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EUA "congelam" tarifas do aço e alumínio para a UE

É apenas "uma pausa", disse o representante norte-americano para o Comércio, Robert Lighthizer, ao anunciar que os EUA vão suspender a aplicação das tarifas sobre aço e alumínio aos países aliados.

Reuters
Carla Pedro cpedro@negocios.pt 22 de Março de 2018 às 16:57

Já se sabia que o México e o Canadá estavam de fora - no âmbito do Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA) - das medidas proteccionistas que os Estados Unidos vão impor à importação de aço e alumínio. Mas hoje o representante norte-americano para o Comércio, Robert Lighthizer, veio dizer na Comissão de Finanças do Senado que os EUA decretaram também "uma pausa" na imposição destas tarifas à Europa, Austrália, Coreia do Sul, Argentina e Brasil.

 

Recorde-se que estas medidas assinadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, visam a imposição de tarifas de 25% sobre a importação de aço e de 10% sobre o alumínio que entra no país e entram em vigor amanhã, 23 de Março.

No total, os países que Lighthizer citou, a par com o Canadá e o México, representam mais de metade do volume total de aço vendido aos EUA em 2017, refere o The New York Times.


A guerra comercial que tanto tem preocupado o mundo inteiro, penalizando fortemente as bolsas, está agora em "suspenso" para os países desta lista. Mas há outra à espreita e tem a China como destinatária. Com efeito, têm crescido os receios de uma guerra comercial Washington-Pequim, esperando-se que Trump anuncie ainda hoje novas tarifas alfandegárias sobre a importação de mais de 100 produtos chineses, no valor de 50 mil milhões de dólares [o que, a confirmar-se, fica abaixo do patamar superior que chegou a ser avançado e que era de 60 mil milhões]. Mas o aço está de fora dessa lista de produtos.

Uma razão pela qual a Casa Branca não terá contemplado o pagamento de tarifas adicionais ao aço chinês prende-se com o facto de as anteriores medidas comerciais impostas a Pequim terem já reduzido significativamente o volume de aço que segue directamente da China aos EUA, salienta o NYT.

Isenção temporária ou permanente?

Sobre esta decisão hoje anunciada para as tarifas do aço e do alumínio, "não ficou claro nos comentários de Lighthizer perante a Comissão de Finanças se os EUA ofereceram uma isenção permanente a estes países ou se apenas deixam de pagar as tarifas enquanto negoceiam uma solução", diz a Bloomberg. Mas a Reuters, sobre o mesmo assunto, refere que as suspensões são temporárias, estando pendentes de negociação entre as partes.

 

Já tinha sido avançado que, em troca de cedências do Canadá e México para a assinatura de um novo NAFTA, estes dois países poderiam ser isentados das medidas.

 

Posteriormente, Trump abriu a porta aos aliados dos EUA para negociarem as suas próprias isenções, o que levou a um forte esforço de "lobby" por parte dos seus parceiros comerciais, como a União Europeia – que estava já a preparar tarifas sobre a importação de produtos norte-americanos, como retaliação.

Estas tarifas às importações dos EUA, os termos do Brexit e a tributação por Bruxelas das cotadas da área digital estão entre os principais temas em cima da mesa que serão debatidos no Conselho Europeu que se realiza hoje e amanhã.


Dumping e segurança nacional

No passado dia 8 de Março, quando anunciou as novas medidas proteccionistas para o aço e alumínio, Trump justificou-as descrevendo o dumping [prática de preços mais baixos, penalizadores da economia do país importador] sobre aqueles dois produtos como um "ataque ao nosso país".

 

Trump afirmou, a esse propósito, que a melhor solução para as empresas seria deslocalizarem as suas produções para os Estados Unidos. "Se não quiserem pagar impostos, tragam as vossas fábricas para os EUA", afirmou, citado pela Reuters.

 

O presidente norte-americano voltou assim a defender a produção no país, por razões de segurança nacional, tal como tem feito com inúmeras outras indústrias. Mas, por agora, o botão de "pausa" foi accionado para os países aliados.



(Notícia actualizada às 17:58)

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