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Jean-Claude Trichet: "Não há espaço para complacência por parte dos governos"

O ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) aplaude as reformas de Portugal, Irlanda e Grécia.

21 de Janeiro de 2014 às 21:45
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"As coisas estão a ir no caminho certo", disse Jean-Claude Trichet, antigo presidente do BCE. O francês diz-se "muito encorajado pelo que tem sido feito em Portugal". Os mercados estão a premiar o "ajustamento difícil, mas inevitável, que foi feito", mas apesar da acalmia na crise "continuamos numa situação em que não há espaço para complacência por parte dos governos".

As declarações de Trichet foram proferidas num encontro com jornalistas à margem da conferência anual da seguradora de créditos francesa Coface, em Paris. Minutos antes, o presidente honorário do Banco de França disse perante uma plateia de várias centenas de empresários e economistas que "seria ingénuo pensar que abandonámos definitivamente as águas turbulentas que temos navegado desde 2007".

"Os países desenvolvidos ainda têm muitos problemas, que temos de resolver com determinação". As políticas "audazes com que os bancos centrais têm contribuído para evitar o que poderia ter sido uma crise pior do que a de 1929, nos EUA, apenas servem para dar tempo para que os governos corrijam as imperfeições nas respectivas economias".

Em Portugal, ainda que não só, Trichet espera que "a crise tenha servido de alerta" e que, se não forem corrigidas as fragilidades - em especial a respeito dos índices de competitividade – "poderemos ter problemas graves no futuro". A crise demonstrou que "no mundo não existe forma de financiar défices orçamentais e da conta corrente de forma eterna", afirmou.

Elogiando o facto de Portugal, Irlanda e Grécia terem agora um ligeiro excedente, que lhes "dá alguma margem de manobra para crescer", Trichet recusou comentar o que poderá fazer o Governo português no final do programa de assistência. "Não quero substituir-me às autoridades portuguesas", sobre a necessidade ou não de um programa cautelar. "O que conta é o julgamento que Portugal fará da sua própria capacidade de convencer os investidores a confiar no seu crédito", disse.

Financiamento à economia

O principal desafio das autoridades políticas e do Banco Central Europeu, nesta fase, é "restaurar o financiamento às economias", e isso só pode ser feito "com os bancos a limparem a casa e progredir de forma rápida na união bancária e ao mecanismo de resolução de bancos".

É "fundamental que os bancos limpem a casa para que, a par da união bancária para a qual Trichet pede "determinação", os investidores não acrescentem um prémio de risco dos bancos ao prémio de risco subjacente à empresa que quer financiar-se. Só dessa forma serão reduzidos os custos de financiamento nos países da periferia, que pagam taxas duas a três vezes mais altas do que as empresas alemãs ou francesas.

 

*Em Paris, a convite da Coface

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