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Centeno avisa para "ciclo de taxas de juro mais elevadas" que se avizinha
O ministro das Finanças insiste nas metas orçamentais que inscreveu no Orçamento, em particular a redução da dívida pública, que diz ser essencial face a um provável aumento das taxas de juro a prazo. Desvaloriza tensão com regras de Bruxelas.
O ministro das Finanças sublinha que até agora cumpriu com todas as metas orçamentais que se propôs e insiste que o país não tem margem para se desviar das metas de défice e dívida pública que inscreveu na proposta de Orçamento do Estado para 2018. É que se o crescimento ajuda e a situação económica europeia deverá continuar a melhorar, com ela chegarão taxas de juro mais elevadas para as quais o país tem que estar preparado, defende Mário Centeno.
"Sabemos que vem aí tempos melhores para a economia europeia, mas virão associados a um ciclo de taxas de juro mais elevadas", afirmou o ministro das Finanças na segunda-feira, dia 13 de Novembro, acrescentando que "o ciclo de taxas de juro baixas vai ser alterado e não podemos chegar a esse momento sem ter a dívida publica a cair".
O BCE prolongou o programa de compra alargada de activos até Setembro do próximo ano e vários analistas apontam para uma subida de juros algures em meados de 2019. E é para se posicionar face a essa alteração - que forçará uma despesa superior com juros, quer do Estado, quer das famílias - que o responsável pela pasta das Finanças diz apresentar uma "projecção prudente" de défice de défice de 1,4% do PIB para 2017 e 1% para 2018 e que aponta para uma "redução gradual mas consistente de 130% do PIB, para 126% em 2017 e 123% em 2018". Isto com um "aumento da despesa publica moderado", de 2,4% em 2017 e 1,9% em 2018, "sempre inferior à taxa de crescimento nominal da economia" que garante sustentabilidade à situação orçamental nacional.
O ministro das Finanças falou na abertura da conferência anual da Ordem dos Economistas, que se dedica a analisar o Orçamento a poucos dias de 17 de Novembro, a data limite para entrega de propostas de alteração de alteração no Parlamento.
No seu discurso, Mário Centeno defendeu o documento e sua capacidade de execução nos últimos anos, pelo rigor e estabilidade que terão oferecido confiança ao sector privado, defendeu. Considerou ainda que a redução do IRS é uma reforma estrutural que ajuda a criar emprego e a estimular a poupança, assim como o é o descongelamento das carreiras de 550 mil funcionáriosa partir do próximo ano. Centeno respondeu ainda aos que criticam o facto do investimento público de 2017 ter ficado abaixo do previsto há um ano, afirmando que a avaliação deve levar em conta os gastos com a recapitalização da CGD.
A terminar, Centeno respondeu também aos que o criticam por não aderir às regras europeias: "Não devemos esquecer como é difícil a trajectória de uma economia em desalavancagem. Consegui-lo num contexto de crescimento, de consolidação orçamental e de aumento da população activa, requer um pouco mais que seguir um manual europeu de supostas boas práticas orçamentais", afirmou.