Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Excedente alemão pode prejudicar competitividade de periféricos

Confirma-se: pela primeira vez a Alemanha foi colocada pela Comissão Europeia na lista de países com potenciais desequilíbrios macroeconómicos.

Bloomberg
  • 5
  • ...

A Comissão Europeia fez aquilo que já se esperava e colocou a Alemanha na lista de países com desequilíbrios macroeconómicos. Porquê? Um excedente externo demasiado grande e persistente que pode colocar em risco a recuperação de competitividade dos países periféricos.

Berlim deverá terminar este ano com um saldo positivo da balança corrente de 7% do Produto Interno bruto (PIB) e desde 2007 que não tem um excedente abaixo dos 6%. Ou seja, de forma simples, a Alemanha vende muito mais do que compra ao resto do mundo. Aquilo que à primeira vista poderá parecer uma característica positiva tem potenciais consequências negativas para o resto da Zona Euro.

"Os maiores excedentes estão reflectidos num forte aumento do investimento internacional líquido", bem como na balança de rendimentos. O que pode "colocar pressão no euro para apreciar face a outras moedas", pode ler-se no relatório do Procedimento de Desequilíbrios Macroeconómicos. Esta questão torna-se relevante porque, "se estas pressões se materializarem", dificultam "a recuperação de competitividade dos países periféricos através de depreciações internas", salienta o mesmo relatório. Além disso, adianta, "o maior excedente reflecte mais poupança do que investimento na economia alemã", com a taxa de poupanças das famílias alemãs a estar entre as mais elevadas da região.

Tendo em conta que o valor elevado do excedente e a sua persistência no tempo, a Comissão Europeia diz que seria "útil conduzir uma análise aprofundada para perceber se existem desequilíbrios". Caso isso aconteça, Bruxelas fará um conjunto de recomendações de política económica a Berlim. No entanto, ao contrário dos países deficitários, se o governo alemão não seguir essas recomendações não terá de pagar qualquer multa.

Apesar deste relatório, as críticas da Comissão não foram agressivas. "Um excedente elevado não significa necessariamente que existe um desequilíbrio", sublinhou ontem Durão Barroso. "Precisamos de examinar mais isto e perceber se o excedente elevado da Alemanha está a afectar o funcionamento da economia europeia no seu conjunto." O Presidente da Comissão Europeia deixou claro que a competitividade alemã não está em causa. "Gostaríamos de ter mais Alemanhas na Europa."

Uma Europa desequilibrada

A maioria dos países da União Europeia tem pontenciais desequilíbrios, de acordo com os dados divulgados ontem. Um total de 16 estados estão nesta situação. E isto excluindo os países que estão sobre intervenção, que verão a sua situação analisada durante as avaliações dos programas de ajustamento. Caso contrário, o número saltaria para 20, num universo total de 28 países.

Além da Alemanha, na lista dos países com desequilíbrios estão França, Itália e Hungria, que os técnicos de Bruxelas dizem que têm de "adoptar medidas decisivas". No que respeita a Espanha e à Eslovénia, é preciso verificar se "os desequilíbrios excessivos persistem" ou se estão a diminuir. A Comissão diz ainda que é preciso aferir se os desequilíbrios persistem ou se já foram superados por países onde esta questão já tinha sido identificada, referindo-se à Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Malta, Holanda, Finlândia, Suécia e Reino Unido.

Finalmente surge a Croácia, recentemente integrada na UE. Neste caso, Bruxelas explica a inclusão do país na lista a potenciais riscos relacionadas com o seu desempenho comercial, competitividade e "desenvolvimentos internos".

Ver comentários
Saber mais Alemanha Zona Euro Comissão Europeia Durão Barroso União Europeia excedente alemão competitividade periféricos
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio