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Portugal foi o país onde mais se agravou a diferença salarial entre mulheres e homens

De 8 para 15%. Foi assim que evoluiu o “gap” salarial entre homens e mulheres em Portugal, entre 2000 e 2011. Esta regressão, a par de um aumento do desemprego junto das mulheres, levou Portugal a cair no índice “Mulheres no Mercado de Trabalho”, da PwC, para a 14ª posição.

08 de Março de 2014 às 00:01
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É cada vez maior a diferença entre o que ganham os homens e o que ganham as mulheres em Portugal. Em 2011, o “gap salarial” fixou-se nos 15%. Em 2010, tinha ficado nos 13% e em 2000 era de 8%. Esta variação deixa o País isolado na dianteira dos membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com maior agravamento da diferença salarial nestes 11 anos.

 

Aliás, no conjunto de 27 países da OCDE, além de Portugal, só a Suécia e Israel aumentaram a diferença salarial entre géneros, ainda que de forma praticamente insignificante, como se pode confirmar no estudo anual divulgado esta sexta-feira pela PwC, na véspera do Dia Internacional da Mulher, que hoje se comemora. Ainda assim Portugal continua abaixo da média da OCDE (16%).

 

Maria Torres, partner e diversity leader da PwC Portugal, considera “verdadeiramente preocupante” este “aumento contínuo do gap salarial entre homens e mulheres” e considera que essa evolução “não pode, nem deve, encontrar justificações na crise”.

 

Outro dos indicadores onde Portugal mais se destaca pela negativa é no do desemprego. O País surge em 25ª posição no ranking, com uma taxa de desemprego entre as mulheres de 16% em 2012, muito acima daquela que se registava em 2000. Pior, só Espanha (26%) e Grécia (28%).

 

A regressão nestes dois indicadores levou Portugal a cair no índice “Mulheres no Mercado de Trabalho”, da consultora PwC. Em 2012, o País ocupava a 14.ª posição entre os 27 países, tendo caído quatro posições desde 2011 e 10 desde 2000.

 

Segundo a consultora o indicador em que Portugal se encontra melhor posicionado é o da empregabilidade das mulheres a tempo inteiro, onde está em 5.º lugar.

 

A consultora refere ainda que, apesar de se ter verificado um ligeiro aumento da representação feminina nos conselhos de administração das empresas, em Portugal continuam a não existir políticas de discriminação positiva, “como o estabelecimento de quotas para a contratação de mulheres”.

 

6 de Março, o Dia Nacional da Igualdade Salarial

Estes dados não diferem muito daqueles que foram divulgados pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia. De acordo com a informação revelada pelo Governo, a remuneração média mensal das mulheres correspondia a 81,5 % da dos homens, pelo que a disparidade salarial se traduzia em 18,5 % em desfavor das mulheres.

 

Ainda esta semana a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego assinalou o dia 6 Março como o Dia Nacional da Igualdade Salarial, ou seja, o dia a partir do qual as mulheres teriam que trabalhar num ano para atingir o mesmo salário que os homens ganharam no ano anterior.

 

Já segundo os dados do Eurostat, que utiliza uma metodologia diferente no cálculo da diferença salarial, por usar um critério assente no valor de base horário, em 2012 esta diferença foi de 15,7 %.

 

A PwC baseia-se em dados da OCDE para a realização deste estudo anual.

 

Governo aprova medidas para promover igualdade salarial

Preocupado com a diferença salarial que persiste entre mulheres e homens, o Governo aprovou esta semana em Conselho de Ministros uma resolução, publicada esta sexta-feira, que determina, desde logo, a inclusão na agenda para debate na concertação social, do relatório referente às diferenciações salariais, já concluído pelo Governo, por ramos de actividade.

 

O Executivo “intensifica” ainda um conjunto de medidas com vista à promoção da igualdade salarial. Entre as medidas aprovadas, determina-se que as empresas do sector empresarial do Estado promovam, de três em três anos, a elaboração de um relatório sobre as remunerações pagas a mulheres e homens “tendo em vista o diagnóstico e a prevenção de diferenças injustificadas nas remunerações” e, na sequência deste relatório, as empresas fiquem obrigadas a dar respostas concretas às situações de desigualdade detectadas.

 

Ficou ainda definido que se criem os mecanismos necessários, designadamente em sede de regulamentação, “para considerar como critério de valoração positiva para a selecção de candidaturas a fundos de política de coesão, a maior igualdade salarial entre mulheres e homens que desempenham as mesmas ou idênticas funções na empresa ou entidade”.

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