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Ao minuto25.04.2024

Partidos à esquerda e PSD defendem abril. IL e Chega destacam 25 de novembro. Milhares descem Avenida

Acompanhamos os discursos dos partidos com assento parlamentar, do presidente da Assembleia da República e do Presidente da República na sessão solene de comemoração dos 50 anos do 25 de abril, bem como as celebrações nas ruas.

Negócios com Lusa 25 de Abril de 2024 às 12:53
25.04.2024

PR da Guiné-Bissau sublinha papel do seu país na Revolução

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, manifestou hoje o "orgulho" do povo guineense de ter dado "o contributo original" para a transformação histórica que culminou na Revolução de Abril, na descolonização, e na democracia nos PALOP.

Sissoco Embaló recordou que há 50 anos, quando se deu o 25 de Abril, o "povo guineense em luta - dirigido pelo Partido Africano para a Independência da Guin+é e Cabo Verde (PAIGC) de Amílcar Cabral - já tinha proclamado unilateralmente a sua própria independência nacional, o seu próprio Estado" e este "evento histórico relevante" em 24 de Setembro de 1973, foi reconhecido "por uma larga maioria" dos membros da ONU.

"A evocação da Revolução portuguesa do 25 de Abril convoca imediatamente para uma reflexão conjunta das lutas de libertação nacional dos nossos povos", disse Embaló, sublinhando a ocorrência de "dois processos históricos que se cruzavam".

Estes dois processos, disse, "tinham em comum uma mesma aspiração", liberdade e libertação nacional, pelo que não foi "de estranhar que uma convergência estratégica -- entre os combatentes contra o Império e os combatentes contra a ditadura - começasse a ganhar, pouco a pouco, maior densidade, maior força".

Sissoco Embaló discursava em Lisboa durante a sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, que contou com a participação de chefes de Estado dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste.

"A memória coletiva dos nossos povos guarda uma certeza inabalável: a revolução do 25 de Abril de 1974 acabou com a guerra", sublinhou ainda, recordando que esta começou em Angola, se estendeu à Guiné e, depois, a Moçambique.

"De facto, acabar com a guerra foi o propósito primordial que animou os Capitães de Abril", e "tratou-se, sem dúvida, de um feito histórico inesquecível", declarou.

Foi também o 25 de abril, disse ainda, que "abriu caminho à implementação do conceito de descolonização consagrado na Carta da Organização das Nações Unidas", recordando, porém, que, não obstante o "sucesso de abril", "foi preciso vencer ainda muitas resistências", ilustradas pelo facto de Portugal apenas proclamar oficialmente o princípio da autodeterminação das suas ex-colónias "em 27 de julho de 1974 - três meses após a revolução do 25 de Abril".

25.04.2024

Filipe Nyusi: Revolução foi construída em Portugal e nas colónias

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, defendeu hoje que a revolução de 25 de Abril foi construída não só em Portugal, mas também pelas antigas colónias, cujos presidentes se reuniram hoje em Lisboa.

"É preciso que nas nossas escolas, em Portugal e nos países da lusofonia ensinemos a verdade: o 25 de Abril foi construído em Portugal, em Angola, em Moçambique, em São Tomé e Príncipe, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, e a nossa presença nesta efeméride é um tributo merecido aos heróis da luta anticolonialista e aos jovens capitães portugueses que a 25 de abril puseram fim a um regime que subjugava os nossos povos", disse o Presidente moçambicano.

Falando durante a sua intervenção na cerimónia que assinala os 50 anos do 25 de Abril, e que junta no Centro Cultural de Belém os Presidentes dos países das antigas colónias, com exceção do Brasil, representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Filipe Nyusi afirmou que esta efeméride é "a celebração da vitória numa luta partilhada".

No discurso, o chefe de Estado moçambicano vincou que quem estava em guerra não eram os povos português e moçambicano, mas sim soldados que eram obrigados a cumprir ordens "de um regime fascista" de que os jovens tinham dificuldade em escapar, por um lado, e um povo unido pelo desejo de liberdade, do outro.

"Apreciamos a postura dos líderes da nova geração portuguesa, pautada por elevada estatura moral e humanismo", disse Nyusi, acrescentando que "Portugal reconhece erros cometidos contra os povos que lutaram pela liberdade, erros que são indesculpáveis, desonram a nossa história e merecem a condenação de quem respeita a vida e a dignidade humana".

Isso, no entanto, não afasta as boas relações entre Portugal e os países da lusofonia, continuou Nyusi, apontando como exemplo o facto de os presidentes dos países africanos lusófonos terem todos aceitado o convite para vir a Lisboa celebrar o 25 de Abril.

"O convite para vir aqui é muito propositado, mas mesmo não sendo convidado, eu vinha na mesma, como se faz nos aniversários de família", gracejou Nyusi, logo no início da intervenção, que surge na mesma semana em que uma delegação de mais de 80 empresários moçambicanos esteve na região do Porto, Sines e Lisboa para fomentar os negócios entre os dois países.

"A presença em massa dos nossos países para celebrar o 25 de Abril evidencia que os povos lusófonos estão unidos por histórias comuns, os laços entrelaçam-se e cristalizam-se, e Marcelo Rebelo de Sousa está de parabéns por juntar a família que ontem lutou pelo sorriso das crianças de hoje", disse Nyusi, concluindo: "Os moçambicanos estão aqui para reafirmar o seu interesse em continuar a fortalecer relações de amizade com o povo português e com os outros povos irmãos da lusofonia, estaremos juntos para sempre".

Lusa

25.04.2024

João Lourenço: Desafio das ex-colónias portuguesas é consolidação da democracia

O Presidente de Angola, João Lourenço, defendeu hoje em Lisboa que o desafio que as ex-colónias têm atualmente é "o da consolidação da democracia, da diversificação e fortalecimento" das suas economias.

João Lourenço, que intervinha na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, com os chefes de Estado de Portugal e das antigas colónias portuguesas, cuja independência esteve ligada ao 25 de Abril, iniciou a sua intervenção com uma saudação ao derrube "da ditadura salazarista, responsável pela opressão não só do povo português como também dos povos das então colónias portuguesas".

"Reconhecemos a coragem e heroísmo dos capitães de Abril e dos resistentes portugueses que lutaram por todas as formas e meios contra a ditadura, enfrentando a máquina opressora do regime, a PIDE/DGS e seus apêndices, que não se coibiam de torturar e matar os melhores filhos desta terra", salientou.

João Lourenço vincou que enquanto em Portugal se lutava "contra o fascismo e a ditadura salazarista desde 1932", os povos africanos colonizados por Portugal lutavam desde o século XV "contra a colonização portuguesa e suas consequências como a escravatura e a pilhagem" das riquezas.

"Lutámos pelo fim dos abusos, dos crimes e da violação dos direitos humanos cometidos pelo regime colonialista contra nossos povos durante séculos. Lutámos pela nossa dignidade enquanto seres humanos que somos, que devem ter o mesmo direito à liberdade, o direito a sermos os senhores do nosso próprio destino", frisou.

O Presidente angolano traçou o paralelismo entre luta contra a ditadura, em Portugal, e as lutas armadas pela independência das ex-colónias, concluindo que "fizeram precipitar os acontecimentos que levaram ao levantamento e golpe militar do 25 de Abril de 1974 em Portugal".

"A nossa causa era a mesma que a do povo português e, por isso, juntos lutámos e juntos vencemos o mesmo inimigo, o colonialismo e a ditadura fascista de Salazar e Caetano", destacou.

Joao Lourenço saudou depois os "fraternais laços de amizade" entre os povos português e das ex-colonias, ao mesmo tempo que se estabelecia "uma profícua e mutuamente vantajosa cooperação económica".

