hoje a realidade é a seguinte: a supervisão do sistema financeiro pertence em primeira linha ao BCE, no caso português como no caso de outras economias europeias. Funciona um pouco como um super banco central para estas economias", acrescentou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, em Portugal todos estão habituados e acham normal que "o banco central português formule as suas opiniões, faça as suas análises, divulgue os seus relatórios sobre a economia portuguesa".

"Temos que nos habituar à ideia de que a Europa não é uma realidade longínqua", pediu, defendendo que não haja admiração "com aquilo que é natural na vivência feita, como se viu na elaboração do orçamento, de diálogo, de confronto de pontos de vista entre instituições nacionais e instituições europeias".

Para o chefe de Estado, a vinda de Draghi "foi um momento singular e único", que permitiu a todos conhecessem "em pormenor o pensamento do presidente do BCE não apenas nas palavras que leu, mas naquilo que disse enquanto esteve em Lisboa".

Ainda este fim-de-semana, o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, classificou como "inadmissíveis e de inaceitável ingerência" as declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.

"Temos afirmado o direito do país e dos portugueses a um desenvolvimento soberano livre da submissão à dependência e ao declínio que nos querem impor, um direito que nos querem negar em nome dos interesses do capital transnacional, dos chamados mercados, do directório de potências que comanda o processo de integração capitalista da União Europeia", disse Jerónimo de Sousa, em Ponta Delgada, Açores, no encerramento do X Congresso da Organização da Região Autónoma dos Açores do PCP.

Para o líder do PCP, "o atrevimento é tal que já nem os mentores deste caminho procuram disfarçar".

"As afirmações inadmissíveis e de inaceitável ingerência de Mário Draghi, presidente do BCE, tornadas públicas pela comunicação social, são disso exemplo", adiantou, referindo que aquelas quiseram reafirmar "o caminho de desastre e exploração que faz as delícias da Comissão Europeia e do BCE".

Segundo Jerónimo de Sousa, "para Draghi isso já não é suficiente", tratando-se "agora de recomendar a alteração às leis eleitorais e a revisão da Constituição da República".

"As intenções ficam para quem as assume, o que importa sublinhar é que este atrevimento, para lá da concepção neocolonial que comporta" é explicável "pela subserviência que as instituições europeias encontraram na política de direita e de modo particular na governação de PSD/CDS dos últimos anos", acrescentou.

Para o secretário-geral comunista, "eles onde sentem mole carregam sempre mais", considerando que "é este o rumo" que querem impor ao país e "não toleram sinais, por mais tímidos que sejam, de resistência e enfrentamento".

"É para isso que procuram com o recurso a instrumentos de submissão, seja o Tratado Orçamental ou o semestre europeu de que os chamados programas de reformas ou de estabilidade são filhos", declarou, garantindo que o PCP continuará "a intervir para defender os interesses nacionais".

O presidente do BCE, Mario Draghi, esteve presente na quinta-feira na primeira reunião do Conselho de Estado do mandato do novo Presidente da República, a convite do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, na qual fez uma exposição "sobre a situação económica e financeira europeia".

Durante a sua intervenção, o presidente do BCE afirmou que o banco central acolhe com agrado o compromisso das autoridades portuguesas em preparar medidas adicionais para cumprir as determinações do Pacto de Estabilidade e Crescimento, mas avisou que "não se justifica anular reformas anteriores".

Para o presidente do banco central, "os esforços desenvolvidos por Portugal foram notáveis e necessários" e há "sinais claros" de que estão a "dar fruto", mas persistem "desafios importantes, dado a área do euro continuar a ser negativamente afectada por um crescimento potencial reduzido e por um desemprego estrutural elevado".
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