Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Francisco Calheiros: “Não faz sentido” a TAP estar há oito meses sem um CEO

Francisco Calheiros lembra que a equipa responsável por definir o plano de reestruturação da TAP não é aquela que o irá executar. Isso é um “bocadinho complicado na minha cabeça”, diz o líder da CTP.

A carregar o vídeo ...
  • 1
  • ...
O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) diz que a saída praticamente de toda a equipa comercial da TAP fez desaparecer a relação que existia entre a companhia e os agentes e operadores turísticos.

Relativamente à TAP, naquilo que é o serviço ao turismo, as rotas anunciadas vão beneficiar este verão?
Todas as pessoas ligadas ao turismo estão preocupadas com a questão da TAP. A política que foi feita inicialmente, de aposta no mercado brasileiro e posteriormente no mercado americano, foi extremamente importante. Convém não esquecer que somos um país periférico, em que mais de 90% dos nossos turistas chegam por via aérea. E aí, uma quota muito importante vem através da TAP.

Ou vinha?
Ou vinha. A TAP, como qualquer outra companhia aérea, está a sofrer os efeitos desta pandemia. Mas há questões que nos preocupam. A primeira tem que ver com o plano de reestruturação da TAP. O que nos preocupa? Ainda não estar aprovado. Uma segunda questão tem que ver com as rotas e a equipa comercial, que praticamente saiu toda. A relação com os agentes e os operadores, que era intensíssima no passado, não está a acontecer. Não estamos, neste momento, numa relação perfeita entre a distribuição e a TAP. A TAP, para não ser muito exaustivo, não tem um CEO há oito meses. E há outra questão. É que não há uma equipa. Ou seja, quem está a definir este plano de reestruturação da TAP não é a equipa que vai ter de o implementar no terreno, o que é um bocadinho complicado na minha cabeça. Ou seja, eu estou numa empresa, a gestão apresenta-me um plano de reestruturação, como acionista aprovo o plano, e agora não são vocês que o vão executar, é o outro.

O setor está a olhar para a TAP com um grande ponto de interrogação?
O facto de a TAP estar com estes problemas e não estarmos a ver como vai ser daqui a um ano ou dois é uma situação que nos preocupa bastante.

Essa saída da equipa comercial diminui a capacidade de relacionamento da TAP com os operadores turísticos. Não têm interlocutor, é isso?
Interlocutor há de haver com certeza porque a TAP é uma empresa grande. A verdade é esta, aquele binómio que funcionava na perfeição entre a TAP, os agentes e os operadores, hoje em dia, sinto que não existe.

Este atraso no plano de reestruturação poderá impactar negativamente no turismo?
É evidente que sim. Enquanto o plano de reestruturação da TAP não for aprovado, não sabemos que TAP é que vamos ter.

Mas o setor está a contar com a TAP?
Sim. Nós queremos é que a crise seja ultrapassada, o plano seja aprovado, que haja um CEO, uma equipa comercial e que a TAP vá para a frente. Isso é o que nós queremos.

Portanto, não acha que é desperdício colocar dinheiro na TAP?
A TAP é determinante para o turismo português, mas nós não conhecemos o seu plano de reestruturação.

A quantidade do dinheiro que se põe dependerá dos resultados obtidos.
Exatamente. Se o montante que se está a investir na TAP permitir que venha a ser uma empresa saudável e determinante como foi no passado para o turismo português, não tenho dúvida nenhuma de que é um bom investimento.

E quais são as suas expectativas?
As minhas expectativas estão um bocadinho baixas. Espero é que tudo isto seja ultrapassado. Os dias passam e precisamos de uma solução à vista.

Agora junta-se a questão de o Tribunal de Justiça da União Europeia ter dado razão à Ryanair relativamente às ajudas do Estado à TAP.
Mas também deu em relação a outras companhias. Se o plano de reestruturação for aprovado, essa questão cai pela base, fica ultrapassada.

Portugal pode dispensar a Ryanair?
Nem Portugal nem nenhum país está, neste momento, em situação de poder dispensar qualquer companhia aérea que voe para lá diretamente, muito menos uma Ryanair, que é uma referência nas "low-cost". Todos são poucos para a recuperação do nosso turismo.

A reação do ministro Pedro Nuno Santos à questão da Ryanair foi à medida do que devia ser a resposta, ou teme que estas divergências levem a uma situação mais gravosa?
É uma situação que não se vai pôr. Vamos ser claros, a Ryanair não viaja para Portugal por solidariedade e tem um bom negócio. Acho que é uma situação que não se põe. O ministro Pedro Nuno Santos respondeu da maneira que considerou adequada. Há correntes que acham que devia ter sido um bocadinho mais comedido. É o que é.

Não é por isso que a Ryanair deixará de voar para Portugal.
Não. A Ryanair tem um bom negócio com Portugal e o país é um destino muito atrativo. É impensável de repente deixar de voar para Portugal.

Ao criticar a demora na resolução da questão da TAP está também a visar o ministro que tutela a pasta.
Não estou a par dos detalhes do plano de reestruturação. Estou a constatar realidades. Não ter um CEO há oito meses é algo que não faz sentido. Bem sei que a parte da aprovação do plano de depende de Bruxelas - mas temos de ser o mais ativos possível nesse sentido e, entretanto, ir resolvendo as coisas. Anunciou-se um CEO há dois meses, depois já não era. São situações que não são boas.
Ver comentários
Saber mais Pedro Nuno Santos Francisco Calheiros TAP CTP Ryanair Portugal
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio