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Bruxelas ameaça abrir investigação contra Alemanha devido a excedente externo elevado

Regras europeias impedem os países da União Europeia de acumularem excedentes externos acima de 6% do PIB. Posição de Bruxelas dá força às críticas do Tesouro dos EUA e do FMI à política da maior economia europeia.

Reuters
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O elevado excedente externo da Alemanha pode levar Bruxelas a abrir uma investigação contra o país. “Vamos discutir essa questão na próxima semana”, disse o comissário europeu Olli Rehn, no dia em que a Comissão Europeia elevou em alta a estimativa para o excedente externo da maior economia do euro.

  

Bruxelas reviu em alta as previsões do saldo da balança corrente alemã para este ano e o próximo, esperando agora um excedente de 7% este ano e 6,6% em 2014.

 

As previsões de Outono da Comissão Europeia mostram que os países com défices externos - nomeadamente as economias com programas da troika - estão a fazer ajustamentos significativos. No entanto, a Alemanha, que apresenta elevados excedentes externos continua a acumulá-los.

 

Para este ano, Bruxelas antecipa que o saldo da balança corrente alemã fique em 7% do Produto Interno Bruto (PIB), em vez dos 6,3% esperados nas previsões de Primavera. Quanto a 2014, o excedente é também revisto em alta de 6,1% para 6,6%.

 

Bruxelas incentivou a Alemanha a tomar medidas para impulsionar o consumo e os salários dos alemães. “Para desmantelar os obstáculos que persistem no crescimento da procura interna, a Alemanha deve criar condições para um crescimento sustentado dos salários”, afirmou o comissário. Citado pela Bloomberg, Rehn apelou à Alemanha para descer impostos, reduzir as contribuições para a Segurança Social e aumentar os gastos em infra-estruturas.

 

A acumulação de excedentes externos tem sido referido por vários economistas como um ponto essencial para a resolução dos desequilíbrios macroeconómicos da Zona Euro. A própria Comissão Europeia classifica os excedentes superiores a 6% do PIB como um desequilíbrio, tal como os défices. A última avaliação destes desequilíbrios apontava para um excedente ligeiramente abaixo do limite para a Alemanha (5,9% na média dos três anos anteriores). Contudo, na próxima avaliação este valor já deverá estar próximo dos 7%.

 

Rehn desdramatizou a possibilidade de ser iniciada uma investigação ao excedente externo da Alemanha, lembrando que no passado outros países, como a Holanda, Finlândia, Dinamarca e Suécia, também foram alvo do mesmo procedimento. Em último caso os países que violarem a regra de não terem excedentes acima de 6% do PIB podem ser alvo de uma multa.

  

A diferença de tratamento entre défices e excedentes foi recentemente criticada pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. "A Alemanha tem mantido um grande excedente da balança corrente ao longo da crise da Zona Euro e, em 2012, o excedente externo nominal da Alemanha era maior que o chinês", afirmava o Tesouro, numa nota publicada na semana passada. "O ritmo anémico do crescimento da procura doméstica alemã e a sua dependência das exportações prejudicou o reequilíbrio numa altura em que outros países da Zona Euro estão sob enorme pressão para reduzir a procura e contrair as importações, de forma a ajudar o ajustamento." 

 

O FMI também já admitiu apoiar estas críticas. No entanto, em Berlim, a acumulação de excedentes é vista como um "sinal de competitividade" da economia alemã. Angela Merkel considerou que as críticas "não são justificadas".

 

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