Manuela Ferreira Leite criticou os comentários de Pedro Passos Coelho sobre o documento que propõe a reestruturação da dívida. Para a antiga presidente do PSD, é um "insulto" que o primeiro-ministro considere que há uma agenda política da parte dos 70 subscritores.

No espaço de comentário da TVI24, Ferreira Leite acrescentou que a questão da dívida estará no centro da discussão europeia: "Se nós não pensarmos e não debatermos [a questão da dívida], fazemos o quê nas eleições europeias?". Para a economista, a questão da dívida "ou bem que se discute agora ou então não vale a pena".

A antecessora de Passos Coelho na liderança do PSD também criticou a reacção do primeiro-ministro ao "manifesto dos 70" e negou eventuais efeitos sobre os mercados. "Mandam-nos

calar, porque há efeitos sobre os mercados que não existem. Todos sabem que não existem. Pior do que mandar calar em democracia é tratar-nos como papões. Eu não tenho idade para ter medo do papão", acrescentou Ferreira Leite.

Sobre as demissões de Armando Sevinate Pinto e Vítor Martins, a economista apenas referiu ser "amiga" de duas pessoas pelas quais tem "enormíssima” consideração. Os dois ex-conselheiros do Presidente da República foram colegas de governo de Ferreira Leite: Sevinate Pinto como ministro da Agricultura no executivo de Durão Barroso e Vítor Martins como secretário de Estado para os Assuntos Europeus no segundo e terceiro governos de Cavaco Silva.

O "Manifesto dos 70" é um documento, assinado por 70 personalidades, que defende que Portugal discuta a reestruturação da sua dívida junto dos credores. Entre os signatários estão personalidades como Bagão Félix, Francisco Louçã, Diogo Freitas do Amaral e Manuel Carvalho da Silva.