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Francisco Calheiros: “Desejava que os outros setores crescessem como o turismo”
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) manifesta-se preocupado com as greves no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e o impacto que poderá ter no setor turístico nacional.
Francisco Calheiros sublinha a transversalidade do setor e a sua importância para outros domínios económicos. E diz que Portugal, neste momento, está “numa situação ímpar” face à concorrência.
Há quem sustente que é altura de pensar em arranjar formas de o turismo não pesar tanto na economia nacional. Qual é o seu comentário?
Não há uma dependência grande ou menor do turismo. O turismo representa pouco mais de 10% do PIB nacional. O que o turismo fez de 2009 a 2019 foi crescer a dois dígitos. O que desejava, do fundo do coração, era que os outros setores de atividade tivessem crescido da maneira que o turismo cresceu, para mundialmente sermos considerados os tigres da Europa.
O desenvolvimento do turismo não constrange os outros setores?
Não, pelo contrário. Eu diria que a atividade do turismo é, provavelmente, das mais transversais que existem. Se for falar com os produtores de vinho, que em termos do turismo só têm a parte das visitas, eles vão dizer-lhe que o consumo de vinho tem aumentado por causa do turismo.
Quanto ao verão, quais as expectativas que tem?
Neste momento estamos a beneficiar de uma situação ímpar que é sermos, entre os nossos concorrentes, entre aspas, Espanha, Itália, Grécia e Turquia, os únicos que temos o corredor aberto com o Reino Unido. Isso é importantíssimo. São três semanas determinantes, que já se estão a sentir. Mais: além do Reino Unido, outros países estão a ver o impacto que Portugal tem em termos de segurança sanitária, e também estão a querer todos vir para Portugal. Acho que vamos ter um verão melhor do que o do ano passado. Mas, longe do verão de 2019.
Quão longe?
Ainda uns 30% a menos. As taxas de 100% ainda não. Ainda é cedo.
O que seria uma boa taxa?
Julho e agosto no Algarve atingem taxas sempre acima de 90%.
Mas seria bom o quê, este ano? 70%? 80%?
Se tudo se mantiver normal, andaremos por aí.
E isso para acabar o ano como? Com esse fôlego do verão…
O fôlego do verão, mas piores nos primeiros meses. Eu acho que vamos fechar 2021 melhores que 2020 em cerca de 10%. O problema da nossa atividade é que tem sempre uns imprevistos grandes. Eu estava extremamente preocupado, e ainda estou um bocadinho, com os pré-avisos de greve do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. É uma situação que me preocupa imenso porque pode afetar os países não Schengen. Infelizmente, as más notícias correm mais depressa do que as boas. E se tivermos demoras de entradas de uma ou duas horas dos cidadãos britânicos, é uma péssima notícia.