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Costa e Marcelo estiveram alinhados no convite a Centeno

O primeiro-ministro e o Presidente da República estiveram alinhados nos vários contactos feitos junto do governador do Banco de Portugal. Centeno admitiu avaliar, mas Marcelo acabou por optar pela dissolução da AR.

Pedro Nunes / Reuters
10 de Novembro de 2023 às 14:10
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As conversas que existiram para sondar Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, para a possibilidade de suceder a António Costa como primeiro-ministro, num cenário de continuidade da atual maioria, foram sempre articuladas entre o primeiro-ministro e o Presidente da República.

Segundo informação recolhida pelo Negócios, o primeiro-ministro nada fez à revelia do Chefe de Estado e "as conversas que existiram foram sempre do conhecimento de todos os envolvidos", relata fonte conhecedora.

O Negócios sabe que Mário Centeno acedeu a pensar em tal possibilidade caso a opção seguida por Marcelo Rebelo de Sousa fosse a de substituir António Costa pelo governador com uma remodelação profunda do elenco governativo.

Na quinta-feira à noite, à entrada para a comissão política do Partido Socialista, Costa explicou que apresentou o nome de Centeno a Marcelo por entender que "o país não merecia ser chamado novamente a eleições". Costa revelou então que a ideia de convocação de eleições partiu do próprio Presidente, já que o secretário-geral do PS tinha sugerido o nome de Mário Centeno como novo chefe de Governo.

"A solução indicada pelo PS foi apresentar uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado e admirado pelos portugueses, com forte prestígio internacional, que foi o professor Mário Centeno, mas o Presidente da República entendeu que, melhor do que ter uma solução estável e um governo forte e renovado, seria optar por eleições antecipadas", afirmou o primeiro-ministro.

Certo é que, tal como o Negócios avançou, a solução Centeno para a sucessão a Costa não agradou ao Presidente da República, mesmo que numa primeira fase tenha debatido o nome do governador com António Costa. Foram muitas as dúvidas geradas na cabeça do Chefe de Estado, sabe o Negócios, sobre se tal opção política teria legitimidade política, sobretudo depois de Marcelo ter enfatizado, no momento da posse do atual Executivo, que quando Costa saísse devolveria a palavra ao povo.

Tal como o Negócios noticiou, o Presidente da República considerou que a ideia não tinha pés para andar, a começar pelo facto de Mário Centeno nem sequer ser militante do PS, tendo sido suscitadas dúvidas sobre se não acabaria por acontecer o mesmo que se passou com Santana Lopes quando sucedeu a Durão Barroso, em 2004.

Partidos questionam posição de Centeno

Vários partidos políticos têm vindo a questionar o facto de o governador do Banco de Portugal ter sido o nome escolhido para uma eventual solução de sucessão a Costa no governo, sem dissolução.

O PSD foi o primeiro a apontar críticas, pela voz do líder da bancada parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento. À saída da conferência de líderes, na Assembleia da República, o deputado social-democrata enfatizou que "o Banco de Portugal deve ser independente e imparcial".

"Lamentamos profundamente que, se a indicação foi feita e teve a anuência do próprio governador, mostra bem como o governador é um agente político e não tem independência do poder político", frisou Miranda Sarmento.
 
Rodrigo Saraiva, da Iniciativa Liberal, também criticou a proposta socialista, anunciada na quinta-feira pelo próprio primeiro-ministro, dizendo que a saída de Centeno do Banco de Portugal para um governo seria "uma espécie de plataforma giratória inaceitável". Expressão também usada pela líder do PAN, Inês Sousa Real, que contestou a apresentação de uma solução que consubstanciaria "portas giratórias".

 

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