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Investir na Grécia? Não enquanto permanecer no euro, diz Soros

George Soros continua muito crítico da gestão hegemónica da crise do euro por Angela Merkel, mas elogia-lhe a actuação da crise ucraniana e dos refugiados. Pena que não tenha demonstrado mais cedo o estilo de liderança actual, lamenta o investidor.

Negócios 19 de Janeiro de 2016 às 10:03
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Na perspectiva de um investidor, como George Soros o é, a Grécia é um país que não tem interesse. Pelo menos não o tem enquanto permanecer na zona Euro. Porque a moeda única coloca a taxa de câmbio em níveis desfavoráveis para o país, impedindo-o de prosperar; e porque o plano de austeridade impôs condições que o lançarão para uma depressão ainda mais profunda.

 

A análise do magnata George Soros é publicada esta terça-feira no Diário Económico, que reproduz uma entrevista concedida pelo investidor à New York Review of Books e à revista alemã Wirtshafswoche. Ao longo da conversa, George Soros continua a manifestar-se muito crítico em relação à forma como a Alemanha conduziu a crise financeira, impondo uma visão hegemónica, que acautelou, sobretudo, os interesses nacionais, mas elogia-lhe a actuação na crise ucraniana e dos refugiados.

 

Segundo Soros, está claro que, sob a liderança de Merkel, os alemães alcançaram uma posição de hegemonia europeia, e sem custos. Só que, "normalmente, é quem detém a supremacia que tem de olhar não só pelos seus interesses, mas também pelos interesses daqueles que estão sob a sua protecção". Por isso, "chegou a altura de os alemães decidirem: querem aceitar as responsabilidades e as obrigações resultantes de serem a potência dominante na Europa?", questiona o investidor.

 

O caminho até aqui tem dado sinais mistos.

 

Alemanha ajudou a afundar a Grécia

Recuando no tempo, a 2008, Soros diz que é pena que, quando a Lehman Brother faliu, a Alemanha não tenha mostrado disposição para permitir que o resgate do sistema bancário europeu fosse garantido à escala de toda a Europa. Merkel deixou-se influenciar pela opinião pública alemã, mas, se em vez de segui-la a tivesse procurado alterar, "podia ter-se evitado a tragédia na União Europeia", considera o investidor.

 

Outro exemplo chega da Grécia, cuja crise, segundo Soros, "foi mal conduzida desde o princípio". O investidor recorda que em 2009 a Alemanha foi acudir os gregos, mas fê-lo com taxas de juro de tal modo punitivas, que tornou a dívida grega insustentável.

 

O erro foi repetido nas recentes negociações, em que "a União Europeia quis castigar o primeiro-ministro Alexis Tsipras e, sobretudo Yanis Varoufakis, ao mesmo tempo que não tinha outra alternativa senão evitar o não pagamento da dívida pela Grécia".

Em suma, diz Soros, "A União Europeia impôs condições que lançarão a Grécia numa depressão ainda mais profunda".

 

Questionado sobre se a Grécia é um país interessante para investidores privados, Soros responde peremptoriamente que não. "Enquanto fizer parte da zona euro, não". Isto porque, "com o euro, é pouco provável que o país prospere porque a taxa de câmbio é demasiado alta para que seja competitivo".

 

A sobrevivência da União Europeia em risco

Na crise financeira, Merkel protegeu o "interesse nacional germânico", mas não os interesses europeus como um todo. Ao contrário, na crise migratória, já baseou a sua actuação "numa questão de princípio e estava preparada para arriscar a sua posição de liderança", continua Soros.

 

Nesta frente, Merkel previu correctamente que a própria UE poderia estar em risco. 

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