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Centeno avisa para "ciclo de taxas de juro mais elevadas" que se avizinha

O ministro das Finanças insiste nas metas orçamentais que inscreveu no Orçamento, em particular a redução da dívida pública, que diz ser essencial face a um provável aumento das taxas de juro a prazo. Desvaloriza tensão com regras de Bruxelas.

Miguel Baltazar/Negócios
13 de Novembro de 2017 às 11:00
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O ministro das Finanças sublinha que até agora cumpriu com todas as metas orçamentais que se propôs e insiste que o país não tem margem para se desviar das metas de défice e dívida pública que inscreveu na proposta de Orçamento do Estado para 2018. É que se o crescimento ajuda e a situação económica europeia deverá continuar a melhorar, com ela chegarão taxas de juro mais elevadas para as quais o país tem que estar preparado, defende Mário Centeno.

 

"Sabemos que vem aí tempos melhores para a economia europeia, mas virão associados a um ciclo de taxas de juro mais elevadas", afirmou o ministro das Finanças na segunda-feira, dia 13 de Novembro, acrescentando que "o ciclo de taxas de juro baixas vai ser alterado e não podemos chegar a esse momento sem ter a dívida publica a cair".

 

O BCE prolongou o programa de compra alargada de activos até Setembro do próximo ano e vários analistas apontam para uma subida de juros algures em meados de 2019. E é para se posicionar face a essa alteração - que forçará uma despesa superior com juros, quer do Estado, quer das famílias - que o responsável pela pasta das Finanças diz apresentar uma "projecção prudente" de défice de défice de 1,4% do PIB para 2017 e 1% para 2018 e que aponta para uma "redução gradual mas consistente de 130% do PIB, para 126% em 2017 e 123% em 2018". Isto com um "aumento da despesa publica moderado", de 2,4% em 2017 e 1,9% em 2018, "sempre inferior à taxa de crescimento nominal da economia" que garante sustentabilidade à situação orçamental nacional.

 

O ministro das Finanças falou na abertura da conferência anual da Ordem dos Economistas, que se dedica a analisar o Orçamento a poucos dias de 17 de Novembro, a data limite para entrega de propostas de alteração de alteração no Parlamento.

 

No seu discurso, Mário Centeno defendeu o documento e sua capacidade de execução nos últimos anos, pelo rigor e estabilidade que terão oferecido confiança ao sector privado, defendeu. Considerou ainda que a redução do IRS é uma reforma estrutural que ajuda a criar emprego e a estimular a poupança, assim como o é o descongelamento das carreiras de 550 mil funcionáriosa partir do próximo ano. Centeno respondeu ainda aos que criticam o facto do investimento público de 2017 ter ficado abaixo do previsto há um ano, afirmando que a avaliação deve levar em conta os gastos com a recapitalização da CGD.
 

"A proposta tem incorporada a segurança de quem cumpriu com todas as metas com que se comprometeu" afirmou, acrescentando que "apenas são assumidos compromissos sustentáveis, seja nas políticas sociais, seja no investimento". Na sua perspectiva "é muito interessante assistir ao debate acerca da suposta falta de investimento público num ano em que Portugal fez o maior investimento público da sua história num banco", reclamando a importância de voltar a ter a CGD em situação financeira confortável.

A terminar, Centeno respondeu também aos que o criticam por não aderir às regras europeias: "Não devemos esquecer como é difícil a trajectória de uma economia em desalavancagem. Consegui-lo num contexto de crescimento, de consolidação orçamental e de aumento da população activa, requer um pouco mais que seguir um manual europeu de supostas boas práticas orçamentais", afirmou.

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