João Lourenço alertou ainda para os perigos "do crescimento e proliferação de movimentos extremistas, da xenofobia, do neonazismo, da intolerância política e do fundamentalismo religioso, do terrorismo, que ameaçam as democracias e procuram, por meios democráticos nalguns casos mas, sobretudo, por métodos e caminhos inconstitucionais, chegar ao poder".

"Juntemos mais uma vez as nossas vontades e energias para enfrentar e derrotar estas forças negativas que hoje se apresentam com novas roupagens, mas que ameaçam as liberdades fundamentais dos cidadãos, a vida humana e o progresso social das nações", propôs.

No plano internacional, o Presidente angolano condenou de forma assertiva a invasão russa da Ucrânia e reafirmou a defesa da criação do Estado da Palestina.

"Nós, que lutámos pela liberdade que hoje comemoramos, temos o dever moral de condenarmos a agressão, ocupação e anexação de territórios ucranianos pela Rússia e de exigir o respeito pela soberania e integridade territorial da Ucrânia e que sejam envidados os esforços diplomáticos necessários para que seja alcançada a paz definitiva na Ucrânia e na Europa no geral", afirmou.

Depois de condenar a "ação terrorista" perpetrada pelo movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro, "que vitimou milhares de pacíficos cidadãos israelitas e fez centenas de reféns, que devem ser postos em liberdade", o Presidente angolano condenou igualmente a "reação desproporcional" de Israel.

Reconhecendo o direito do Estado judaico de defender os seus cidadãos, João Lourenço disse que Israel "não pode ter carta branca, luz verde para matar indiscriminadamente crianças, mulheres, velhos, doentes acamados, jornalistas e trabalhadores de organizações humanitárias internacionais".

Lusa

25.04.2024

Ramos Horta: Portugal soube reconhecer derrota colonial e reconciliação foi natural

O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, considerou hoje que Portugal soube reconhecer a derrota colonial e que a reconciliação com os países vencedores aconteceu rápida, imediata e naturalmente.

"Os portugueses souberam reagir às mudanças sem ódio nem vinganças, sem fuzilamentos, sem guerra civil, aceitaram as independências e lutaram connosco pelo longínquo Timor", disse Ramos-Horta durante a sua intervenção na cerimónia de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, que juntou todos os presidente dos países africanos lusófonos, hoje em Lisboa.

"[Os portugueses] não viraram as costas, e as sociedades e os líderes das novas nações independentes souberam igualmente, com verdadeira grandeza de vencedores, saudar Portugal e as relações de amizade foram consolidadas", acrescentou o chefe de Estado timorense, notando que "a normalização das relações com o antigo poder colonial foi imediata, a reconciliação foi natural e o processo foi célere".

Na intervenção, Ramos-Horta fez a distinção entre o Portugal antes da revolução, "asfixiado e isolado", com o país que se seguiu, exclamando: "Quanto mudou para melhor, para muito melhor, em todas as vertentes!".

Criticando as guerras que ocupam as primeiras páginas dos jornais "e as outras em todo o mundo que não chegam à comunicação social", Ramos-Horta disse que a cerimónia de hoje em Lisboa "honra a coragem de quem lutou pela liberdade e renova os compromissos com valores democráticos que definem as nossas nações".

Na intervenção feita esta tarde em Lisboa, o Presidente timorense disse ter "orgulho nos PALOP" (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e disse que os timorenses são "eternamente gratos pela fraterna solidariedade durante os anos negros da jornada pela independência".

Lusa

25.04.2024

Portugal pôs-se do lado certo da História, diz PR são-tomense

O Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, considerou hoje em Lisboa que Portugal "se pôs do lado certo da História" com o derrube da ditadura em 25 de abril de 1974.

Caros Vila Nova, que intervinha na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, com os chefes de Estado de Portugal e das antigas colónias portuguesas, cuja independência esteve ligada ao 25 de Abril, salientou que se comemora "um evento marcante que transcende e ressoa profundamente na consciência coletiva de muitas nações".

"Marcou um momento crucial na historia, não apenas para Portugal mas também para as colónias portuguesas em África", acrescentou.

A sessão comemorativa do 50.º aniversário decorreu no Centro Cultural de Belém e foi presidida pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, com as presenças também do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e dos chefes de Estado de Angola, João Lourenço, Cabo Verde, José Maria Neves, da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, de Moçambique, Filipe Nyusi, e de Timor-Leste, José Ramos-Horta.

"Devemo-nos vergar em profundo respeito pelas vitimas do regime ditatorial que, com o seu inconformismo revolucionário, foram capazes de legar-nos o bem maior que é a liberdade e a vivência em democracia", destacou.

Para as gerações futuras, defendeu, é importante "lutar pela imunização da democracia e das suas instituições", adiantando ser "obrigação" deixar-lhes "esse imenso património material da nossa civilização".

Carlos Vila Nova fez um paralelismo entre a luta armada dos movimentos de libertação nas ex-colónias com a revolução que derrubou a ditadura.

"Muitos advogam e parece ser-lhes dada razão que a liberdade advinda com a revolução de 25 de Abril é tributária em larga medida dos movimentos de libertação", disse.

Em seguida, o Presidente são-tomense destacou a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), conduzidos os países lusófonos "de um passado longínquo à comunidade de países com uma língua comum, com a sua sede em Lisboa". "Por tudo isso, podemos afirmar sem reservas que são mais avultados os traços que nos aproximam que aqueles que nos distanciam", frisou.

"Trabalhemos juntos para construir um futuro onde cada cidadão, independentemente da raça, etnia ou origem possa desfrutar dos plenos direitos e oportunidades prometidos pela independência", defendeu.

Carlos Vila Nova encerrou a sua intervenção pedindo que "o espírito da Revolução dos Cravos implica a ingente necessidade, solidariedade e prestação de apoio aos povos que ainda se debatem com a agressão e a imposição dos mais fortes, num mundo onde alguns julgam ter mais direitos do que outros e onde o direito internacional parece não ter força suficiente para resolver as complexas questões emergentes" dos tempos atuais.

25.04.2024

Joe Biden congratula Portugal pelos 50 anos de democracia

O presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, congratulou hoje Portugal pelo "espírito corajoso" com que fez a Revolução dos Cravos, há 50 anos, que permitiu o regresso da democracia.

"Congratulo o Presidente e o povo de Portugal pelos 50 anos do retorno da democracia e celebro o espírito corajoso alimentado pela Revolução dos Cravos e o triunfo sobre o autoritarismo. Este marco sublinha o duradouro compromisso de liberdade e democracia partilhado pelos nossos países", escreve Joe Biden numa carta enviada ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Na missiva, divulgada pela Casa Branca, o Presidente norte-americano diz que Portugal "está entre os primeiros países que reconheceu os Estados Unidos" da América, após a revolução e lembrou que os fundadores americanos "brindaram a celebração da independência com vinho da Madeira".

"Os fortes e duradouros laços transatlânticos entre os nossos países, incluindo a ligação na NATO, enquanto aliados, forma uma base de valores partilhados e de mútuo respeito que só é fortalecida pelos 233 anos de relações diplomáticas", destacou.

Joe Biden agradeceu ainda a "liderança de Portugal" e "a parceria com os EUA, na promoção global das normas democráticas".

"Juntos, encarámos desafios e forjamos uma parceria resiliente que continua a florescer no século XXI", escreveu o presidente norte-americano.

Nos EUA, refere Joe Biden, "a diáspora portuguesa desempenhou um papel fundamental na formação da cultura e economia através da língua, música, cozinha e empreendedorismo" americanos.

