Na sequência da notícia sobre o despedimento coletivo de 222 trabalhadores da Siemens Gamesa anunciado pelo grupo alemão ao seu efetivo em Vagos, na passada segunda-feira, a Siemens Energy explicou ao Negócios, por escrito, "que a empresa está a implementar medidas de reestruturação abrangentes com o objetivo de regressar à rentabilidade".

"No âmbito destas medidas, temos de adaptar a nossa capacidade de produção à paragem das vendas das nossas turbinas 4.X e 5.X onshore. Isto aplica-se à nossa fábrica em Vagos, em Portugal, onde o nosso atual plano de trabalho prevê uma redução significativa a partir de fevereiro de 2025", adiantou fonte da divisão de energia da multinacional germânica e dona da Siemens Gamesa. 

"É por isso que temos de reduzir 222 postos de trabalho dos atuais 1.300 postos", confirmou, afiançando que, "após a redução, a fábrica empregará mais de 1.000 pessoas e continuará a ser um importante local de produção para o nosso negócio onshore no futuro".

Sobre as 222 pessoas abrangidas pelo despedimento coletivo em Vagos, a Siemens Energy garante, sem detalhar, que "a empresa está a negociar um pacote de compensação mais elevado do que a compensação mínima prevista na legislação local".

"Não podemos adiantar pormenores, pois isso faz parte das negociações com cada colaborador", justificou.

O anúncio deste despedimento coletivo em Vagos surge um mês depois de o grupo alemão ter sido elogiado pela Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C), entidade que coordena a aplicação dos fundos europeus em Portugal.

No âmbito de uma série de publicações intituladas "Na Rota dos Fundos Europeus", dedicadas ao Ambiente e Energia, destaca o projeto "Windturbine 5.X Blades | Pás eólicas onshore de grande dimensão e eficiência", promovido pela Siemens Gamesa em Vagos.

"Este projeto é um exemplo claro de como os fundos europeus, através do Compete 2020, têm sido um catalisador de inovação em Portugal", e enfatiza o programa de apoios, que atribuiu à empresa um incentivo de 5,2 milhões de euros para um investimento elegível de 34,9 milhões de euros.

"A iniciativa envolveu a instalação de seis novas linhas produtivas, com o objetivo de atingir uma capacidade anual de produção de cerca de 230 conjuntos de pás eólicas até 2025", refere o Compete 2020 numa publicação datada de 4 de dezembro passado.

Fundada há 18 anos, tendo começado a laborar em 2009, a então conhecida por fábrica de pás eólicas Ria Blades foi adquirida à Senvion pelo grupo Siemens Gamesa em abril de 2020, num negócio – que envolveu outros ativos – avaliado em 200 milhões de euros.