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Varoufakis: Portugal ainda é "uma bolha" de dívida

O ex-governante grego diz que o uso de exemplos como Portugal e Irlanda por Bruxelas para mostrar o êxito da saída dos resgates "apenas mostra o quão urgente a União Europeia precisa de boas notícias."

Reuters
04 de Fevereiro de 2016 às 14:20
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O ex-ministro grego das Finanças, Yannis Varoufakis, defende que a situação portuguesa depois do resgate não é tão boa como as autoridades europeias retratam e dá como exemplo o peso elevado da dívida sobre o PIB.

"Também nem tudo está bem aí. Portugal ainda tem um dos mais elevados rácios da dívida na União Europeia em relação ao produto interno bruto. O país é uma bolha", defende esta quinta-feira Varoufakis numa entrevista ao site Business insider.

Segundo o Banco de Portugal, o peso da dívida no PIB ascendeu a 130,5% até Setembro passado, estimando o FMI que 2015 feche com a dívida nos 129% e a Comissão Europeia a estimar 129,1%.

Em concreto, o ex-governante referia-se à gestão feita por países intervencionados – como Portugal e a Irlanda – na saída da crise. Além de referir a fragilidade portuguesa, indicou também o exemplo de Dublin, que acusa de favorecimento fiscal a grandes empresas:

"E a Irlanda só sobrevive porque ajuda empresas como a Google a pouparem impostos na Europa. Enquanto refúgio fiscal, a Irlanda está a enfraquecer outros países", afirma, acrescentando que "o facto de estes países servirem de exemplos positivos apenas mostra o quão urgente a União Europeia precisa de boas notícias."

Divulgada em dia de greve geral em Atenas – a terceira que o Governo de Alexis Tsipras enfrenta -, a entrevista do ex-titular das Finanças defende ainda que o seu país não deveria ter recebido mais dinheiro: "Um estado na bancarrota que nunca deverá conseguir pagar as suas dívidas não é um bom devedor."

O compromisso entre os credores e Tsipras para o terceiro resgate grego, defende, foi apenas uma prova de que a Europa "não está a funcionar" e de que o dinheiro dos mais pobres está a ser usado para resolver o problema da dívida de Atenas. Além disso, desvaloriza a melhoria dos níveis de desemprego no seu país e defende que a reforma das pensões (que esta quinta-feira motivou a greve geral e protestos no país) vai reduzir o consumo interno e "eliminar mais trabalhos."

Varoufakis elogia ainda a acção de Angela Merkel ("fantástica") na abertura das portas aos refugiados da Síria e diz que o "Brexit" seria um passo na desintegração da Europa: "Se os britânicos pensam que podem simplesmente afastar-se do continente e navegar para os Estados Unidos ou a China, estão errados. Há padrões industriais e de emprego de que eles não podem simplesmente prescindir", avisa.

A cinco dias de lançar em Berlim um movimento transfronteiriço para mais democracia e pelo caminho terminar com a "demonização" da Alemanha, Varoufakis pede ainda um programa de investimento "verde" para a Europa, que teria - defende - um efeito maior na economia do que o programa expansionista do Banco Central Europeu.

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