O Presidente destaca igualmente que "os lusodescendentes nos EUA têm dado contributos significativos na democracia" do seu país em áreas como a educação, saúde, tecnologia e também enquanto membros do Congresso.

Enaltece também o trabalho dos lusodescendentes presentes nos EUA com a "criação de emprego, alimentando a inovação contribuindo para o crescimento e vitalidade" do país que preside.

"Enquanto celebramos os 50 anos do regresso da democracia a Portugal, estamos ansiosos por um futuro ainda mais marcado por fortes laços e pela continuação de colaboração nos nossos valores comuns e na partilha do empenho dos princípios dos valores democráticos", remata Joe Biden.

Lusa

25.04.2024

Carlos Moedas diz que o mais difícil é ser "um político moderado"

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa disse hoje que, com a "polarização dos extremos, à esquerda e à direita", o mais difícil é ser "um político moderado".

Carlos Moedas falava aos jornalistas durante a sua participação no desfile do 25 de Abril, em Lisboa, que juntou milhares de pessoas na Avenida da Liberdade, numa demonstração do que o autarca classificou de "uma festa de união" dos portugueses.

"É preciso estarmos unidos. O 25 de abril não é de uns nem de outros, é de todos, de todos os portugueses e é preciso que essa união seja real", disse.

E recordou que deve à revolução o que hoje é: "Não seria presidente da câmara, não teria feito a carreira que fiz, porque era um miúdo de uma família pobre do Alentejo e aqui estou e ver esta união entre os portugueses".

Carlos Moedas referiu que a sociedade se polarizou, "não só em Portugal, mas também na Europa" e que "essa polarização é má para a democracia, esse distanciamento, esse ódio que muitas vezes é criado".

"O problema de hoje não é só a extrema-direita, é também a extrema-esquerda; há uma polarização dos extremos, à esquerda e à direita, que é perigosa para a sociedade e para a democracia", observou.

"O mais importante e o mais difícil hoje é ser um político moderado e um político moderado tem que ter também, às vezes, uma linguagem agressiva dessa moderação, porque essa moderação é a democracia", prosseguiu.

Milhares de pessoas saíram hoje às ruas em vários pontos de Portugal, empunhando cravos e cartazes com palavras de ordem e de reconhecimento pela revolução dos cravos.

Em Lisboa, a Avenida da Liberdade encheu-se por completo desde o Marquês de Pombal e avenidas próximas, em direção a um Rossio que há vários anos não estava tão repleto de participantes nas comemorações do 25 de Abril de 1974.

Lusa

25.04.2024

PS, BE, PCP e IL enaltecem participação massiva no desfile em Lisboa

Os líderes de PS, BE, PCP e IL enalteceram hoje a participação cívica massiva no desfile popular que assinalou os 50 anos do 25 de Abril de 1974, em Lisboa, apesar das visões distintas para o futuro do país.

"É um ótimo sinal, é extraordinária esta participação massiva do povo português neste desfile, a celebrar os 50 anos do 25 de Abril com uma força, um entusiasmo de quem não quer andar para trás, de quem vai travar e dar combate a qualquer retrocesso social, económico ou cultural. O povo está cá para salvaguardar, proteger os valores de Abril, a nossa democracia política, mas social e cultural também", defendeu o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

O líder socialista falava aos jornalistas no desfile popular que assinalou os 50 anos do 25 de Abril de 1974, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, onde se juntou a vários militantes da Juventude Socialista, já sem o fato e gravata que usou na cerimónia solene comemorativa no parlamento, mas mantendo o cravo ao peito.

Pedro Nuno Santos manifestou-se confiante de que o PS vai vencer as eleições europeias de junho e que irá ganhar novamente umas legislativas - "e não há de faltar muito" -- apesar da "viragem à direita", e salientou que os cidadãos ainda "enfrentam muitos problemas" no estado social, nos serviços públicos ou na habitação.

"Mas é o PS e a esquerda no geral que está mais preparada para dar resposta a esses problemas, não é a direita, nunca foi a direita. Nós governamos para a maioria do povo, a direita para a minoria", criticou.

Mais atrás, na reta final do desfile, como tem sido habitual, uma comitiva da Iniciativa Liberal também se juntou à manifestação popular, com Rui Rocha a lembrar que o seu partido participa neste momento desde que foi fundado, "mesmo quando quiseram tentar que não" estivessem.

O liberal saudou a participação cidadã no desfile, considerando-a "um bom sinal". "O 25 de Abril é uma data determinante da liberdade e, portanto, ver tantos portugueses que se juntam em festa, com diferentes visões políticas, com diferentes visões para o país, que se juntam para celebrar essa data que une os democratas e os que amam a liberdade, isso é fantástico", defendeu.

Ladeado do antigo líder da IL e atual cabeça-de-lista para as eleições europeias, João Cotrim de Figueiredo, Rui Rocha pediu que a participação no desfile desta tarde se reflita na votação de junho, esperando que haja também uma "enorme participação".

Contrariamente a Pedro Nuno Santos, Rui Rocha considerou que ainda faltará muito tempo "até os portugueses esquecerem todas as consequências da governação socialista".

À esquerda, a coordenadora do BE Mariana Mortágua, rejeitou estar perante uma manifestação mas sim "uma ocupação pela liberdade", falando num "país inteiro que saiu à rua".

"Há uma maioria de gente que sai à rua nos 50 anos e não é só para celebrar o 25 de Abril, para marcar um dia simbólico, é para marcar uma posição: para dizer que em Portugal a democracia não se negoceia, a democracia não está em causa, há uma maioria de pessoas que apoia a democracia, que defende a democracia, que acha que é o melhor sistema para Portugal", considerou.

"Acredito que hoje tanta gente saiu à rua nas suas diferenças políticas, ideológicas, mas para afirmar esse princípio fundador: da igualdade, da liberdade, da justiça e da democracia", disse.

Também o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, enalteceu a participação massiva, expressiva" e até "emotiva" manifestada pelos cidadãos, classificando-a como "uma grande afirmação de Abril".

O comunista alertou que ainda subsistem problemas no acesso à saúde, educação, e na habitação. "Há aqui uma afirmação de Abril e, simultaneamente, da exigência que se cumpra Abril na vida das pessoas", afirmou.

Lusa

25.04.2024

Famílias enchem o Carmo para reafirmar legado da liberdade

Centenas de famílias passaram hoje de tarde pelo Largo do Carmo para assinalar os 50 anos do 25 de Abril, posar junto dos veículos militares do tempo da Revolução e reafirmar o legado da liberdade e da democracia.

Tal como há 50 anos, os blindados chegaram ao Quartel do Carmo, no centro de Lisboa, cheios de pessoas em cima, após completarem o trajeto que os trouxe desde o Terreiro do Paço. Já no local onde se consumou a queda do anterior regime e a vitória dos militares, o povo voltou a sair à rua, de cravos vermelhos nas mãos e no peito.

"É um dia de liberdade, um dia em que temos de dar valor ao que temos hoje. As gerações mais novas não passaram por aquilo que os meus pais passaram e me transmitiram, e o que eu lhes quero passar é que é um dia que tem de ser festejado, um dia de liberdade e de união. Juntamo-nos sempre aqui no Largo do Carmo para comemorar", conta à Lusa Nuno Silveira, acompanhado pela filha a tirar fotos no interior de um camião de transporte militar.

Com 56 anos, guarda desse 25 de abril de 1974 a memória de não ter tido aulas na escola e da surpresa que representou para a família, quando a sua mãe foi chamar o seu tio, que era do exército e ainda estava a dormir quando se dava a revolução. O dia de há 50 anos faz parte do passado, mas também do futuro e Nuno Silveira realça a necessidade de preservar o legado de liberdade e democracia.

