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Caso dos vistos gold leva Miguel Macedo a apresentar demissão
Miguel Macedo não assume qualquer culpa ou responsabilidade pessoal no caso dos vistos gold mas refere que a sua autoridade ficou diminuída. Pedro Passos Coelho aceitou o pedido de demissão do ministro da Administração Interna e já o comunicou à Presidência da República. Gabinete do primeiro-ministro promete substituição em breve.
"Não assumo, porque não tenho, qualquer culpa ou responsabilidade pessoal [no caso dos vistos gold]. Só hoje concretizo a minha intenção inicial [de demissão] porque aceitei fazer a reflexão que o primeiro-ministro, generosamente, me pediu", afirmou Miguel Macedo numa breve declaração aos jornalistas na sede do Ministério da Administração Interna onde anunciou a sua demissão do cargo.
Miguel Macedo confirmou que teve a intenção de se demitir assim que foram conhecidas as buscas da Polícia Judiciária na passada quinta-feira, 13 de Novembro. No entanto, a pedido de Pedro Passos Coelho, o ministro aceitou reflectir e adiar a sua demissão.
Na sua breve declaração, sem direito a perguntas dos jornalistas, Miguel Macedo começou por afirmar que "não tem qualquer intervenção com a atribuição dos vistos gold e com as investigações em curso. Ou seja pessoalmente não sou responsável por nada".
No entanto, acrescentou Macedo, "apesar de não ter responsabilidade pessoal, no plano político as coisas são diferentes". "Um ministro tem que ter sempre uma forte autoridade para o exercício pleno das suas funções e essa autoridade ficou diminuída", afirmou o responsável, acrescentando que abandona funções "para não prejudicar o Governo".
O pedido de demissão de Miguel Macedo já foi aceite por Pedro Passos Coelho. Perto das 21h15, o gabinete do primeiro-ministro emitiu uma nota, citada pela SIC Notícias, onde refere que já comunicou a demissão ao Presidente da República e promete substituição em breve.
O anúncio de Miguel Macedo acontece três dias depois após a Polícia Judiciária ter detido 11 pessoas suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e peculato, relacionados com a atribuição de vistos gold.
Nesta operação foi detido o director nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Jarmela Palos, [entretanto acusado de dois crimes de corrupção passiva] a secretária-geral do Ministério da Justiça (MJ), Maria Antónia Anes, e o presidente do Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, de acordo com fontes do SEF e do Ministério da Justiça.
No âmbito da chamada "Operação Labirinto", até ao momento, foram ouvidos seis dos 11 detidos, pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, entre as quais o director do SEF, dois funcionários do IRN e três cidadãos chineses, estando a decorrer a audição de um empresário português, segundo próximas do processo.
(Notícia actualizada às 21h17)