Na passada segunda-feira, 6 de janeiro, a administração da Siemens Gamesa anunciou aos trabalhadores que a empresa iria avançar com um despedimento coletivo de 222 pessoas da fábrica sediada no parque industrial de Soza, em Vagos.

O Negócios contactou a empresa, a autarquia de Vagos, a Junta de freguesia de Soza e o sindicato, mas ainda não conseguiu obter esclarecimentos sobre esta situação.

À Vagos FM, fonte oficial da empresa explicou que em causa está a adaptação da capacidade de produção "à paragem das vendas" das suas "turbinas 4.X e 5.X onshore", estando prevista uma redução significativa a partir do próximo mês.

"A implementar medidas de reestruturação abrangente com o objetivo de regressar à rentabilidade", a Siemens Gamesa afiança que a unidade de Vagos "continuará a ser um importante local de produção" para o seu "negócio ‘onshore’ no futuro", sendo que, após a redução do seu efetivo, "a fábrica empregará mais de 1.000 pessoas".

Sobre as 222 pessoas abrangidas pelo despedimento coletivo, a mesma fonte da Siemens Gamesa garantiu à Vagos FM, sem detalhar, que a empresa está "a negociar um pacote de compensação mais elevado do que a compensação mínima prevista na legislação local".

Fundada há 18 anos, tendo começado a laborar em 2009, a então conhecida por fábrica de pás eólicas Ria Blades foi adquirida à Senvion pelo grupo Siemens Gamesa em abril de 2020, num negócio – que envolveu outros ativos – avaliado em 200 milhões de euros.   

O anúncio deste despedimento coletivo em Vagos surge um mês depois de o grupo alemão ter sido elogiado pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C), entidade que coordena a aplicação dos fundos europeus em Portugal.

No âmbito de uma série de publicações intituladas "Na Rota dos Fundos Europeus", o que é dedicado ao Ambiente e Energia destaca o projeto "Windturbine 5.X Blades | Pás eólicas onshore de grande dimensão e eficiência", promovido pela Siemens Gamesa em Vagos.

"Este projeto é um exemplo claro de como os fundos europeus, através do Compete 2020, têm sido um catalisador de inovação em Portugal", enfatiza o programa de apoios às empresas, que atribuiu à empresa um incentivo de 5,2 milhões de euros para um investimento elegível de 34,9 milhões de euros.

"A iniciativa envolveu a instalação de seis novas linhas produtivas, com o objetivo de atingir uma capacidade anual de produção de cerca de 230 conjuntos de pás eólicas até 2025", refere o Compete 2020 numa publicação datada de 4 de dezembro passado.