"Gostaria de dizer que está seguro, mas neste momento já não tenho certezas e por não ter certezas é que incuto este espírito de liberdade. Temos de manter este espírito de liberdade e democracia, não podemos perder. Através do voto, não os obrigo, mas faço ver a quem pretende votar que nem todos tiveram liberdade para isso", sublinha.

Noutro blindado, Sílvia Ribeiro vai posando para a fotografia do marido ao lado da cadela Mel, imitando tantas outras pessoas ao longo do dia. É um dia muito importante para Portugal e para todos nós. É a liberdade de podermos dizer e fazer o que entendemos", refere.

Aos 43 anos, Sílvia Ribeiro nasceu sete anos depois da Revolução dos Cravos, mas explica que o marido já era nascido e que as histórias das famílias se cruzam com a do 25 de Abril, com um pai que combateu no Ultramar e uma filha prestes a completar 18 anos e a aprender ciência política, depois de crescer a ouvir em casa "desde pequenina" sobre a importância desta data.

Já Graça Vaz, que veio na companhia do marido, da filha e dos netos, lembra-se ainda bem desse 25 de abril de 1974, quando se preparava para mais um dia de trabalho no bar Angola (então na zona dos Anjos) e tinha 25 anos, uma bebé que ainda não tinha três meses de vida e um marido embarcado nos Açores.

"Saí para apanhar o metro em Alvalade, cheguei lá e estava fechado. Estava lá um senhor e disse, 'Para onde é que a senhora vai?', e eu respondi 'Vou trabalhar'. O senhor disse assim, 'Vá mas é para casa rapidamente, porque está a haver um golpe de Estado', e eu disse, 'O que é um golpe de Estado?'... Então, toca a andar para casa. Estava sozinha e cheia de medo", relembra.

Assume que esteve para não ir às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que só saiu por insistência da filha. Agora, não se arrepende de ter mudado os planos e destaca a alegria das pessoas na evocação do "dia inicial inteiro e limpo", como descrito pela poeta Sophia de Mello Breyner: "Deve manter-se vivo e continuar, devemos vivê-lo sempre com alegria, como estamos a viver agora".

Se as comemorações são uma revisitação daquele dia do passado, o futuro marcou presença através das muitas crianças e dos muitos jovens que quiseram subir às chaimites para tirar fotografias e aprender um pouco mais sobre o 25 de Abril.

Entre esses jovens está Daniel Ferreira, de 13 anos, que realça o cheiro a gasolina do veículo e a mudança que se operou em Portugal há 50 anos. "[O 25 de Abril] faz 50 anos e é uma data importante para o início da liberdade. Deixámos de ter ditadura e passámos a ter democracia. As pessoas podem votar, têm mais direitos e podem ter a sua opinião. É uma data importante", resume.

A revolução ocorrida há 50 anos teve um grande eco a nível internacional e também hoje não passou ao lado dos muitos estrangeiros que passeiam pelo centro histórico de Lisboa. E se uns estão apenas de visita, outros, como Stepan Franchak, fez de Portugal o seu país para viver e apreendeu já o significado da data.

"Significou a saída da ditadura, o fim do regime de Salazar e o início da democracia em Portugal", afirma o cidadão natural da Ucrânia, há 20 anos a viver cá e que, num português sem mácula, deixa um recado sobre o 25 de Abril: "A liberdade tem de ser merecida. O povo tem de fazer essa gestão e ver se tudo está de acordo com a democracia e a liberdade".

Lusa

25.04.2024

Milhares já descem a Avenida para celebrar 50 anos em liberdade

Vários milhares de pessoas começaram a descer a Avenida da Liberdade, no tradicional desfile do 25 de Abril, hoje para assinalar o cinquentenário da revolução.

Uma hora antes do início do desfile, marcado para as 15:00, a zona do Marquês de Pombal preenchia-se de uma mancha crescente de populares de cravos vermelhos empunhados ou ao peito.

Ao som de bombos, das palavras de ordem "25 de Abril, sempre, fascismo nunca mais" e sob dezenas de bandeiras de Portugal, partidos políticos, organizações sindicais e movimentos cívicos e algumas da Palestina, o desfile arrancou lentamente, mas em festa, cerca das 15:30, depois das duas chaimites chegarem à Avenida.

Entre os vários milhares de manifestantes, cruzam-se pessoas de todas as gerações, algumas que já tinham saído à rua há 50 anos e outras que nasceram em liberdade e fazem questão de a celebrar. "Eu não estava lá, mas estou aqui. 25 de abril , sempre", lia-se num cartaz.

25.04.2024

Montenegro quer que 50 anos marquem "ponto de viragem" na retenção de talento dos jovens

O primeiro-ministro manifestou hoje a convicção de que os 50 anos do 25 de Abril serão "um ponto de viragem" para quebrar "um ciclo negativo" dos últimos anos, de "incapacidade de reter em Portugal" o talento dos jovens.

Luís Montenegro assinalou hoje os 50 anos do 25 de Abril com um almoço com 50 jovens na residência oficial do primeiro-ministro, entre os quais o tenista João Sousa, o escritor Afonso Reis Cabral, o cantor Buba Espinho, a comentadora na SIC Maria Castello Branco e elementos das Forças Armadas e forças de segurança.

"Estou convencido de que este 25 de Abril, estes 50 anos, serão um ponto de viragem se nós quebrarmos um ciclo negativo que foi a marca dos últimos anos: a incapacidade de retermos em Portugal o nosso talento", afirmou.

O primeiro-ministro defendeu que, "mais do que contemplar os 50 anos" que passaram desde Abril de 1974, o Governo está focado "nos anos que vêm aí".

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Lusa

25.04.2024

Pedro Nuno Santos contra o populismo diz que PS vai proteger a "democracia política e social"

É preciso resistir, foi a mensagem passada pelo secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, na sessão solene no Parlamento da celebração dos 50 anos do 25 de abril, esta quinta-feira.

Falando das portas que "abril abriu", o líder do PS reconheceu que "é verdade que a concretização dos sonhos de abril é um trabalho imperfeito e inacabado", mas "os portugueses venceram". E dá exemplos como o serviço nacional de saúde, a proteção laboral, a escola pública e a segurança social.

"Abril é mais do que memoria, é vitória", repetiu.

Os problemas que resistem, 50 anos depois, "não se resolvem com o liberalismo, liberdade igual a sério é liberdade para todos", disse. Num ataque ao liberalismo reiterou que este está assente em individualismos que desprotegem a grande maioria dos cidadãos.

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25.04.2024

Aguiar-Branco evoca Soares e avisa que não se pode culpar o povo pelas suas escolhas

O presidente da Assembleia da República evocou hoje a ação reconciliadora de Mário Soares, defendeu que o populismo combate-se com soluções e advertiu que não se pode culpar os portugueses pelas escolhas que fazem nas urnas.

Estas posições foram assumidas por José Pedro Aguiar-Branco no primeiro discurso que proferiu enquanto presidente do parlamento numa sessão solene comemorativa do 25 de Abril de 1974.

De acordo com o antigo ministro da Defesa, meio século após a revolução de Abril, "o país quer mais, exige mais saúde, mais educação, mais justiça, mais habitação, mais desenvolvimento". 

"É essa pesada herança que explica tantos e tantos portugueses desiludidos, tantos e tantos portugueses zangados, tanta e tanta polarização, tanta radicalização e tanto populismo. Devemos culpar os portugueses por isso? Devemos culpá-los pelas suas escolhas nas urnas?", questionou.

