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Francisco Calheiros: “Gostava que o Governo não excluísse do OE o maior partido da oposição”

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal defende que o Governo devia negociar o Orçamento do Estado com o maior partido da oposição, em nome dos anos difíceis que o país vai ter pela frente.

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Francisco Calheiros lamenta o impasse em que se encontra o novo aeroporto de Lisboa, lembra a “bagunça” que ocorreu em 2019 e diz que sem esta infraestrutura o crescimento do turismo fica ameaçada.

Qual é a sua expectativa para o próximo Orçamento a avaliar pela posição do Governo até agora e à luz do plano específico para o turismo?

Ponto prévio: é cedo para estarmos a falar do Orçamento do Estado.

Já imaginava que fosse responder isso.

É evidente, é cedo. Temos tanta coisa para fazer antes. O que gostava é que quando estivéssemos a discutir o Orçamento do Estado este Plano de Reativação do Turismo já estivesse na prática. Isso é fundamental.

Mas equaciona essa possibilidade?

Não ponho essa hipótese. Ponto número um: é cedo para estarmos a discutir o Orçamento. Ponto número dois: há uma série de medidas que esperamos que já estejam implementadas. Ponto número três: 2021 esperamos que seja um bocadinho melhor do que 2020, mas ainda não será 2019. O que gostava de ver na discussão do OE é que o Governo socialista não excluísse das suas negociações o maior partido da oposição. É algo a que temos assistido nos últimos OE, do PS para a direita um corte transversal, e estes orçamentos são negociados com os dois partidos à esquerda.

Mas qual é a diferença que isso faz?

Acho que faz toda a diferença.

Porquê?

Não consigo entender como é que se está a excluir o maior partido de oposição numa negociação. Vamos ter anos muito difíceis pela frente. Todos estes apoios que existem vão ter de ser pagos mais tarde. Portanto, existem determinadas questões que precisam de um grande apoio de base social.

Está a falar de uma maioria ao centro?

Não estou a falar de centro, esquerda ou direita.

Está a falar do maior partido de oposição, que é o PSD.

É o que tem mais votos. Diria exatamente o mesmo se o PS estivesse a negociar só com o PSD e excluísse o PC se este tivesse uma quantidade de votos grande.

Mas como diz o ditado “são precisos dois para dançar o tango”. Seria preciso também que o PSD estivesse disponível para negociar um OE com o Governo.

Quando me reúno com o PSD digo exatamente isso. É fundamental que haja dois. Mas sejamos justos: nos últimos tempos foi um a dizer que não estava com muita vontade de dançar e, portanto, acho que é preciso os dois terem vontade. Não tenho dúvida nenhuma porque é importante. Vêm aí anos muito difíceis para a nossa economia. Temos de estar muito atentos, não vamos estar a falar do défice gigantesco que temos, do que vamos ter de pagar, mas vem aí um PRR que é a última oportunidade que temos para lançar este país, vêm verbas que nunca tivemos e há de facto possibilidade de modernizar o Estado, modernizar a Administração Pública, resolvermos questões para o futuro que são determinantes. Vejam que não têm sido fáceis as aprovações anteriores. E, portanto, era importante não excluir ninguém.

Entretanto, o novo aeroporto de Lisboa continua a mercar passo.

Impressionante, passado mais de um ano, diria que está tudo igual ou pior. Porque o estado em que estamos é o estudo de impacto ambiental estratégico que ainda não foi lançado. Este estudo de impacto ambiental é sobre três vetores, Alcochete, Montijo como primeiro aeroporto e Portela secundário, e o contrário. Não nos esqueçamos da bagunça que foi o aeroporto de Lisboa em 2019. A quantidade de voos e de slots que nós recusámos por falta de capacidade.

E isso pode vir a acontecer?

Como não temos nada definido, se em 2023 ou 2024 retomarmos 2019, não vamos ter aeroporto. Não vamos atingir estes números porque os turistas não vão ter onde aparcar.

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Não posso dizer primeiro-ministro porque é vulgar demais. Dom Sebastião.

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Perfil

 

 

Uma vida ligada ao turismo Francisco Calheiros lidera a Confederação do Turismo de Portugal desde maio de 2012, tendo por isso acompanhado a afirmação do setor na economia nacional. Antes de ascender à liderança da CTP foi seu vice-presidente. É também presidente da assembleia-geral da Associação Portuguesa das Agências de Viagens. Licenciado em Gestão e Administração de Empresas pela Universidade Católica, tem mais de três décadas de experiência no setor do turismo. Tendo sido condecorado pelo primeiro-ministro, António Guterres, com a Medalha de Mérito Turístico e pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, com a Comenda de Mérito Comercial. Profissionalmente, Francisco Calheiros foi presidente do conselho de administração do Grupo Macrotur, depois ES Viagens e agora Springwater Tourism. Teve uma forte participação associativa no setor do turismo, tendo sido representante de Portugal na ECTAA – Associação Europeia das Associações de Agentes de Viagens e Tour Operadores.

 



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