Notícia
Endividamento das famílias baixou mas sobretudo porque os mais velhos pagaram a casa mais cedo
O montante total dos empréstimos para a habitação tem vindo a baixar, mas são sobretudo as famílias mais velhas que se estão a libertar do peso das dívidas.
O stock total dos empréstimos à habitação tem vindo a cair. Foi preciso chegar a Dezembro de 2017 para encontrar um único mês, durante mais de dois anos, em que o valor total dos novos empréstimos pedidos para a compra de casa superasse as amortizações. Mas este desendividamento das famílias, analisadas assim como um sector, esconde uma realidade heterogénea: o peso das dívidas está a cair mas sobretudo porque os mais velhos estão a pagar as casas mais cedo do que o previsto. A conclusão resulta de um estudo incluído no Boletim Económico de Maio do Banco de Portugal, publicado esta quinta-feira.
"A relativa estabilidade dos saldos agregados da dívida para compra de habitação esconde uma elevada heterogeneidade em termos da evolução da dívida por devedor", lê-se no relatório. "Na maioria dos casos os devedores que contraem novos empréstimos à habitação e os devedores que efectuam reembolsos significativos deste tipo de crédito não coincidem, sendo os primeiros ligeiramente mais jovens", continuam os economistas do banco central.
Mais concretamente, olhando para dados desde 2013 e até Setembro de 2017, os devedores que pagaram antecipadamente as casas aos bancos, amortizando na totalidade a sua dívida para a compra de habitação, tinham em torno de 48 anos. Mas os devedores que contraíram um novo empréstimo sem ser na sequência da amortização de um anterior tinham idade média inferior a 38 anos.
O estudo do Banco de Portugal deixa assim um aviso: é certo que o valor total do endividamento das famílias baixou, mas verifica-se "em simultâneo uma redução significativa da dívida na posse de alguns particulares e um aumento significativo do montante de dívida na posse de outros". Mais: quem pagou a casa antes do previsto deveria ter já rácios de endividamento mais baixo, por serem maioritariamente devedores mais velhos.
Os dados sugerem que os pagamentos antecipados das casas aos bancos não estão a ser feitos para contrair um novo empréstimo à habitação de seguida - ou seja, não parecem ser motivados pela troca de casa ou de banco. O Banco de Portugal explica que "num contexto de aumento muito significativo dos preços da habitação", as amortizações totais antecipadas podem estar associadas "à venda de imóveis sem envolver a contratação de novos empréstimos para a compra de habitação por parte destes devedores".
Aliás, conjugando os dados do Instituto Nacional de Estatística com o Índice de Preços da Habitação, o peso do número e do valor das vendas de imóveis usados no total das vendas saltou de 63% e 52%, respectivamente, para 85% e 81%.
O estudo do banco central permite ainda concluir que a redução do stock total de crédito à habitação se justifica sobretudo pelos reembolsos antecipados, já que o novo crédito sobe desde 2015 e em Setembro de 2017 já tinha atingido um nível semelhante aos novos créditos contraídos em 2011.
De entre o total de reembolsos realizados em Setembro de 2017, apenas 40% correspondiam a amortizações já previstas nos contratos. 50% diziam respeito a reembolsos totais antecipados - os casos em que os devedores se libertam completamente da dívida - e 10% a reembolsos parciais significativos (mais de 12 vezes o valor da prestação mensal).
"A relativa estabilidade dos saldos agregados da dívida para compra de habitação esconde uma elevada heterogeneidade em termos da evolução da dívida por devedor", lê-se no relatório. "Na maioria dos casos os devedores que contraem novos empréstimos à habitação e os devedores que efectuam reembolsos significativos deste tipo de crédito não coincidem, sendo os primeiros ligeiramente mais jovens", continuam os economistas do banco central.
O estudo do Banco de Portugal deixa assim um aviso: é certo que o valor total do endividamento das famílias baixou, mas verifica-se "em simultâneo uma redução significativa da dívida na posse de alguns particulares e um aumento significativo do montante de dívida na posse de outros". Mais: quem pagou a casa antes do previsto deveria ter já rácios de endividamento mais baixo, por serem maioritariamente devedores mais velhos.
Os dados sugerem que os pagamentos antecipados das casas aos bancos não estão a ser feitos para contrair um novo empréstimo à habitação de seguida - ou seja, não parecem ser motivados pela troca de casa ou de banco. O Banco de Portugal explica que "num contexto de aumento muito significativo dos preços da habitação", as amortizações totais antecipadas podem estar associadas "à venda de imóveis sem envolver a contratação de novos empréstimos para a compra de habitação por parte destes devedores".
Aliás, conjugando os dados do Instituto Nacional de Estatística com o Índice de Preços da Habitação, o peso do número e do valor das vendas de imóveis usados no total das vendas saltou de 63% e 52%, respectivamente, para 85% e 81%.
O estudo do banco central permite ainda concluir que a redução do stock total de crédito à habitação se justifica sobretudo pelos reembolsos antecipados, já que o novo crédito sobe desde 2015 e em Setembro de 2017 já tinha atingido um nível semelhante aos novos créditos contraídos em 2011.
De entre o total de reembolsos realizados em Setembro de 2017, apenas 40% correspondiam a amortizações já previstas nos contratos. 50% diziam respeito a reembolsos totais antecipados - os casos em que os devedores se libertam completamente da dívida - e 10% a reembolsos parciais significativos (mais de 12 vezes o valor da prestação mensal).