 O presidente da Assembleia da República assinalou depois ter "genuínas dúvidas" de que a resposta a esses portugueses zangados "seja mais ideologia, mais guerras culturais, mais partidarização, mais tática política ou mais jogos parlamentares".

 "A desilusão de uns resolve-se com boa governação. A polarização de outros resolve-se com soluções. Com ações concretas e não com palavras e discursos mais ou menos inflamados. E notem a expressão que propositadamente utilizei. Resolver. Não combater", acentuou.

 José Pedro Aguiar-Branco completou esta ideia, dizendo que "a casa da democracia" não pode ser encarada como um "castelo fechado em si mesmo, protegido atrás de grades que, por conforto ou segurança, simbolicamente fomos deixando ficar".

"A casa da democracia não pode servir para defender o regime. Isso era a outra, a dita Assembleia Nacional. E muito menos a casa da democracia serve para defender a democracia. Serve sim para construir a democracia. Todos os dias, com mais políticas que política, com mais coragem que jogos ou preocupações com popularidade", contrapôs.

Neste contexto, o social-democrata José Pedro Aguiar-Branco evocou a ação do antigo Presidente da República, fundador e primeiro líder do PS, Mário Soares, considerando mesmo que "foi a personificação maior de um espírito de bom senso e sabedoria que hoje, em política, se chama de moderação".
 

"O homem que combateu o PCP nas ruas foi o mesmo que não permitiu a sua ilegalização. O homem que amnistiou Otelo foi o mesmo que trouxe Spínola para junto de si.  O que alguns podem chamar de contradições ideológicas e políticas, ele chamaria de reconciliação. De respeito pela diferença de pensamento, pela diversidade das ideias", salientou.

Uma atitude que, de acordo com o presidente da Assembleia da República, Mário Soares adotou "não por uma casta noção de tolerância, mas pela certeza de que o país só cresce e se desenvolve com a diferença e pela diferença". Na bancada do PS, houve novamente palmas.

 "A certeza de que a diferença exige mais de nós. Que a diferença soma e acrescenta. Isso é sabedoria. É bom senso. Como português, cidadão e eleitor só posso esperar o mesmo para esta casa: O respeito maior pela diferença, de que a composição desta assembleia é, hoje, exemplo, fruto da afirmação livre da vontade dos portugueses", acrescentou.

Lusa

25.04.2024

PSD diz que políticos “estão ao serviço do povo” e critica quem quer “dividir o país”

A deputada do PSD Ana Gabriela Cabilhas defendeu hoje que "os políticos estão ao serviço do povo" e devem trabalhar para resolver os seus problemas, criticando os que querem "dividir o país".

Na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, o PSD escolheu uma deputada de 27 anos, que foi dirigente estudantil, para discursar, ao contrário da maioria dos partidos, que optaram pelos seus líderes.

Na sua intervenção, Ana Gabriela Cabilhas, com um cravo no vestido branco, defendeu que não se pode aceitar que "a melhor versão" da democracia tenha ficado no passado, "cristalizada na Revolução dos Cravos".

Nos 50 anos da democracia, considerou, é necessária "uma democracia melhorada e reconciliada com o povo, que não se contenta em sobreviver, mas que procura florescer com a intensidade de abril de 74, de novembro de 75 ou da ida às urnas para a Assembleia Constituinte".

"A voz do povo é a maior força da democracia. Por isso, a Casa da Democracia deve escutar o povo, para devolver ao povo a concretização das suas legítimas expectativas", disse.

Para a jovem deputada, a solução passa pelo parlamento e por cada um dos deputados: "Recusando que os extremistas radicalizem a sociedade, dividindo-a em dois: os políticos e o povo. Não!"

"Os políticos estão ao serviço do povo. Os políticos são também eles o povo (…) Porque aqui não há nós e eles, somos todos Portugal", disse, numa das várias passagens do seu discurso que também mereceu aplausos da bancada do PS, além das do PSD e CDS-PP.

A deputada defendeu que a liberdade tem de estar associada à "verdadeira igualdade de oportunidades".

"A igualdade de oportunidades vem com a solução aos problemas das pessoas que sabemos existirem, e para os quais este Governo e esta Assembleia estão dedicados em resolver", disse.

Para Ana Gabriela Cabilhas, tal passa por elevar o debate político, convocar "a tolerância e o diálogo para a atividade parlamentar" ou reforçar a responsabilização dos titulares de cargos públicos.

"Percebendo que aqui não são os partidos que ganham ou perdem, são os portugueses que têm de ganhar", considerou.

A deputada do PSD defendeu que devem ser rejeitados os extremismos e populismos, "qualquer revisionismo histórico de saudade soviética", e também "vagas ‘wokistas’", a que chamou "a nova censura do bem".

"Substituindo a política de café e do comentário nas redes sociais, por mais participação na comunidade. Rompendo com os interesses instalados. Concretizando as reformas de que o país grita. Dizendo não, não a quem quer dividir o país", apelou.

A deputada considerou que "o futuro da democracia não é certo", mas que a forma como for preparado é "a chave para a defender melhor".

"Com mais progresso, solidariedade, mais respeito pelas pessoas e pela dignidade que a todos deveria estar consagrada, pelo planeta e os seus recursos", disse.

No final da sua intervenção, deixou uma palavra para os militares e combatentes a quem disse que o país tem "uma dívida de gratidão" e a todos os portugueses, "dos mais novos aos mais velhos", "do interior e do litoral".

Ana Gabriela Cabilhas foi aplaudida, no fim, de pé pela bancada do PS e, sentados, pelos deputados do CDS-PP e vários do PS.

Lusa

25.04.2024

PCP pede que se retome "esperança em Abril" e critica quem "tudo faz para destruir conquistas"

O secretário-geral do PCP criticou hoje uma minoria "que tudo fez e faz para destruir conquistas e recuperar o poder perdido", procurando "falsificar e reescrever a história", e pediu que se retome "a esperança em Abril".

Num discurso na sessão solene do 25 de Abril, no parlamento, Paulo Raimundo salientou que, há 50 anos, a Revolução dos Cravos "consagrou liberdades concretas e abriu portas à democracia política, social, económica e cultural".

"Consagrou direitos políticos, sociais, laborais e civilizacionais, redistribuiu a riqueza de forma mais justa, impôs a justiça social, a igualdade, a terra a quem a trabalha, libertou o país do domínio monopolista, construiu o poder local e a autonomia regional, consagrou na lei a igualdade entre homens e mulheres e pôs fim a guerra colonial", afirmou.

Segundo o líder comunista, a Revolução "optou por uma sociedade ao serviço da maioria em confronto com os interesses de uma minoria".

"Essa revolução que fez tudo e faz para destruir conquistas e recuperar o poder perdido, que tudo fez e faz para falsificar e reescrever a História. Revolução que foi sonho, realização e construção, foi valores e esperança numa vida melhor que a contrarrevolução e a política de direita procuram negar", criticou.

Para Paulo Raimundo, "Abril não é a maioria dos jovens ganharem mil euros de salário por mês", é "a juventude ter condições de viver, trabalhar e fazer a sua vida no seu próprio país".

"Abril é SNS e garantir, a partir dele, acesso a todos à saúde. É o direito à escola pública e aos mais elevados níveis de ensino para todos. É o direito à habitação, não à proteção da banca e dos especuladores", frisou.

Abril, prosseguiu, "é contra todo o tipo de discriminações" e "rejeita o ódio, o racismo e a xenofobia", além de ter libertado "o país do fascismo e desse regime de corrupção organizada e silenciada".

O líder comunista acrescentou que Abril "retirou o país das mãos de meia de dúzia de famílias que distribuíam entre si a riqueza criada" e é também "combate ao poder em grande medida restaurados dos grupos capitalistas e das multinacionais sobre a vida nacional".

