Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

"Finfluencers": CMVM alerta que há falta de qualificações e compensações por recomendação

O supervisor recomenda aos investidores que mantenham um espírito crítico, procurem informação complementar e desconfiem de promessas exageradas.

Portugal é o quarto país na União Europeia com mais ‘influencers’ por população.
GettyImages
  • ...

A proliferação de redes sociais e influencers não passou à margem dos mercados financeiros e criou-se o fenómeno dos "finfluencers" - pessoas que usam as suas contas pessoais nas redes sociais, websites e podcasts para divulgar conteúdos sobre temas financeiros (incluindo sobre investimentos) ou para promover produtos e serviços financeiros, podendo influenciar a decisão de investimento com as suas opiniões, informações e/ou recomendações.

Contudo, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) avisa que é preciso atenção. "Os finfluencers partilham conteúdos sobre temas financeiros através das redes sociais ou de outros canais digitais, podendo influenciar a decisão de investimento de quem os segue. Muitos jovens acedem a conteúdos de finfluencers disponibilizados de forma gratuita e em formatos apelativos. A qualidade da informação partilhada por finfluencers deve ser avaliada criticamente", avisa o supervisor, no guia do investidor, publicado esta segunda-feira, no arranque da Semana Mundial do Investidor.

É que, segundo a CMVM, nem todos têm as "qualificações necessárias" para partilhar informação sobre produtos e serviços de investimento, "podendo igualmente estar mal informados, levando os seus seguidores/subscritores a tomar decisões financeiras erradas ou desadequadas", com eventuais perdas financeiras.

Além disso, alguns influencers financeiros podem também promover, através das redes sociais, investimentos ou instrumentos financeiros "recebendo por isso uma compensação, mas sem divulgar esse conflito de interesse de maneira adequada". A necessidade de aumentar o número de seguidores ou subscritores, "pode levar à criação de conteúdo atrativo e de fácil consumo", abordando de forma superficial e incompleta temas complexos, que requerem uma análise mais profunda.

Por isso, o supervisor liderado por Luís Laginha de Sousa recomenda: "Deve sempre fazer uma análise crítica dos conselhos que recebe de finfluencers, de forma a evitar decisões de investimento desadequadas face ao seu perfil e objetivos. Pode também procurar outras opiniões. Não deixe de investir no seu próprio conhecimento!"

Há dois tipos de finfluencers: os que têm uma relação contratual com intermediários financeiros que estão habilitados a prestar serviços de investimento no nosso país e os que divulgam conteúdos de forma independente, sem qualquer relação contratual com um intermediário financeiro específico. Nalguns casos - nomeadamente se houver aconselhamento de investimento personalizado - é preciso estar registado junto da CMVM como consultor autónomo ou agente vinculado de um intermediário financeiro.

Face aos riscos, a CMVM deixa algumas dicas aos investidores:

• Manter espírito crítico e perguntar: "este conteúdo é informativo ou publicitário?"

• Aceder a fontes oficiais para obter informação adicional sobre um investimento ou instrumento financeiro (por exemplo, diretamente junto dos emitentes), de forma a validar a qualidade e completude da informação divulgada pelo finfluencer.

• Procurar elementos na informação divulgada e noutra disponível que permitam avaliar criticamente os conhecimentos e a seriedade do finfluencer para divulgar informação sobre instrumentos financeiros, mercados financeiros e investimentos.

• Questionar o finfluencer se está a receber algum tipo de compensação pelos produtos ou serviços que está a promover – fica assim a saber se existe um propósito comercial por detrás do aconselhamento ou não.

• Suspeitar sempre de promessas exageradas, irrealistas ou de retornos elevados sem risco: "mantenha os pés na terra!".

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio