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"Promoflation": Folhetos anunciam mais promoções, mas descontos são menores

Estudo mostra que o fenómeno, que consiste num aumento indireto do custo real dos produtos impulsionado pela redução da frequência ou do valor dos descontos, que pode gerar no consumidor a ilusão de poupança, é uma realidade em Portugal.

07 de Outubro de 2024 às 11:20
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Existe um número cada vez maior de artigos anunciados como estando em promoção nos folhetos dos retalhistas em Portugal, mas os descontos são cada vez menores, conclui o estudo "Promoflation: Realidade ou Mito?", realizado pela TouchPoint Consulting e analisado em conjunto com a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca. 

Em números: no primeiro semestre, 63% dos artigos em folheto estiveram em promoção, com um desconto médio de 28,8%; quando em igual período de 2023 eram 58,7% os artigos em promoção, mas o desconto médio era de 30,4%. Já em 2022 o desconto estava na casa dos 32%.

Em comunicado, enviado esta segunda-feira às redações, a Centromarca assinala uma troca de fenómenos: "Num contexto mediático e social muito marcado pela inflação, os consumidores depararam-se com fenómenos como a 'reduflação' – quando o preço se mantinha, mas a quantidade de produto na embalagem diminuía - e, agora, os dados apontam para uma 'promoflação': um aumento indireto do custo real dos produtos, impulsionado pela redução da frequência ou do valor dos descontos. Como resultado, pode criar-se no consumidor a ideia de que está a beneficiar de promoções, quando, na realidade, acaba a gastar mais para adquirir os mesmos produtos".

Além disso, indica, a análise também demonstra uma crescente aposta na estratégia dos folhetos promocionais, com os retalhistas a incluírem cada vez mais produtos nestas peças de comunicação. Se em 2022 eram, em média, 598 os artigos apresentados em cada folheto, esse número aumentou para 657 em 2023 e para 662 no primeiro semestre de 2024, especifica.

"O aumento generalizado de preços e o decréscimo do poder de compra têm contribuído para que, no momento de compra, o fator preço seja cada vez mais determinante", diz o diretor-geral da Centromarca, Pedro Pimentel, citado na mesma nota, apontando que "a pressão em torno desse fator leva a estratégias de comunicação cada vez mais centradas em descontos e promoções, o que requer atenção redobrada do lado dos consumidores".

"Este cenário reflete uma adaptação estratégica dos retalhistas à sensibilidade dos consumidores face ao preço, aproveitando o poder das promoções, enquanto simultaneamente minimizam os seus impactos nos descontos reais" afirma, por seu lado, Armando Mateus, da TouchPoint Consulting. "A 'promoflação' pode, assim, gerar uma ilusão de poupança, o que exige uma maior literacia financeira por parte dos consumidores para que possam tomar decisões de compra mais informadas e evitar gastos excessivos, mesmo quando acreditam estar a beneficiar das promoções", reforça.


O estudo "Promoflation: Realidade ou Mito?", realizado pela TouchPoint Consulting, analisou 1.685 folhetos promocionais de 13 grandes cadeias de retalho em Portugal entre janeiro de 2022 e junho de 2024, totalizando mais de 1 milhão de artigos avaliados.

E "para avaliar o impacto das promoções no comportamento do consumidor, identificar tendências promocionais no mercado de retalho alimentar e não alimentar e definir a relevância do conceito de "promoflation" no contexto atual, a análise focou-se na presença, tipos e descontos médios das promoções, categorizando os artigos por tipo de promoção, marca (própria versus a de fabricante) e categoria de produto", explica o mesmo comunicado conjunto.

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