"Abril é pôr fim à promiscuidade entre o poder económico e o poder política, a causa funda da corrupção. Abril é a Constituição estar presente na vida de todos e todos os dias", afirmou.

Para o líder comunista, "Abril é paz, cooperação, e solidariedade entre os povos, é a resolução política dos conflitos" e "um claro não à guerra".

"Abril é o caminho que é necessário retomar, pondo fim ao ciclo da política de direita que tem conduzido o país a crescentes desigualdades. Este é o grande desafio que está colocado aos democratas e patriotas, aos trabalhadores e ao povo, a todos os que cá vivem e trabalham", afirmou.

"Abril é o caminho que é necessário retomar, pondo fim ao ciclo da política de direita que tem conduzido o país a crescentes desigualdades. Este é o grande desafio que está colocado aos democratas e patriotas, aos trabalhadores e ao povo, a todos os que cá vivem e trabalham", afirmou.

Esse desafio, considerou o líder comunista, "é acima de tudo uma tarefa da juventude, dos que nasceram e cresceram depois da Revolução, dos filhos da madrugada".

"A tarefa de tomarem nas suas mãos a concretização desse Abril dos direitos, sonhos e realização", afirmou.

Paulo Raimundo citou a música "Canção sem Final", de Garota Não, para salientar que "podem decretar o fim da arte, é como decretar o fim da chuva".

"Atrevo-me a afirmar que podem decretar o fim de Abril, que isso é como decretar o fim da esperança, e é essa esperança nesse Abril que é preciso retomar, tal como a música: uma canção sem final, uma canção que se toca e canta, afinada em diferentes formas, tons e por esse povo que é quem mais ordena", sublinhou.


Lusa

25.04.2024

Rui Tavares lembra “a mais bela revolução do século XX” e pede “país cheio de desejos de objeto político”

 O porta-voz do Livre lembrou hoje o 25 de Abril de 1974 como a "mais bela revolução do século XX", data que considerou única, apelando a um país "cheio de desejos de objeto político" contra os inimigos da revolução.

"A razão pela qual o 25 de Abril deu a volta ao mundo é porque foi a mais bela revolução do século XX, e é nossa", considerou Rui Tavares, na Assembleia da República, onde decorre na sessão solene comemorativa do cinquentenário do 25 de Abril de 1974.

Numa intervenção fortemente aplaudida pela bancada do Livre mas também do PS, Rui Tavares afirmou que houve vários marcos importantes após o 25 de Abril - como o dia em que as mulheres puderam finalmente votar em pleno numas eleições - mas salientou que são incomparáveis "com o dia que os criou".

Tavares alertou que quem "deseja o poder" quer sempre "estar nas bocas do mundo" e, para isso, "a melhor maneira é menosprezar ou profanar o 25 de Abril".

"Por isso, peco-vos, não lhes demos esse prazer", apelou, defendendo que "é enchendo o país de objetos de desejo político" que o país poderá continuar "evitar os pesadelos do passado e continuar a sonhar Abril".

"Em cada quartel vazio imaginemos uma residência de estudantes, em cada aldeia despovoada imaginemos um novo projeto sustentável e solidário para várias gerações. Imaginemos um país que já é de ponta nas energias renováveis ou na ecologia, imaginemos uma economia do conhecimento que de o justo valor a todos", defendeu.

Tavares iniciou a sua intervenção a falar de "sonhos e pesadelos", lembrando a sua mãe, Lucília, que na época da ditadura "tinha pesadelos com o ditador" e a quem era dito: "Cuidado, Lucília, se tivesse mais educação já estava presa".

O deputado do Livre e historiador salientou que o 25 de Abril de 1974, que derrubou uma ditadura de 48 anos, "iniciou a terceira vaga de democratização no mundo", e enumerou algumas das conquistas desde então, como o aumento das qualificações da população, as férias pagas, o salário mínimo nacional ou o Serviço Nacional de Saúde.

No final, pediu que o parlamento faça uma homenagem, através de uma estátua, às mulheres do país.

"Nós temos aqui mesmo ao lado um pedestal vazio para uma estátua que nunca decidimos qual seria. Essa estátua, sugiro eu, que seja daquela mulher, pode ser a dona Celeste que saiu com a sua braçada de cravos no dia 25, pode ser Aurora, Laurinda, Maria Albertina, Miquelina, eu chamo-lhe apenas dona liberdade. Uma mulher comum portuguesa que inventou o mais belo símbolo revolucionário, que deu a volta ao mundo, e que deve ser celebrada. Porque essas mulheres, incluindo aquelas que vieram para aqui às quatro da manhã pôr esta sala bonita, merecem e nós precisamos", rematou.


Lusa

25.04.2024

Chega acusa Presidente da República de trair os portugueses

O presidente do Chega acusou hoje o Presidente da República de trair os portugueses ao defender o pagamento de reparações por crimes da era colonial, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa devia "amar a História" de Portugal.

"O senhor Presidente da República traiu os portugueses quando diz que temos de ser culpados e responsabilizados pela nossa História, que temos de indemnizar outros países pela História que temos connosco", criticou André Ventura na reta final do discurso que proferiu na sessão solene que assinala os 50 anos do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República.

O líder do Chega disse que Marcelo Rebelo de Sousa "tem de respeitar" os portugueses "antes de tudo", porque foi "eleito pelos portugueses, não foi pelos guineenses, pelos brasileiros, pelos timorenses".

"Pagar o quê? Pagar a quem? Se nós levámos mundos ao mundo inteiro. Se hoje em todo o mundo se elogia a pátria e o mundo da língua portuguesa", acrescentou.

André Ventura disse não querer "prender ninguém, nem responsabilizar" e que tem orgulho na História de Portugal.

"Eu amo a História deste país e o senhor Presidente também devia amar a História deste país", acentuou.

Na terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, sugerindo o pagamento de reparações pelos erros do passado.

Da tribuna, Ventura saudou os ex-combatentes, alegando que "ficaram com o coração apertado ao ouvir o Presidente da República".

"Fazemos daqui uma enorme saudação de Abril porque é vossa também a democracia portuguesa", disse.

O presidente do Chega considerou que a Revolução dos Cravos "deu liberdade, mas ao longo do caminho foi tirando dignidade".

"Toda a liberdade que conquistámos ora a fomos perdendo ora a fomos desiludindo", acrescentou, referindo "aqueles que não conseguiram sair do salário mínimo nacional" ou os portugueses que "ao fim de anos de governação PS e PSD tiveram de emigrar".

E criticou aqueles que falam na "manhã mais bela da Europa".

"Os portugueses sabem que podemos celebrar Abril, devemos celebrar Novembro mas, acima de tudo devíamos o que ainda não celebrámos, que é dar dignidade ao povo português. Era isso que já devíamos ter feito há muito tempo", sustentou.

O presidente do Chega disse que o Governo caiu "por suspeitas de corrupção" e argumentou que "uma grande parte do país não se preocupou com as suspeitas, mas em atacar quem investigava a corrupção".

E disse referir-se ao "país que não é capaz de olhar para que os que há anos transformaram a oligarquia de maio na oligarquia de abril, em que três ou quatro famílias, sempre com os mesmos cartões ou com diferentes cores partidárias foram olhando para o lado e dizendo ‘sim, sim, Abril, mas o dinheiro para este lado’, ‘sim, sim Abril, mas salários baixos’".

"Cinquenta anos depois de Abril sabemos que uma grande parte nunca quis uma justiça independente, quis sempre a justiça nas suas mãos ou controlada através dos seus fios", acusou, defendendo que "não é Abril que tem de se cumprir, é Portugal que tem de se cumprir".

