A partir da meia-noite de hoje o escudo vai deixar de circular no nosso país, com o euro a assumir-se definitivamente como a nova divisa dos portugueses, após dois meses de circulação em conjunto com a moeda europeia.

O escudo foi criado por decreto em 22 de Maio 1911, tendo iniciado a circular fisicamente no ano seguinte, sem interrupções até hoje. A primeira nota, com um valor facial de cinco escudos, datava de 1913.

A introdução do escudo visou na época combater a desvalorização do real e reforçar a identificação dos portugueses com a República, que havia sido implantada em 1910, pondo ainda termo a uma moeda que estava relacionada com a monarquia.

O Banco de Portugal esperava ter retirado de circulação 90% dos escudos até hoje, sendo que no final do primeiro mês após a introdução do euro já tinha em seu poder 60% dos escudos.

No final de Janeiro o euro já era responsável por cerca de 90% das transacções efectuadas em Portugal, um valor em linha com as expectativas do Banco de Portugal.

A 15 de Fevereiro, o euro representava cerca de 77% da massa monetária a circular no nosso país, com os cheques na divisa europeia a ascenderem a mais de 97% do total, segundo a instituição liderada por Vítor Constâncio.

Na mesma data, o dinheiro em circulação em Portugal correspondia a 5,47 mil milhões de euros, dos quais 4,2 mil milhões eram denominados na moeda única. O Banco de Portugal vai divulgar amanhã os valores defeinitivos sobre a operação de introdução do euro em circulação.

Notas de escudo podem ser trocadas até 2022

A partir de amanhã, será ainda possível trocar escudos por euros aos balcões dos bancos, até 30 de Junho, e no Banco de Portugal, até 31 de Dezembro deste ano.

A partir do final deste ano, as notas de escudos poderão ainda ser trocadas por euros no Banco de Portugal, até 28 de Fevereiro de 2022, mas as moedas remanescentes já não poderão ser substituídas por euros.

A partir da meia-noite de hoje, Portugal vai juntar-se a outros países europeus, como a Alemanha, França e Holanda, que já abandonaram em definitivo as respectivas divisas nacionais.

na altura da sua criação, cada escudo valia mil reais. A partir de 1919 a moeda perdeu sucessivamente valor, em função da subida da inflação, que se acentuou com a participação de Portugal na I Guerra Mundial.

Nos primeiros anos do Estado Novo, o valor da moeda manteve-se relativamente estável, um cenário que veio depois a alterar-se com o início dos combates nas antigas colónias portuguesas e que se agravou nos anos que se seguiram ao retorno à democracia, em 1974.