Ventura assinalou também que no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, foram eleitos 50 deputado do Chega "ironicamente nesta Assembleia".

"Sem ajustes de contas, esta é a história que hoje aniquilou praticamente todos os que defendiam o fim da liberdade. Mas não aniquilou para se vangloriar, aniquilou para mudar este país", apontou.

Lusa

25.04.2024

IL acusa quem quer indemnizar terceiros pelo passado de atentar contra interesses do país

O presidente da IL considerou hoje que, quem declara ser obrigação de Portugal "indemnizar terceiros" pelo passado, está a atentar "contra os interesses do país" e a reduzir-se "à função de porta-voz de sectarismos importados".

"Quem declara ser nossa obrigação indemnizar terceiros pelo nosso passado atenta contra os interesses do país, reduz-se à função de porta-voz de sectarismos importados e afasta-se do compromisso de representar a esmagadora maioria dos portugueses", declarou Rui Rocha na sessão solene do 25 de Abril, no parlamento, numa reação implícita às declarações do Presidente da República, na terça-feira, sobre a necessidade de se "pagar os custos" do colonialismo.

Rui Rocha considerou que Portugal não é "menos livre" porque tem "uma longa história de quase 900 anos".

"E não, senhor Presidente, História não é dívida. E História não obriga a penitência", defendeu.

Neste discurso, em que salientou que, há 50 anos, uma "gaivota levantou voo", o presidente da IL considerou que há hoje quem queira "obrigar a gaivota a voar para trás".

"Há quem queira, por exemplo, ajustar contas com as mulheres do nosso país pela liberdade que conquistaram. Há mesmo quem queira, sob disfarces piedosos, voltar a perseguir mulheres, decidir o destino, dizer-lhes o que é e o que não é próprio delas", criticou.

Citando Natália Correia, poeta e antiga deputada do PPD/PSD, Rui Rocha defendeu que "nunca é o caso de as mulheres voarem demasiado alto, é sempre o caso de esses que as querem sem liberdade não terem asas para as acompanhar".

A seguir, Rui Rocha considerou que "houve um tempo em que não se podia falar de nada", "depois veio aquele tempo em que se podia falar de tudo", e agora vive-se "num momento em que parece que se pode falar de tudo, mas não se pode falar de nada".

"É urgente combater esse 'wokismo' desnaturado que em tudo se infiltra, que quer acorrentar as gaivotas da expressão e do pensamento", afirmou, considerando que é o que o Governo pretende fazer que se propõe a "estimular a criação e o reconhecimento de plataformas na verificação de factos".

"Eu pergunto: qual é a entidade que vai fazer o reconhecimento de tais plataformas de verificação de factos?", questionou, manifestando-se desde já contra qualquer uma.

De cravo branco na lapela, Rocha considerou que "a gaivota voa mais baixo do que devia quando o coletivismo ganha terreno e determina o caminho do indivíduo, quando esse caminho tem de fazer-se contra ou apesar do Estado, quando o Estado impede de crescer pelo trabalho e quando o sucesso e o mérito das pessoas e das empresas não são celebrados, mas desvalorizados, criticados ou mesmo punidos".

"A gaivota voa mais baixo do que devia quando o Estado tira muito mais do que aquilo que devolve em Justiça, saúde ou educação, quando um em cada três jovens foram obrigados a emigrar, um em cada quatro dos que ficam não encontra emprego, três em cada quatro dos que trabalham ganha menos de mil euros por mês", disse.

A gaivota voa mais baixo, prosseguiu, "quando o Estado tira muito mais do que devolve" e quando "os mesmos de sempre se revezam entre si e não têm ambição nem coragem de pôr o crescimento económico à frente do crescimento de clientelas e burocracias".

"50 anos depois, sabemos que a gaivota voa demasiado baixo muito mais vezes do que devia. Mas também sabemos que o caminho da liberdade nunca se faz quando as gaivotas voam para trás", salientou.

Rocha considerou que, "50 anos depois, já não há mais tempo nem desculpas aos que, à esquerda, querem ser donos do 25 de Abril", aos que, "à direita, se envergonham do 25 de Abril e aos outros, saudosos do bafio, da miséria e da opressão", a quem pediu que "saiam da frente, que atrás vem gente".

"Aos que têm agora o poder, digo também: façam, façam voar as gaivotas mais alto e mais depressa. E se não tiverem ambição para fazer, nunca se esqueçam das palavras de Torga: em liberdade, os cidadãos são sempre donos do terrível poder de recusar", disse.

Lusa

25.04.2024

Mariana Mortágua critica “carpideiras do salazarismo” e pede “manifesto pelo futuro”

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, criticou hoje as "carpideiras do salazarismo", avisando que "os saudosistas são perigosos porque vivem para a mentira" e pedindo um "manifesto pelo futuro" com alertas sobre o capitalismo.

"Dizem-nos agora alguns, saídos do armário ao fim de 50 anos, que a revolução foi supérflua e um exagero, que afinal a chibata sempre educa, a masmorra moraliza e o lápis azul ilustra. As carpideiras do salazarismo não são perigosas pela nostalgia desse passado: não será reconstruido nenhum império, o Tarrafal fechou para sempre e o Aljube e Peniche são agora museus que devem ser visitados", defendeu Mariana Mortágua, na sessão solene comemorativa do cinquentenário do 25 de Abril, na Assembleia da República.

A deputada bloquista avisou que "os saudosistas são perigosos porque culpam a democracia e a Constituição pela pobreza que persistiu, pelo amargo das promessas não cumpridas e pela corrupção que grassa nas privatizações, nas portas giratórias, no financiamento dos próprios partidos da oligarquia", alertando que "vivem para a mentira".

Na sua primeira intervenção numa sessão solene da Revolução dos Cravos enquanto coordenadora do BE, Mortágua lembrou a ditadura de Salazar e um país que "se vergou à tristeza, à emigração forçada, à maldita guerra e à secundarização das mulheres".

"O nosso país só foi salvo pela revolução do 25 de Abril", salientou, recusando que este dia seja "uma consolação para um tempo encerrado".

"O que trago aqui, em nome do Bloco de Esquerda, num abraço com todas e todos os democratas, é um alerta sobre o presente para um manifesto pelo futuro. O que nos assombra chama-se capitalismo", considerou.

Para a coordenadora do BE, o capitalismo "é o poder que transforma tecnologias em ameaças, que sacrifica imigrantes para beneficiar os que exploram a sua ilegalização, que destrói o planeta de amanhã em nome dos dividendos de hoje".

"É o capitalismo que faz da casa um ativo financeiro e um lugar inatingível, que ataca a democracia com discursos de ódio, que chama mérito à injustiça social, que nos impõe a caricatura individualista de nós mesmos e nos reduz à condição de consumidor ou de contribuinte para assim nos proibir de imaginar o futuro coletivo, porque esse ao mercado pertence", enumerou.

Mortágua salientou que "a liberdade é também e só o é plenamente, na definição dos nossos objetivos comuns" e que "a nossa liberdade começa onde começa a liberdade dos outros".

"É sobre isso este dia de hoje. Não uma consolação, mas a inspiração para um tempo aberto. Ousamos imaginar esse futuro", afirmou.

A coordenadora bloquista defendeu que futuro "é garantir trabalho digno", "libertar a criatividade e ter tempo para viver".

"Por isso, contra a exploração que se moderniza mas que não se ameniza, afirmamos o direito ao salário e ao descanso. O futuro é decidir os objetivos sociais do esforço comum, e por isso, contra a mão invisível que dilacera o que é de todos, afirmamos a planificação ecológica", defendeu.

Mortágua defendeu ainda que "reclamar o futuro é, portanto, construir o progresso a favor da comunidade e distribuir todos os seus frutos".

"Contra o medo e os rancores existenciais, afirmamos a certeza de que aqui cabe o mundo todo, todos temos o direito a viver em condições iguais e a ter o que precisamos para uma vida boa. Vida boa, sim, com tempo livre, respeito por cada um, fins coletivos, sonhos em comum, o imaginário descolonizado: ou seja, tudo o que nos aproxima da liberdade", sublinhou.


Lusa

25.04.2024

CDS-PP recusa “revisitar heranças coloniais” e destaca 25 de Novembro

O líder parlamentar do CDS-PP rejeitou hoje "revisitar heranças coloniais" e "deveres de reparação", considerou que Portugal "não mudou de regime para ser um Estado insolvente" e destacou o 25 de Novembro.

Discursando na sessão solene que assinala os 50 anos do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República, Paulo Núncio afirmou que o CDS-PP não sente "necessidade de revisitar heranças coloniais".

"Não queremos controvérsias históricas nem deveres de reparação que parecem importados de outros contextos fora do quadro lusófono", indicou.

"A História é a História, e o nosso dever é o futuro, construído e alicerçado entre estados soberanos espelhados pelos quatro continentes sem discriminações ou preconceitos entre os hemisférios norte e sul, desde o ocidente ao oriente", defendeu.

Na terça-feira, o Presidente da República reconheceu responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial e sugeriu o pagamento de reparações pelos erros do passado.

"No CDS, saudamos a excecional capacidade que Portugal e os novos estados lusófonos tiveram, em apenas meio século, para reinventar o seu relacionamento, sedimentar uma nova proximidade e estabelecer muitos e bons interesses comuns. A lusofonia é hoje uma dimensão importante de todos os membros da CPLP, no CDS queremos desenvolver a matriz lusófona que complementa e acrescenta à dimensão europeia de Portugal", realçou Paulo Núncio.

No seu discurso, o líder parlamentar centrista saudou também a criação pelo Governo PSD/CDS-PP de uma comissão para a comemoração dos 50 anos do 25 de Novembro.

"Em 2024 celebramos os 50 anos do 25 de Abril. Em 2025 vamos finalmente celebrar, e não esquecer, os 50 anos do 25 de Novembro, recordando a Fonte Luminosa, em Lisboa, e o levantamento democrático que venceu os extremismos", apontou.

Paulo Núncio considerou que esta foi uma data "fundamental para a liberdade e a democracia plenas", marcante para a História do país, e defendeu que as comemorações devem ser "justas, plurais e de âmbito nacional, feitas com militantes e civis, das instituições às escolas".

"Celebrar o 25 de Abril não esquecendo o 25 de Novembro é uma questão de memória histórica e de sentido de gratidão. Se com o 25 de Abril caiu o Estado Novo, o 25 de Novembro trouxe a democracia e a liberdade plenas", salientou.

"Ao comemorar os 50 anos do 25 de Abril e do 25 de Novembro, respetivamente em 2024 e 2025, estaremos a corrigir esse erro que foi cometido no passado e a prolongar as comemorações da liberdade por mais um ano e meio. Através da comemoração conjunta destas duas data, estaremos, como nação, a restaurar a fé e a esperança na nossa tardia, jovem, mais ainda frágil democracia", defendeu Núncio.

O líder parlamentar centrista referiu que o 25 de Abril "deve ser saudado" por ter derrubado o Estado Novo e por acabar "com um regime onde não havia eleições livres, liberdade de imprensa e onde se prendiam pessoas por razões políticas".

Núncio destacou ainda que a Revolução dos Cravos, que aconteceu há 50 anos, "permitiu a aproximação e a adesão de Portugal à Europa" e "colocou um termo na guerra em África, com elevados custos humanos e vidas destruídas, mas também famílias abandonas à sua sorte em resultado de um desastroso processo de descolonização".

O dirigente indicou igualmente que entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro "aconteceu o PREC, Processo Revolucionário em Curso, marcado por nacionalizações, ocupações, saneamentos, detenções por delito de opinião, a reforma agrária, a tentativa de silenciamento de vários partidos pela violência" e também "pela vontade de fazer prevalecer a legitimidade revolucionária sobre a legitimidade democrática".

O deputado do CDS-PP afirmou também que "Portugal não mudou de regime para ser um Estado insolvente", nem para "ser um dos países comparativamente mais pobres da Europa" e que "Portugal não mudou de regime para ter a taxa de emigração de jovens mais elevada da Europa e uma das maiores do mundo" nem para "promover o suicídio assistido e a eutanásia", destacando "o novo ciclo político" com o Governo PSD/CDS-PP.


Lusa

25.04.2024

PAN adverte que direitos estão a ser postos em causa e pede que se defenda "voz de Abril"

A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, advertiu esta quinta-feira que os direitos humanos estão a ser postos em causa e defendeu que é hora de o país se "erguer contra aqueles que procuram silenciar a voz de Abril".

Num discurso na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, no parlamento, Inês de Sousa Real defendeu que a "música da liberdade" que tocou há 50 anos inspirou o país a lutar "por melhores condições de vida, pelos direitos humanos e justiça social" e deixou um legado "que hoje assume nova dimensão perante os grandes desafios" contemporâneos, como as guerras, as alterações climáticas ou "a ascensão de forças políticas que põem em causa direitos humanos".

"À medida que ouvimos a música que hoje toca, somos confrontados com uma realidade que nos preocupa profundamente, que se espalhou pela Europa e que hoje se espalha por Portugal. Casa a casa, rua a rua", destacou.

A porta-voz do PAN frisou que "os direitos conquistados aos poucos, e subtilmente, estão a ser postos em causa, não apenas os direitos das mulheres, dos mais vulneráveis, mas também os direitos dos animais e o respeito pela natureza".

"A revolução da empatia exige que nos ergamos em defesa desses direitos, que nos tornemos capitãs e capitães, defensores da liberdade e da dignidade de todos os seres vivos", sustentou.

Para Inês de Sousa Real, "é também chegada a hora de uma nova música, desejada por tantas e tantos, uma música que leve Abril à natureza", que leve "em direção a um futuro promissor para todas e todos, a uma revolução que trave o declínio da biodiversidade, que promova a abolição de atividades cruéis para com os animais e o direito a viverem em liberdade no seu habitat natural".

"É hora de sintonizar uma nova música da liberdade, de nos erguermos contra aqueles que procuram silenciar a voz de Abril", afirmou.

A porta-voz do PAN sustentou que não se pode permitir que, "volvidos 50 anos do 25 de Abril, se silencie a voz e o caminho do progresso e se veja incutir novamente a cultura do medo, do medo pelos direitos" que a mulheres conquistaram desde Abril" ou "os direitos que garantem a igualdade e a inclusão".

Sousa Real acrescentou que não se pode permitir "que construíam trincheiras" e se alimente a ideia de que se tem de "ser uns contra os outros".

"Abril deu-nos o direito de viver desassombrados do medo. Cantemos por isso Abril e não deixemos que nos tirem a liberdade e a esperança de sonhar e acreditar numa sociedade melhor para todas e todos sem exceção", afirmou.

Não se pode permitir, prosseguiu a líder do PAN, "que a música da liberdade pare e que a voz de Abril fique silenciada".

"O poder de manter viva a chama e a música de Abril está em todas e todos nós. Contam com o PAN para continuar a cantar, com novas estrofes, a música de Abril e lutar por um país que respeite as pessoas, os animais e a natureza", concluiu, num discurso aplaudido pelas bancadas da esquerda.

Lusa

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